Atravessei
o corredor empurrando e desviando de um grande número de pessoas, que se
amontoavam pelos cantos do meu apartamento. Inconvenientes.
Estava muito, muito brava. Não sei se a culpa era da quantidade absurda de
álcool contida em mim ou se era pura frustração. De um jeito ou de outro, eu
estava realmente irritada e a festa, de repente, se tornou uma zona ridícula e
insuportável.
Almejei
que todo mundo fosse imediatamente embora e me deixasse sozinha. No entanto, a
cada passo que eu dava, eu trombava com algum exemplo completamente bêbado de
que o meu desejo não havia sido atendido. Ainda eram 3 da manhã e eu sabia que
ninguém ia deixar a droga daquela festa até a dali, pelo menos, uma ou duas
horas. Maldição. Me dirigi até a
sala, mas logo percebi que aquele era o cômodo mais lotado da casa toda e eu
não queria ficar ali. Então, fui até a cozinha. Com uma certa dificuldade.
Sentei
em cima da pia, rodeada de amigos e semi-conhecidos, torcendo mentalmente para
que ninguém viesse me encher o saco. O
primeiro babaca que vier falar comigo, morre, jurei a mim mesma. Pelo bem da minha reputação como
anfitriã e também da minha ficha criminal, quem apareceu foi o Gui – e eu não
estava disposta a matá-lo. Afinal, ele era o meu melhor amigo.
_Já
recuperou o bom senso? – ele zombou, se aproximando do ser rabugento e
antissocial que eu era naquele momento.
_Não quero falar sobre isso – respondi, irritada, pegando o copo de uma bebida não-identificada qualquer que estava na sua mão e empurrando seu conteúdo garganta abaixo, de uma só vez.
_Nossa! O que foi? – ele riu – Tomou um fora?
_Não.
_Ah, admite! Eu sei que foi, olha como você está bravinha – ele ria ainda mais –, um pouco de humildade faz bem... viu, ô Sra. "Eu Sou Irresistível".
_Já disse que não foi isso, porra.
_Então você quer me convencer de que seu plano mirabolante deu certo? Que você conseguiu tudo o que você queria?
_Não quero falar sobre isso – respondi, irritada, pegando o copo de uma bebida não-identificada qualquer que estava na sua mão e empurrando seu conteúdo garganta abaixo, de uma só vez.
_Nossa! O que foi? – ele riu – Tomou um fora?
_Não.
_Ah, admite! Eu sei que foi, olha como você está bravinha – ele ria ainda mais –, um pouco de humildade faz bem... viu, ô Sra. "Eu Sou Irresistível".
_Já disse que não foi isso, porra.
_Então você quer me convencer de que seu plano mirabolante deu certo? Que você conseguiu tudo o que você queria?
Não tudo. O Gui levantou
a sobrancelha, como se duvidasse de mim, e aquilo agravou ainda mais a minha
impaciência.
_Consegui, Guilherme. Consegui até mais do que eu queria.
_Ui... Cuidado para não morrer de tanta felicidade, hein? – ele riu.
_Vai se foder.
Levantei
e saí esbarrando no ombro do Gui, irritada, indo em direção ao inferninho que
havia se tornado a minha sala. No caminho, descolei uma garrafa semi-cheia de
vodka barata e resolvi me embebedar ainda mais – o que nunca é uma boa ideia
quando o seu estado emocional se encontra arregaçado, destruído, rasgado em mil
pedaços e largado no meio de uma pilha enorme de lixo. Bom, pelo menos eu fui
sensata o suficiente para recusar cocaína no meio do caminho. Isso, sim, teria sido uma péssima ideia
naquele momento.
Algumas
horas ou minutos depois, eu me encontrava jogada no chão da sala, sentada de
costas para a parede, quase apagando de tão chapada. Não me recordo bem o que
me levou até aquele canto infeliz, mas tenho uma vaga lembrança de ter
encontrado a Mia no meio do trajeto. Ela não estava falando comigo,
aparentemente. Não que eu quisesse. A
única pessoa que estava, naquele momento, era a Aninha.
Sabe
se lá como, mas aquela garota me achou no meio de todas aquelas pessoas e agora
estava sentada ao meu lado, tagarelando incessantemente e me dando indiretas – bem diretas – de que queria me levar
para o quarto. Aquilo estava me causando uma séria dor de cabeça. Ou talvez
fosse a vodca de R$ 4,99. Não sei ao certo.
Vencida
pela exaustão e pela minha incapacidade completa de raciocinar, concordei em ir
"conversar" num lugar mais reservado com a Aninha. Eu vou me arrepender disso, lamentei
enquanto me levantava, me apoiando na parede. Minha ex-semi-fixa-sei-lá-o-que-ela-é
me olhava empolgada, alheia à minha cara de poucos amigos e satisfeita com a
sua pequena vitória. Mal consigo ficar em
pé e a garota realmente espera que eu coma ela nesse estado, eu pensei.
E
comecei a rir sozinha. Ela devia estar pior do que eu.
4 comentários:
"Ui... Cuidado para não morrer de tanta felicidade, hein?"
Nessa hora eu ri muuito :)
;**
Nossa velho!!!Haahahah
"Mal consigo ficar em pé e a garota realmente espera que eu coma ela nesse estado, eu pensei e comecei a rir sozinha, ela deve estar pior do que eu." Hahahaha imagino sua cara!
Nossa como vc é dramatica!
Da primeira vez que li, achei que tinha sido caridade (da fm para com a Aninha)... Mas não, foi bebia aliada a insistência da Aninha!
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