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fevereiro 01, 2010

Old school

Na quinta-feira, foi a comemoração do aniversário do Marcos. O cara era um dos melhores amigos do Fer – nós três estudamos juntos desde o fundamental – e esse era um dos únicos motivos que me fariam pisar num barzinho hétero da Vila Olímpia por escolha própria. Poucas coisas nesta vida me dão mais preguiça do que os publicitários e os jovens empresários da Berrini amontoados em um só lugar. Cruzes.
 
Pra variar, eu estava sem grana para comprar um presente. Então descolei uma fotografia cool nas sobras do estúdio e escrevi um pequeno depoimento – de coração – por cima da imagem, usando-a como cartão. O Fer passou para me pegar no trabalho e fomos de carro até lá. Ao contrário de mim, ele levava um pacote quadrado e fininho embrulhado no banco de trás. Algum vinil raro, presumi. Depois do Fernando, o Marcos era provavelmente o segundo maior colecionador entre nossos amigos.
 
Chegamos com um atraso significativo no bar, ainda que eu e o Fer tivéssemos nos empenhado em afugentar todos os pedestres e demais motoristas do nosso caminho – com palavrões, berros e gestos obscenos. É. O Fer era um tanto quanto “esquentado” no volante e eu me juntava aos resmungos só por diversão. Mas, apesar das muitas buzinas, a nossa entrada triunfal no aniversário só aconteceu quase uma hora após o início do happy hour.
 
A mesa estava lotada. Aquilo parecia uma viagem ao passado – incluindo todas as garotas que eu havia corrompido durante o colegial, agora sentadas ao lado dos seus respectivos namorados. Também estavam lá todos os nossos amigos antigos, ex-punks convictos e atuais assalariados responsáveis. Ou quase.
 
Com exceção do aniversariante da noite e alguns poucos aqui ou ali, a maioria não me interessava muito. O Fer, por outro lado, se mostrou rapidamente interessado na garota sentada ao seu lado – a idiota da Júlia, uma ex-namorada pegajosa que ele não via há um tempo e de cuja existência me recordei com bastante desgosto. Era um antigo “grande amor” do Fer que tentou afastar ele de todas as suas amigas mulheres, o que me incluía. Para piorar, a infeliz tinha se tornado uma dessas minas indie, sabe, com alargadores pequenos e o corte de cabelo Playmobil. Que ranço.
 
Começamos a beber e, por algum tempo, as conversas saudosistas na mesa me distraíram. Mas algo começou a me incomodar.

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