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outubro 18, 2010

Dez pras doze

_Cê vai beber ou vai só olhar a noite inteira?
_Ahn? – virei para a garota ao meu lado, uma loira de quem eu mal lembrava o nome, sem ter escutado direito o que ela falou.
_A tequila – ela riu, parecendo mais interessada em mim do que na resposta – Cê vai beber ou vai só olhar?!
 
Ah... isso, me lembrei. Tirei o copo da mesa na mesma hora e virei rapidamente, meio rabugenta, enquanto a garota me olhava, flertando descaradamente. Tô velha pra pegar essas minas nada a ver em boteco, refleti, conforme descia o copo de volta à mesa. E não era nem idade a questão, mas o mais puro saco cheio. De toda aquela merda. Sempre a mesma merda. Por aí pegando qualquer mina dessas, essas, com quem eu não tinha uma porra duma coisa em comum. É, você mesma, olhei para a garota ao meu lado e ela sorriu, aí tentando puxar assunto com a única pessoa da mesa que não tá te dando bola. A mina era irritantemente desinibida – fosse para ficar encostando na minha perna toda vez que começava uma porra duma frase ou para ser arrogante com o garçom, que nem uma babaca. E eu não estava com paciência para aquilo.
 
_Cê veio sozinha? – ela insistiu, aproveitando o embalo, agora que eu não estava mais hipnotizada pelo meu copo.
_Tô com a Lê aí... – resmunguei, incomodada com o barulho de fundo do Vitrine, e senti o álcool correr pesado pelo meu cérebro.
 
Que se foda. Virei para o lado para chamar a minha amiga, que se ocupava do outro lado da mesa com a boca, a língua e a camiseta pólo de outra garota da qual eu também não sabia o nome. De todas ali, só me eram conhecidas a Lê e mais duas, que estavam sentadas bem mais para lá, numa mesa de talvez quinze meninas – a maioria sapatão. Uma delas eu já tinha pegado, anos antes, e tinha certeza que não queria papo algum com a minha cara de pau. A outra era uma conhecida dos tempos áureos do Setentinha e que não estava perto o suficiente para engatar uma conversa saudosista.
 
Restava, portanto, eu e a porra da mina do meu lado – que não calava a boca agora, depois dos nossos três segundos e meio de contato visual.
 
Inferno.
 
_Vamos?! – perguntei sem paciência, assim que ganhei a atenção da Lê, entre um beijo e outro de puro consolo pós-pé-na-bunda.
_Vamos pra onde, meu?! – a Lê riu, desligada.
 
Vi as mãos da garota puxando-a pela camiseta, numa ânsia de aproveitar a noite, e senti que não teria chance alguma de competir com aquilo.
 
_Sei lá, mano... Qualquer lugar, tô de porre de ficar aqui!
 
“Não”, óbvio. Sequer estava com esperanças de realmente dar o fora dali, conforme deixei escapar a minha última frase, por mero capricho ou birra. O garçom chegou com mais uma cerveja para a mesa – e fiz questão de ser exageradamente simpática para compensar a desagradável ao meu lado. Deixou uma Original na minha frente. Ah, enfim. Enchi o copo e o meti na boca, me afundando na cadeira, de saco cheio de ficar no Vitrine. Na porcaria do Vitrine. Ou em qualquer lugar, mas que merda.
 
O fato é que todos os rolês andavam me entediando – a não ser os com a Mia. E eu assistia o resto do mundo perder a graça, progressivamente, e ia resistindo estupidamente, sentada ali, na minha teimosia alcoólatra. Terminei o copo o quanto antes, ainda ignorando a garota ao meu lado, e apanhei o maço para ir fumar do lado de fora.
 
Qualquer coisa que me tire daqui.

5 comentários:

Isa disse...

HAHAHAH, muito FM essa parada de ficar olhando pro copo e ignorando a mina.

Carime :) disse...

hahahaha, posso compreender! :p

Unknown disse...

:O Dispensando uma pegação. O lance é mais sério do que imaginei, rs.

Marina disse...

":O Dispensando uma pegação. O lance é mais sério do que imaginei, rs." rolei de rir haushuashaus

Anônimo disse...

Porra...

Coitada da mina alksmalksmalksm.......

Só pq é loira? aushausha...

Brink's

O negócio ta sério com a FM!

uiui...