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junho 24, 2011

In the Big Machine now

Empilhei, com certa dificuldade, o quinto copo por cima de uma fileira com outros quatro. O Fer virava mais um e a gente tentava esvaziar os seguintes, o quanto antes, para ver quem completava a pirâmide. Shots de tequila. Argh. A aposta mais idiota que alguém podia fazer numa balada, longe de casa e sem carro – onde eu tava com a cabeça, mano? Aproximei mais um copo da minha boca e senti o meu fígado estômago se contorcer numa ânsia de quem não aguenta mais uma só gota. Já tô bêbada demais, puta merda. Os outros moleques gritavam no meu ouvido e metade dos desconhecidos à nossa volta assistiam à disputa, achando graça.
 
Suspirei. E virei de uma vez aquela droga.

Puta que pariu. Senti tudo me voltar até o topo da garganta. Apoiei as duas mãos na mesa, respirando fundo, e tentei me concentrar em não vomitar. O idiota do Rafa Benatti – o único idiota a topar enfrentar eu e o Fer naquela babaquice – assoprava pesado no ar ao meu lado, numa pausa semelhante à minha. Já estávamos todos no limite. Eu precisava beber pelo menos mais dois shots, seriamente perigando uma manhã toda com a cara enfiada na privada, se quisesse vencer.
 
Encarei a tequila, ali sentadinha dentro do copo, à minha espera. Que se dane. E virei mais um. Fechei os olhos, os apertando numa careta. Desgraça. Minha cabeça caiu entre os meus braços, apoiados naquela mesa no meio dum dos muitos quartos da Trackers. Vou gorfar, caralho, v-vou, vou desmaiar. Puta que pariu. Olhei pro lado e o Fer balançou a cabeça, me encarando de volta, como quem arrega silenciosamente – a gente não ia conseguir. Sem chance. O primo do Benatti batucava nas paredes, exaltado, o encorajando a virar o último copo. Só faltava um para terminar a droga da pirâmide. E quem virasse, ganhava – os perdedores pagavam a conta. 
 
_Não rola, velho... – o Fer murmurou, encarando o shot e arregalando os olhos em desespero.
 
Os meus não desgrudavam da tábua da mesa, sentindo me revirar tudo por dentro. Não. Não ia dar. Eu ia realmente passar mal e, cara, não vai ser bonito. Que brincadeira mais imbecil, pensei. Não conseguia lembrar quando beber assim se tornara tão normal para a nossa geração. O Fer deu dois passos para trás, com as mãos para cima, desistindo. Restava só eu e o Benatti – a última dose oscilava, intragável, diante dos nossos olhos embriagados. Não. Não dá, porra. Bati as mãos na mesa, entregando o jogo também.
 
E num impulso estúpido, o nosso corajoso oponente pegou o copo e virou de uma vez. O primo entrou em surto. Comemorando aos berros, com xingamentos “amigáveis” a mim e ao Fer, nos ofendendo, enquanto quase sufocava o Benatti num abraço apertado de bêbado. Os moleques o sacudiam e batiam nas paredes, declarando a vitória. Eu estava tão nauseada que sequer conseguia achar graça naquilo, me virando para o Fer, embrulhada:

_Preciso de uma Coca, pelo amor de deus – pedi e ele me abraçou de lado para me levar até o bar.

Mas nos perdemos no meio do caminho. Ops. E os minutos seguintes foram permeados por náusea e risos e gritos um tanto desnecessários, pelo som alto estourando nossos ouvidos, a pista lotada demais, numa velocidade descomunal dos fatos, merda, numa sequência confusa e nuns flashes bêbados de memória, as batidas graves dos amplificadores, dançando, inebriada, sem nem saber onde estava, tomei um quarto de doce, não sei nem de que mão peguei, as luzes pintavam todo mundo de vermelho e preto e aí um cara pintou a minha cara com uns riscos de guache, completamente fora de mim, me agarrei com uma mina, que em seguida beijou o Fer, os dois se enroscaram contra uma das paredes, as pontas dos meus dedos passeavam soltas pelo ar, uma multidão de corpos se esbarrava, eu cambaleava e me apoiava no Fer, agora sem a garota, e a gente ria muito, de absolutamente nada, isto é, sacudíamos a cabeça e a minha pressão caía, eu esfregava a mão na cara, toda suja de tinta, sentindo um calor desgraçado, eu vou desmaiar, meu estômago se contorcia, beijei mais uma mina, senti a sua boca mordendo a minha e aí, cacete, uns apagões, dançando com os olhos fechados e a boca entreaberta, a cabeça rodando, caí em cima das pessoas, o Fer ria, que horas são, caralho, meus olhos deslizavam pelo teto todo pichado, sem sentir mais meus pés e eu, e-eu...

...

7 comentários:

Anônimo disse...

ahh \o/ enfim um novo post ;D, mtoo bom por sinal ;D e ai quando virão os proximos?? o.O

Lu disse...

Tks!

Aléxia Carneiro disse...

sempre muito bom s2s2s2s2

Ma disse...

Ai que saudaaaaade eu taaaava! *-*
Ahhhh. E gostei muito disso quase como era antes! hahahaha E a FM meio que superando as coisas... Ok, do jeito dela! heheheheh mas eu também sentia saudades disso.
GENTE, QUANTO MIMIMI HAHAHAHA
Continue, continuue! Mais post! Maismaismaismais! Hahahaha

Aaaaaah. E vii que tá de twitter novooo!
Booooa! Amei!

Beijobeijo! ;*

'duuda disse...

ai que saudade desses posts...
me sinto completa novamente!
hahahaha
quero maisss :D

sissi disse...

Sabe quando leio um post teu, encontro um pouco do que leio nele(L.F.verissimo,M.Medeiros,M.Scliar,C.F.Abreu).Parabéns

Anônimo disse...

Drinks pra esquecer! YEAH!