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dezembro 13, 2012

¡Al centro!

_Vem, porra... – me dizia no ouvido.
 
Já vai. Três horas antes eu não conhecia ninguém naquela festa e agora me entrosava com meia dúzia de sapatonas, em meio àquele caos ensurdecedor. Numa inconsciência alcóolica, os risos exagerados e as trombadas inertes, o ritmo frenético. Com avidez, as mãos da Clara me puxavam pela lateral da regata. E eu tinha os meus dedos entremetidos na parte mais cheia das suas coxas, a sentindo me apertar, enquanto a minha atenção se voltava toda para a conversa.
 
Nos observavam conforme eu tagarelava, merda atrás de merda, como se em duas realidades concomitantes – ali, entre seis, sete meninas e sendo agarrada na lateral. A Clara subia pelo meu pescoço, já fora de si. A música no ambiente aumentava progressivamente e o calor me fazia suar cada dose de tequila que eu virava. Uma atrás da outra, elas continuavam vindo. As perguntas também. Sequer sabia mais o que estava metendo na boca. Ou pelas narinas. A Clara me pedia para desacelerar e eu ignorava. Aí ouvia as garotas gritarem, aos risos, perdendo trechos inteiros da conversa, meio atordoada. Com o foco todo confuso. A verdade é que a decência já havia deixado aquele apartamento há pelo menos duas horas. Minha namorada se apertava contra mim, com os lábios esfomeados e as pernas inquietas. Ia se contorcendo, me tirando do sério – mas eu continuava falando, insaciável.
 
_O câncer de São Paulo são essas porras desses alternativos de merda, cara! Com dinheiro e um bando de piadas internas com os seus coleguinhas de agência, vai se foder! Se acham originais pra caralho... – senti meu coração disparar, conforme vomitava um resmungo atrás do outro e ria, junto com as garotas – ...me dá asco, mano. Asco! Acharem que a Augusta agora é isso, rolêzinho de publicitário hétero, e as baladas aí cobrando setenta na porta, porra.
_Ah, não. Meu! Na agência que eu trampo é uma galera muito sussa... – uma das garotas rebateu.
 
Argh, ela era exatamente o tipo de pessoa a quem eu me referia, bêbada de vodka com suco de morango num vestido de 400 conto da Antix e meia tatuagem em linha fina no antebraço, dessas roubadas do Tumblr.
 
_Mano! – pisquei na sua direção, a provocando – Silêncio aí, vai! Ninguém te chamou pra defender sua classe!
_Cala a boca você! – ela riu.
_São todos uns merdas, cara. Sem exceção... – a interrompi e abaixei a cabeça, no segundo seguinte, sentindo minha pele esquentar de dentro pra fora – ...mano, que porra, tá muito quente aqui.
 
Droga. Começava a sentir a combinação me tirar a consciência. O coração acelerado, o ego disparado. Fazia mais de um ano que eu não pegava tão pesado assim. Inferno. A Clara me persuadia, grudada no meu pescoço, com a mão metida por debaixo da minha regata, enquanto eu falava. E as minhas palavras se atropelavam, perdiam-se confusas, nuns lapsos de puta-merda-essa-garota-sabe-o-que-tá-fazendo antes que eu retomasse a minha linha de raciocínio e conseguisse voltar ao que estava dizendo. O que era mesmo?
 
Uma das garotas me respondia, empolgada, na ponta de um sofá do outro lado. E a namorada dela me encarava com desprezo, afundada amargamente no encosto. Eu não calava a boca. Sequer sabia o que estava dizendo mais, contando casos intermináveis, entre um cigarro e outro aceso, fazendo graça com a minha boca suja, rindo das histórias das outras sapatonas – interagindo meio irracionalmente, assim, sem nos conhecer direito. Os dedos da Clara subiam impacientes, se afundando na lateral do meu corpo. Me beijava a nuca. E então deslizava pelo meu rosto, interrompendo meus lábios com os seus. O que eu...?, me perdi na sua língua, de repente, sem nem chance de pensar a respeito.
 
Aí perdi mesmo a noção do que estava acontecendo. E afundei em seu gosto pelo que me pareceram minutos infindáveis naquela poltrona. O que..., a beijava de volta, caralho. Sentia como se a gente fosse se comer ali mesmo. E tinha a minha regata tirada em meio a desconhecidas numa sala lotada, com as luzes apagadas, a agarrando agora só de jeans naquela poltrona, com os meus peitos de fora e a Clara sentada no meu colo, pressionada contra o meu corpo. Sem sequer saber como tínhamos começado aquilo. Cacete. Saía totalmente do controle.
 
Alguém passou por trás da poltrona e nos deu um tapa na cabeça. A Clara ergueu o dedo do meio, sem ver quem era, me beijando. Incansável. Eu a mordia entre seus beijos, sem dar a mínima para o que acontecia além do alcance das minhas mãos. Erguendo seu vestido até a sua cintura. A segunda pessoa passou, nos provocando, e a Clara revirou os olhos – desmontou do meu colo, de uma só vez, e me puxou pelo passador do cinto através da sala. E até o corredor. Aí nos enfiamos, às agressões, no quarto da tal da Natali. E transamos na cama da garota; sobre a colcha, contra o armário, sabe-se lá. Só restavam flashes na minha memória e hematomas pelo meu corpo. Nuns estranhos espasmos de consciência. E quando deixamos o quarto, eu já não fazia ideia de onde porra tinha deixado a minha blusa.
 
Saímos uns quarenta, cinquenta minutos depois, não sei, descabeladas e amarrotadas. E aí cruzamos caminho com a anfitriã, que nitidamente não ia com a minha cara – e ela segurou a Clara. “Você quer me explicar o q...”, ouvi apenas o começo da frase emputecida, conforme seguia adiante para me sentar no sofá. Com os peitos ainda de fora, sentindo a minha cabeça doer. Não sabia direito o que fazer com as mãos, as pernas. Soltei o corpo todo contra o encosto, afundando-me ali, já fora de mim. Não tinha comido nada o dia inteiro além de meia salada no set e o hambúrguer que a Mia me levou às 5 da tarde. Talvez não tenha sido a melhor estratégia, portanto, encher o cu de pó e bebida – mas sabe quando cê tá meio na merda e começa a implorar pra dar um ruim tão grande que te tire do lugar? É.
 
Peguei o celular em mãos, com certa dificuldade. Eram 2:13. O visor marcava os números numa luz forte, que me incomodava os olhos. Cacete. Tinha uma mensagem não lida, enviada pelo Fernando horas antes quando eu ainda tava no táxi, trocando ideia com ele sobre o lance da Marina. Só que não tinha visto aquela. Então a abri – “mas sdds, mano. Me liga de vz em qdo, porra!”. Terminei de ler e achei graça.
 
_Hum... – comentaram, ao meu lado – ...quem é essa tal de “Fer” aí?
_Hein?! – ergui a cabeça, sem entender, e notei uma das garotas que estava na roda uns tempos antes sorrindo pra mim, com uma camisa quase transparente e um black power – Como é?
_Eu perguntei... – ela riu, repetindo – ...quem é “Fer”?
_Mas... – estranhei a pergunta, ainda chapada e achando graça; aí a observei por um instante e, caralho, preciso parar isso por aqui – ...p-por quê?
_Só curiosidade. De saber quem ganhou esse sorriso aí...

16 comentários:

Nah Jereissati disse...

Que post mais gostosinho de ler <3
Adoro o jeito da Clara quando quer uma coisa. Ela vai atrás e dane-se. Principalmente se essa coisa for um, digamos, "desejo". E adoro a dinâmica e a cumplicidade que as duas têm juntas. Consegui me sentir dentro do post.
Tá de parabéns, Mel, cê consegue fazer o Fucking Mia ficar cada vez mais impregnado na gente. <33

Unknown disse...

Post gostoso, delicinha e digno de aniversário!

Anônimo disse...

que instiga, kd padêeeeeee

Pathy disse...

E não é que tu colocou a mina de black power?! hahahahahaha Muitoamor
<3

Post sensacional e totalmente indecente! A.M.O ♥

P.S.: #FuckingMia3Anos \0/ \0/

Bruna disse...

Parabéns F.M.!!!!
Post delicinha mesmo pra comemorar! ;)

Juliana Nadu disse...

hahahahahahahah imagine o tal do meu sorriso como não deve estar? Vc não precisa imaginar né? vc sabe perfeitamente!!! hahaahhhaha

hummmm elas vão se pegar? shaushasa

vc sabe que odeio spoilers, mas to curiosa pow!! \o

@livia_skw disse...

Post delícia de aniversário! <3

Hmmm, todo mundo focou na menina do black power e ninguém tá percebendo que a Natali/Natália tá morrendo de ciúmes da Clara ter levado a FM na festa? Eu acho que tem um caso antigo aí....

Ianca' disse...

Ai Júlia hahahaha
Que post imprestável <3
Delicia!

Anônimo disse...

A menina tá morrendo de ciúmes da Clara. Post digno de FM! <33

Anônimo disse...

ADOREI!! Amo post assim...kkkkk
Vlw Mel!! O encontro te deixou inspiradíssima hein...tem que rolar sempre...
(ANA CURI)

Anônimo disse...

Amando a Clara depois desse post.

Anônimo disse...

FM ficando louca de tequila e padê! Combinação show!
Delícia de post! E sinto que rolará babado e confusão... FM com Black Power e Clara com anfitriã! Hahaha

Anônimo disse...

To me achando depois disso aí que você falou sobre meninas black power, apenas hahahahaha brincando :P

Anônimo disse...

mimimi quero mais Mia
Mas a fexxxta esta otima

Ianca' disse...

Cadê post novo? Desespero bateeeeeeeeendo!

Desastres em Miniatura disse...

oh a julia ae hahahahahahah curti