março 18, 2010

Sem maldade

_...com o dedo do meio, aí cê junta os dois lados com o dedão e o indicador.
_O indicador no meio?
_Não, Marina, o dedo do meio! O indicador abre o da direita e o dedão empurra o da esquerda. O dedo do meio fica por baixo, no meio dos dois fechos.
_Isso é muito complicado...
_Não é, não. Você que não tá juntando direito, assim não vai rolar nunca! Tenta de novo.
_Ai, não vai! Como cê consegue?
_Me dá sua mão, eu te ajudo – eu ri – É tipo estalar os dedos... Pronto! Viu?
_Meu deus. Isso é fantástico!
_Agora só precisa treinar... – pisquei para ela.
_Ahh, deixa eu fazer de novo em você?
 
E lá se iam, horas e horas pela madrugada, na sala da Marina. Algum tempo antes, por insistência minha, saímos para comprar cerveja num supermercado próximo e agora estávamos incrivelmente bêbadas. E seminuas – sentadas uma na frente da outra no sofá. E antes que me acusem de qualquer coisa: não aconteceu nada. Eu estava ensinando a técnica milenar – ou bom, sei lá – de se tirar rapidamente o sutiã com uma mão só. Por motivos meramente didáticos, a minha camiseta teve que ir pro chão. Junto com o vestido dela.
 
Após alguns minutos de prática, a Marina finalmente pegou o jeito. Fechei o meu sutiã pela trigésima vez e acendi um cigarro, me encostando no sofá com a cabeça pra cima. Mia. Imediatamente ela voltou aos meus pensamentos. Fechei os olhos, na tentativa de esquecê-la. Mia. Mia. Mia. Mia. Mia. Mia. Respirei fundo. Droga. Por mais que eu tentasse tirá-la da cabeça, ela continuava ali. Toda maldita vez. Olhei para o lado e me deparei com a Marina, que me observava com carinho. Ela bem sabia o motivo daquela minha cara de cansaço.
 
_Não se preocupa. Vai ficar tudo bem... – sorriu, passando a mão no meu braço.
 
Olhei para ela, sem acreditar muito.
 
_Eu não devia ter respondido – fui para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e tragando mais uma vez – Eu não devia ter dito nada, só aparecido lá amanhã.
_Acho que ia ser pior. Sabe, pelo menos você avisou que não ia poder ir...
_Mas eu podia ir.
_Ok, podia. Mas você queria mesmo? Ir lá e prolongar todo aquele rolo?
_Queria! Lógico que eu queria!
_Linda, cê tava se sentindo um lixo por ela ficar com o Fer hoje, por trair a amizade de vocês. Você ia se arrepender se fosse ver ela.
_Pode ser, mas pelo menos eu ia estar com ela mais uma vez... Eu sinto que vou enlouquecer assim.
_Ah, meu deus... – a Marina suspirou – Olha, você quer que eu te leve?
_Agora? Do que adianta? São 3 e meia da manhã, porra! – balancei a cabeça, conformada – Não, deixa... Vamos ficar por aqui.
_Eu te levo, não tem problema. Ela deve estar acordada ainda.
_Dando pro Fer, né.
_Você não sabe disso...
_Sei, sim.
 
Eu estava me comportando como uma criança emburrada – ou pior. Minha birra toda se devia ao excesso de álcool e àquele sentimento desesperador de que eu poderia ter tomado a pior decisão da minha vida, apesar da Marina e do meu bom senso continuarem me reafirmando que eu tinha feito a coisa certa. Eu odiava saber que aquele nosso beijo à tarde poderia ter sido o último. Não. Não posso permitir isso. 
 
_Eu vou ligar pra ela – decidi, me levantando do sofá.

5 comentários:

  1. aaaai, post fresquinho! =D deliciosamente aguçador de curiosidades... mais?

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  2. Alguém me explica o que a Marina tá fazendo com a FM... ela saiu de um encontro e ficou até as 3 da manhã brincando de abrir sutiã?!? Me conta, e a tal da Bia?!?
    De qq forma, bom ver que tem post!!! ;)

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  3. ai eu qro aprender a fazer isso kkkk

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  4. Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!
    Mais uma vez para na melhor parteeeeee engraçadinha essa FM viu!rsrs

    Esta mára!!E essa da técnica milenar?!?!?!Foi ótima!!!Vou aprender ainda rs


    Bejooooos!

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  5. me ensina essa técnica!!! .-.

    ps.: fui obrigada a abrir uma garrafa de cerveja, esses posts estão apelativos demais

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