À saída dela, seguiu-se uma calmaria desconfortável. Uma
tranquilidade que eu não esperava ter tão cedo. Com passos indispostos e
preguiçosos, fui até a cama e me abaixei para pegar o maço que a Dani havia
dispensado. Depois andei até a porta, que ainda estava aberta, e a fechei. Me
sentei no chão, a poucos centímetros dali, e apoiei as costas na parede.
Diminuí o som do rádio, que ainda gritava ao meu lado, e fiquei um tempo
sentada, quieta, enquanto Stiff Little Fingers seguia tocando baixinho ao
fundo.
Rodei o maço umas seis ou sete vezes na minha mão antes de o abrir.
E agora?, pensei, finalmente colocando
um cigarro na minha boca e o acendendo. Ergui o filtro entre os dedos, tragando
direito, e soltei a fumaça em seguida. Eu
deveria saber, porra, me arrependi, inevitavelmente. Quando foi que eu e a Dani alguma vez demos certo? Me irritava
sozinha, com a discussão e com tudo.
Quando foi que eu e qualquer garota demos certo? Argh.
Suspirei. E passei as mãos no rosto, frustrada. A verdade era que
– querendo ou não – nós tínhamos dado certo por uma semana inteira. Mais do que
muitas vezes no passado. E o pensamento me perturbava. Brigar com a Dani era
fácil, o difícil era o que vinha depois. O
que eu estava pensando para trazer ela bem pro meio do caos que é a minha vida?
A Dani, porra?! Que bem poderia sair disso?, eu passava a mão no rosto e
tragava mais uma vez, eu já deveria ter
aprendido.
Chega. Chega
de barraco, soltei a fumaça, determinada. Chega. E foi quando ouvi alguém bater na porta. Olhei para cima e falei
para que entrasse, a maçaneta girou. Hesitante, a Mia espiou então pelo vão
entre a porta e o batente. Me viu sentada ali embaixo, a meio metro de onde ela
estava, e perguntou se podia entrar. Acenei que “sim” com a cabeça, ainda com a
boca ocupada com o filtro do cigarro. Observei ela entrar e depois se sentar ao
meu lado.
Aí me perguntou, baixinho:
_A Dani foi embora mesmo?
_Foi.
_Vocês brigaram?
_É – respondi, tragando mais uma vez, e a Mia observou a minha nítida frustração – Não que seja novidade, né... A gente sempre briga, é uma merda. A Dani é profissional em armar barraco, meu.
_Espero que não tenha sido por causa daquilo, lá na sala. Eu e você.
_Não, relaxa. A culpa foi minha – lamentei – Não sei por que diabos eu fui trazer ela aqui, eu odeio essas coisas... Já devia saber que ia dar ruim.
_Mas cê tá bem?
_Tô – respondi – Eu tô sempre bem, Mia.
Aquilo era uma mentira descarada, claro – eu mesma
não esperava que a Mia fosse acreditar e ela não acreditou. Nem por um segundo.
Mas essa era a última conversa que eu gostaria de ter com ela. Traguei mais uma
vez e não disse mais nada. Então, sem dizer nada também, a Mia deslizou a sua
mão pelo meu braço, caído entre minhas pernas cruzadas no chão, e... e aí segurou
a minha mão. Puta merda. O meu
coração acelerou na mesma hora. Por que cê
faz isso comigo?, suspirei, completamente vulnerável a ela.
De um jeito ou de outro, a Mia era a garota que tinha começado
tudo aquilo. Aquilo e todo o resto nos últimos tempos. Ela era o meu erro
consciente. Uma vontade que eu não podia evitar. Deixei, receosa, que
entrelaçasse os seus dedos nos meus. Será
que algum dia a minha vida vai sair dessa confusão?, respirei fundo. E o meu peito doeu. Pelos barracos com a
Dani e as bebedeiras e as mentiras e traições e as vinganças e os beijos
escondidos. Argh. Senti como
se tudo que eu fazia fosse um maldito erro.
Pouco a pouco, todavia, segurei a mão dela de volta. É.
_Foi.
_Vocês brigaram?
_É – respondi, tragando mais uma vez, e a Mia observou a minha nítida frustração – Não que seja novidade, né... A gente sempre briga, é uma merda. A Dani é profissional em armar barraco, meu.
_Espero que não tenha sido por causa daquilo, lá na sala. Eu e você.
_Não, relaxa. A culpa foi minha – lamentei – Não sei por que diabos eu fui trazer ela aqui, eu odeio essas coisas... Já devia saber que ia dar ruim.
_Mas cê tá bem?
_Tô – respondi – Eu tô sempre bem, Mia.
não adianta, elas foram feitas uma pra outra mesmo!
ResponderExcluirUma vez eu li um textinho que dizia bem assim: as pessoas contam, em média, 4 mentiras por dia, 1460 por ano. Um total de 88.000 mentiras até os 6 anos. E a mais comum é "Eu estou bem".
ResponderExcluirÉ Devassa, essa é a sua mentira.
Mas, só pra constar, me dá frio na barriga toda vez que tem algum momento alguém-pegando-na-mão-de-alguém. =/ Saco! =/
oooohhhhhnnnn TÃO lindinhas *-*
ResponderExcluirA Mia é o sonho e o pesadelo...só traz problemas mas acalma... sei bem o que é ter alguem assim por perto...
ResponderExcluirNossa, só de imaginar como deve ta exausta mentalmente a guria.. tadinha, hehehe...
ps: mas eu gostava da dani ein
A GFM ao mesmo tempo que se permite, tbm se culpa. Ela é mto encanada...
ResponderExcluirAlguém viu se a porta tava fechada? Ai,ai, ai, ai....
ResponderExcluirEntra-e-sai hooot (6
ResponderExcluirBye Dani ,te encontro no inferno com a Clara se pah chama a Debs pra ir tbm viu? ;P
Go mia! Go Mia! yep TeamMia voltou baby 8)
Eu quero a protagonista pra mim! Ela e a Dani sabiam que o resultado final não seria o melhor, mas optaram por aproveitar o momento e fazer o que sentiram vontade, não fugiram da situação só porque já sabiam que não daria certo no fim. Gosto disso!
ResponderExcluirAinn, super bonitinha a Mia indo lá conversar com ela.
Enfim, a Dani foi embora e ela voltou a conversar com a Mia, e agora? oO
OMG!
ResponderExcluirNão sei se foi o post inteiro, as mãos, a música, tudo junto. Mas essa atualização mexeu comigo de uma forma...
ResponderExcluirMexeu comigo também ):
ResponderExcluirQue post mais maravilhoso!
Bjs
Essa é a delicadeza das delicadezas: organizar uma trilha sonora do FM...
ResponderExcluirPerfect.
Ai, muito bom.. Melissa posso fazer citações desse blog no face? é que me indentifico muito com algumas coisas que vc escreve... claro que eu colocarei os devidos créditos. deixa?
ResponderExcluirAo último anônimo: CLARO! :)
ResponderExcluirVocê já curtiu a página do F.M. lá? Marca ela que já está creditado, hehe. Aqui ó: http://www.facebook.com/FckingMia
Obrigada por pedir ♥