maio 31, 2010

Recatadas

Voltamos para o bar pelo mesmo lugar que entramos – por baixo da fita amarela. Agora nos sentíamos um pouco mais dignas de estar ali, isto é, na cena do crime. Andei na frente dela, segurando-a atrás de mim pela mão, e fui direto para o bar no lado de dentro. Todo aquele ar fresco do Itaim havia nos deixado ligeiramente mais sóbrias. E isso era inaceitável. Peguei o menu de bebidas e comecei a passar o olho.
 
Nada de tequila, pensei. E por sorte, a Mia concordou no segundo seguinte.
 
Não dissemos nada, apenas nos olhamos e rimos, conforme o nome da diaba apareceu na lista. Preciso de um whisky, concluí. E o meu desejo foi rapidamente concedido, após anotarem uma taxa salgada na minha comanda. Tomei coragem e virei meu copo de Jameson assim que ele chegou, enquanto a Mia colocava aquela boca maravilhosa ao redor de um shot adocicado de B52. No palco, a banda ia a toda velocidade e a pista de dança a acompanhava enlouquecida. Naquele ska gostoso, eita.
 
Coloquei o copo de volta no balcão e fui em direção à multidão, me enfiando no meio das pessoas e arrastando a Mia para dançar comigo. A ausência de espaço daquele bar lotado e a minha falta de vergonha na cara alcoólica nos empurravam para perto uma da outra. Por outro lado, toda aquela heterossexualidade ao nosso redor quebrava um pouco o clima – para a Mia, digo. Eu tava pouco me fodendo. Mas, graças àquela plateia toda, eu não estava conseguindo mais beijo nenhum. Esses tinham ficado do lado de fora do bar, lá em cima do carro.
 
Droga.
 
Ao final da terceira ou quarta música que dançamos juntas, a minha cabeça já estava rodando. Com a movimentação, sim, e toda tequila whisky não sei nem mais o quê dentro de mim. A Mia sorria, abraçada no meu pescoço, e deixava a cabeça cair para trás ao som dos amplificadores. Fechando os olhos lentamente. Eu achava graça. Ela subia o corpo de novo e me olhava, completamente na minha. E tudo o que eu queria, naquele instante, era mais. Mais dela. Mais de tudo. A noite inteira.
 
E sabe como é, se todo o charme e tequila do mundo não for suficiente, um pouco de Peixoto & Maxado resolve o problema.

7 comentários:

  1. Pooxa eu toda orgulhosa que tinha comentado nos 2 e aki nao apreceu u.u

    wooon arrasou Mel -como sempre rs- *-*
    encheu o TeamMia de orgulho x3

    IPC; #Noellyhot veeeeenk,senta no capô 666'

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  2. Bom, a história tá linda, perfeita, nem tem o que falar!

    Agora, numa viagem total sobre esse post e os anteriores... Vendo de um ponto de vista não só sobre o envolvimento das personagens, é importante destacar como nós estamos cercados de discriminação o tempo todo. Os fumantes tendo que se espremer no curralzinho. Depois, elas se curtindo pra caramba e a Mia receosa por estar num lugar considerado ht.
    Enfim, muitas pessoas dizem que estão em busca da felicidade, mas será que pra isso não é primordial o respeito às diferenças, a individualidade?

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  3. Pri, não tinha visto este comentário! Viajou legal mesmo! Concordo: o respeito à individualidade é essencial e deve prevalecer diante da fragilidade da alma que busca a afirmação em grupo ou no outro. Mas, vc. acha q elas não se beijaram pq o local é ht ou pq a Mia ainda é comprometida com o Fer? Será q em SP no ano de 2010, teria algum problema elas se beijarem num bar ht?

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  4. Lu, não acho que o fato de não terem se beijar esteja ligado ao Fer, afinal no post anterior elas já tinham se beijado, fora do bar e longe de todos, e pelo que parece os amigos que foram com elas não conhecem o Fer, então quanto a isso acho que não vejo empecilhos.

    Não acho que teria problema de se beijarem no bar, no geral não tem mesmo, entretanto ainda existem alguns babacas que manifestam ao verem duas mulheres juntas, só que como a Mia ainda está saindo do armário acho que rola um pouco de insegurança.

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  5. Esses HTs sempre atrapalham... ><

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  6. É simplesmente perfeito. *-*

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