novembro 02, 2010

Matemática

É simples assim. O escuro aumenta a estática. E quanto mais escuro, maior a estática. Um corpo busca o outro, às cegas, em constante estado de alerta – naquela expectativa entorpecente de, enfim, se esbarrar. E encontrar. A qualquer momento, a minha respiração acelerava, oscilando entre uma batida e outra da caixa de som. Perdidos no breu, os meus olhos abertos encaravam a ausência completa de cor, de formas, de Mia, à minha frente. Sentia a presença dela nas mínimas partículas de ar que separavam o seu corpo do meu.

O álcool atrapalhava o cálculo. E quanto mais álcool, maior a imprevisibilidade do encontro. Solta ali no espaço, no vazio. Mas ela vem, eu confiava, hoje ela vem. E o importante era que vinha – não quando e nem de onde. Isso já não dava para calcular. Ali, sem referência alguma, naquela pista escura. E aí, em contrapartida, minha pele era tomada por uma ultra-sensibilidade. À espera dela. E quanto mais arriscada a porra da situação, mais longa parecia a espera. Caralho.
 
O meu coração batia inevitavelmente mais rápido e o sangue parecia deixar todo o meu corpo. Os meus dedos frios seguravam o seu rosto morno e desenhavam-no na minha imaginação. Pouco a pouco, cedendo espaço. Ali, no escuro, lentamente. Sentia-a vindo cada vez mais na minha direção. Até que as suas mãos encontraram os meus ombros. Deslizaram, escorregando pela minha camiseta e – enquanto o meu coração disparava – subiram intimamente pelo meu pescoço, cruzando-se brevemente atrás da minha nuca, depois continuando pele acima. Subiram, se emaranhando no meu cabelo e, em seguida, contornaram a parte de baixo das minhas orelhas, passeando pela lateral do meu rosto até encontrarem os meus lábios. Aí correram pela minha boca, num toque leve, antes de voltar para a lateral do meu rosto, me fazendo arrepiar.
 
Ali parada, à mercê dela.
 
Me segurou, por fim, com uma mão em cada lado do meu rosto. Podia senti-la movendo-se no breu, mas não via nada. Absolutamente nada. Ainda assim, de alguma forma, claro, eu sabia – ah, sabia. Numa sintonia cega. Confiando que ela vinha, quando, de repente, antes de qualquer outra parte do seu corpo, a sua boca tocou o canto da minha. Senti a sua blusa amassando-se contra mim, na minha camiseta de algodão, e os seus lábios deslizaram, se acertando nos meus.
 
Havia mãos demais entre os nossos rostos – duas minhas, duas dela – e pouco espaço entre nós. Quis dar-lhe passagem, então desci as minhas. Contornando vagarosamente a sua silhueta, no escuro, até alcançar a sua cintura e, num só gesto, trouxe-a para mais perto ainda. A sua boca abriu a minha e as suas curvas se moveram sinuosamente sob os meus dedos. Porra. Eu sentia a minha cabeça se perdendo, afundando no seu cheiro, no seu gosto, misturado com o álcool e com aquela vontade de tê-la comigo. E tudo aquilo ia me dando um calor desgraçado, caralho.
 
Sentia toda a minha falta de controle latejar em cada célula do meu corpo. As suas mãos me apertavam cada vez mais e as minhas a ela. Respirando juntas. O meu peito contra o dela, abraçadas, nos movendo em sincronia, naquele vazio. Coloquei-a contra a parede e abri caminho entre as suas pernas com o meu jeans surrado. Meus Nikes esbarravam nos coturnos dela, as nossas coxas se enroscavam. Minhas mãos desceram até os bolsos de trás da sua calça, segurando-a contra mim, enquanto a beijava com força.
 
Anônimas, as pessoas passavam por detrás de nós duas, trombando vez ou outra com a gente, na escuridão absoluta da pista de cima da Sarajevo. Os braços da Mia subiam agarrados pelas minhas costas e eu a apertava mais ainda, a cada mínimo empurrão de corpos alheios – como se não quiséssemos nos perder uma da outra. Uma massa indistinguível de pessoas dançava ao nosso redor. E a boca da Mia percorria a lateral do meu rosto, descendo pela minha pele até o meu pescoço. Senti vontade de lamber o seu corpo inteiro, o meio das suas pernas, de colocá-la de vez contra a parede. Meu coração estava saltando pela minha boca, engasgado na minha garganta. Subi as mãos pelas suas costas descobertas e esbarrei o meu rosto no seu, apoiando-me contra ela, com os lábios no seu ouvido:

_“Baby, you make my heart beat faster” – sussurrei a letra da música que roubei dela – “I know”.
 
As mãos da Mia me puxaram mais ainda para si. E os nossos beijos se tornaram mais intensos, sua boca voltou para a minha e minhas pernas, metidas entre as dela, já quase sustentavam o seu corpo contra a parede. Minhas mãos a seguravam, firme, levantando-a no meu colo. Puta que pariu. Que vontade de te levar para a cama, garota.

35 comentários:

  1. Não sei te dizer mas acho que devassa ta perdida . A Sintonia ta dizendo isso.Cada dia mais gostando de TUDO que se diz dela e da Mia juntas.
    E acho isso bom pra ela,porque eu acho que ela precisava desse 'alguém'.

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  2. Meeeeeeeo Deeeeeeeeus
    Morri
    eoeiheuiheoiuehoeiueh
    Cada dia mais viciada nessa história.. Mal posso esperar pelo próximo post. *-*
    Parabéns, Mel!

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  3. Nossa Mel, você escreve muito bem. A forma como você descreve os lugares e as situações...
    Na boa, você me fez apaixonar pela Mia (6'
    isuahisahsiauhsiauhs
    Parabéns, Mel!

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  4. Começar o dia com um post desses é pra inspirar qualquer um! Muito bom, Mel!

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  5. OMG

    Pra matar qualquer ser humano as 10:30 da manhã.

    Nunca pensei que a Matemática poderia ser tão interessante hahaha.

    Perfeito.

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  6. Meeeeel, valeu mto a pena esperar pelo post... super entendo q ñ tens tempo e q tu ñ tem como se dedicar exclusivamente ao blog, então sem cobranças de posts novos... tá tudo perfeito no texo, a descrição dos detalhes me fez faltar o ar umas 4x facinho, elas estão cada vez mais perfeitinhas juntas. Já posso querer viver um poliamor com elas? Hahahahaha
    Aaaaaaaaaah e como o bom filho à casa torna, seja bem vinda de voltaaaaa... sua lindaaaa.

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  7. Acompanho o blog desde quase o começo dele, mas fazia um tempo que não comentava nada..

    Esse post merece. Caralho, fiquei sem ar quando li! hahahaha

    Muito bom mesmo, Mel. Descrições envolventes. =)

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  8. Como já disse.. Não sei se te amo, ou se te odeio! xD

    Morri *-*

    Criss Hush

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  9. Aaaah eu passando mal aqui lendo esse post e minha mãe sem entender minha aflição, sofri arrepios compulsivos inspontâneos aqui cara!
    Elas tem uma sintonia, nossa, se procuram, mais parece que nasceram pra ficar juntas.. morri lentamente, e que descrição é essa? Quer acabar comigo?
    Valeu pela dedicação...
    Aaah, como eu amo a Devassa ♥
    Até o próximo ;)

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  10. Já pode morrer? +1
    Caralho, a devassa só pensa em sexo. DUSAHDISHADIUHSADIUASHDIUASH. Mel, para de demorar pra postar, poxa... Eu venho aqui todo dia pra ver se tem algo novo. )))):
    Sei que é impossível postar TODO DIA, mas sei lá... Oww ):
    Enfim, quero logo saber o que vai acontecer. Continua, meu. Vou ficar louca. ):

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  11. Mel você é triii PHoda *---*

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  12. *-*

    estou sem palavras, mesmo

    sabia que no meio de tanta ecologia surgiria algo bom haha
    and as I said before: welcome back ^^

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  13. noooooooossa!!! nao sei o que comentar ;S cansei de falar que a mel arrasa u_u


    IPC: #NoellyHot vemk 999

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  14. Caralho, faleci.
    Descrição perfeita no post, parabéns Mel *-*

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  15. Puta que pariu. Que vontade de te levar para a cama garotaque escreve bem desse jeito!
    Porra Mel! MOrri!

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  16. A descrição dos detalhes foi completamente perfeita Mel..
    tava com sono aqui ate acordei..rs

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  17. humm...nossa q delícia...
    amei mel, vc é foda mesmo...
    demais!

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  18. Que mancada Mel, nos deixou esperando por muito tempo!!!
    Essa sintonia das duas, essa vontade que as envolve é contagiante. Preciso encontrar uma Mia pra prender contra a parede com meu converse.
    Adoro cada vez mais esse blog. É a pura personificação de um desejo que poderia acontecer todo o tempo com a gente.
    E quem lembra do Fer nessas hora, né? Nada supera duas meninas se pegando nervoso contra a parede de uma balada. haha

    (Necessito de mais)=D

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  19. PUTA QUE PARIU.

    Já pode morrer? +2

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  20. OMG! morri, sério!
    estou completamente apaixonada pela Devassa! <3

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  21. já pode morrer? [+1
    hahahahaha
    demais, mel *-*
    mas poxa, não demora mais tanto assim pra postar, que desespero cara! :B

    beijobeijo

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  22. kkkkkkkkkkkkkk

    toh ligadaa nesse desespero da FM...

    dia desses fuii eu... no portäo de ksa...

    e os vizinhos viraam... tenho certezaaa :$

    beijjjj

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  23. melhor do q as famosas escapadas furtivas para o banheiro
    (não q eu jah tenha feito, nem q seja um bom lugar pra isso =P)

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  24. FDS sem net em casa..
    Aí neh, chego no trampo atrasada, do uma adiantada aqui nas coisas e venho verificar se tem post novo.. e não é qe têm?!!rs
    Vim lê e Pqp, Caralho.. vc quer me matar a essa hora??!! Velho.. qe descrição perfect!! Essa mel tá me surpreendendo a cada diaa.. e sem coment's pra devassa.. sou fã dela!!hehe

    P.S.: Bem vindaa de voltaaa!! \0/ \0/

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  25. Diria que é BEM familiar essa cena, hennn?!! =P

    Gostei!!!

    Gostei de ontem tbm,até quinta! =D
    bjsss

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  26. Carambaaaaa, depois de um feriadão maravilhoso, e sem net em casa. Chegar nessa quarta com cara de segunda, e me deparar com este post.

    Subindo pelas paredes 8 x,kkkkkkkkkkk

    mais, mais, maisssssssssssss...MEuL

    Abalou as paredes,rsrsrs

    @Edflavia_ems

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  27. Ia fazr um comentario no post mais essa bruna em... sortuda!!! rsrs otimo post, mel!

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  28. Post detalhadamente perfeito e envolvente!
    Impossível ler menos de três vezes.Íncrivel!

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  29. olha essa Bu pagando de íntima, mano, hahahahahaha! também adorei ontem! queria ter ficado mais pra chorar junto no filme. pq eu ia ter chorado, pode ter certeza! enfim, li quatro posts de uma vez e, de novo, sem palavras. adorei o Heterofobia Alcoólica e dei umas boas risadas com a parte que você fala da república das meninas pseudo-artistas, haha. acontece na vida, acontece nos contos, acontece no Fucking Mia!

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  30. É...prefiro não comentar...
    TAQUIPA *_*

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