fevereiro 18, 2011

After party I

Uma bunda. A última maldita coisa que eu gostaria de ver passar diante dos meus olhos ao final de uma noite que parecia ter durado pra sempre na pista de dança – e que agora prosseguia, interminável, na calçada suja da Augusta – era uma bunda. E não digo uma bunda bonitinha, de mina. Não, não, senhoras e senhores. Estou falando de uma bunda realmente bunda, bunda mesmo, do tipo branca e de homem. Eca.
 
Mano, ah, mano, mano, não dá.

E só de pensar que o meu infeliz amigo ia, de fato, por livre e espontânea vontade, sem a menor sombra de dúvida, passar o resto daquela noite desfrutando prazerosamente daquela peça lastimável que agora desfilava descoberta e embriagada metros abaixo da saída da balada – ai, que depressão. Era nessas horas que me batia, independente do tanto de álcool já ingerido, uma convicção tremenda de que o que eu gostava mesmo era de mulher. Mulheres, cara, mulheres e as suas bundas maravilhosas, eu divagava, caindo de bêbada, enquanto o assistia ali, seminu na minha frente.

_O que diabos cê tá fazendo, sua bicha doida?!

Ouvi gritarem, pouco mais acima, e do nada vi o Gui passar correndo rua abaixo, bem na minha frente, escandalizado e rindo aos montes, indo com pressa em direção ao seu pseudo-affair exibicionista. Eu estava parada, fumando sozinha na minha, após longas horas suando numa balada lotada sem tocar em um cigarro sequer, apoiada contra um muro do lado de fora. Sagrada nicotina. Já passavam das cinco da manhã e eu mal me aguentava em pé, bêbada como nunca, tentando não fazer xixi nas calças de tanto rir do pobre Gui, que agora puxava o jeans do outro pra cima, refutando seus argumentos de que ele era “um cidadão livre” e que tinha “direito sobre o seu corpo”. Os dois tagarelavam numa cena tão engraçada que eu tinha que me apoiar nos lambes imundos da Augusta para não cair.

O nosso grupo havia ganhado três novos integrantes. Um outro casal – também gay – se agregou à nossa excelente companhia já quase no fim da noite, assim como um amigo estilosinho do DJ, que eu conhecia de vista da Outs. O plano era ir pra casa desse último, que estava nos acelerando a cada dois minutos. O problema é que eu mal era capaz de andar, tentando não escorregar para o chão enquanto perdia o fôlego num ataque de riso involuntário causado pelo Gui e as calças abaixadas do seu homem da vez. Mano, não dá, eu vou cair..., pensei já agachada, me apoiando contra o muro para não tombar mais, ...eu vou cair, eu vou cair, eu vou cair..., olhei então para o cigarro aceso na minha mão, na dúvida se o largava e me segurava ou se, puta merda, é agora, vou cair mesmo.

_Vem, sua bêbada! – a garota da pista, que até então estava ocupada conversando com o casal, ambos amigos dela, apareceu rindo na minha frente, oferecendo as suas mãos para eu segurar – Eu te ajudo...

Estou salva. Meti o cigarro na boca – como não pensei nisso antes? – e dei as minhas mãos para ela, me levantando pouco antes de encostar no chão imundo da Augusta. Ufa. Agora em pé, a abracei por cima dos ombros e terminei de tragar, tirando o filtro da boca. Eu estava andando mais torto do que um gambá. Descemos a rua apoiadas uma na outra, não muito mais sóbrias do que o restante. O Gui voltou empolgado até nós, passos acima, tagarelando qualquer besteira, e me abraçou do outro lado. E aí, sim, começamos a andar torto mesmo. Disse que a casa do cara não ficava longe, que já tinha ido lá e que era logo ali, na próxima esquina, e eu achei graça – estava rindo de qualquer merda que me dissessem, não é, àquela altura. Aí ele me deu um beijo, num gesto de carinho.

_Ah! Então... ele pode? – a garota contestou na mesma hora, injustiçada.
_Meu bem... Eu posso tudo! TUDO!

O Gui pulou para a nossa frente, repetindo mais algumas vezes a palavra “tudo”, de um jeito bem viado, e eu continuei rindo, sem querer discutir. A garota – que tem um nome, com certeza, e é, ela deve ter me falado, acho, em algum momento, na balada – nos olhava indignada. O Gui deu risada e aí seguiu para frente, descendo a Augusta nitidamente aos trancos, todo tonto de tequila, até esbarrar no seu affair e grudar nele com um abraço apertado.
 
Ah! Isa, lembrei, esse é o nome dela. Isa!

_Mas você é... é... – ela ainda se revoltava, bêbada – ...sapatão!
_Hum.
_É! Não é?!
_Sim... – eu ri.
_Então, porra! Você, você não pode beijar ele!
_Ah, meu, pelamor. Aquilo não foi nem um beijo!
_Sei... – a Isa me olhou, mal-intencionada – ...se é assim... – sorriu – ...não quer me dar um não-beijo, então?
_Não é a mesma coisa!
_Não?! – riu.
_Se eu dou um beijo no Gui, é... é... sei lá, bicha. Não significa porra nenhuma! Mas você, você é uma mina, né, meu... – me enrosquei na lógica, bêbada – Se a gente se beijar já é... tipo... já significa alguma coisa.
_Hmm... – ela saiu debaixo do meu braço, me pegando pela mão, e achou graça – ...mas e se não significar nada? Nem pra mim, nem pra você? Hein, e se for só de bobeira?

Não fala, porra... Não fala essas coisas pra mim, garota.

_Tá. Mas isso é... – tentei achar qualquer argumento, dando o último trago, antes de jogar a bituca no chão – ...é o que todo mundo diz, né, até que, de repente, começa a significar.
_Escuta... – ela me parou na rua e eu já comecei a rir, prevendo os próximos segundos de conversa embriagada; ficou na minha frente, apoiou os braços em cima dos meus ombros, fazendo questão de me olhar nos olhos, e eu coloquei as mãos na sua cintura, meio sem pensar – ...olha, eu prometo, prometo... – fez graça, revirando os olhos – ...prometo mesmo, que não vou me apegar. Tá bom assim?

A observei, realmente tentada, de repente.

_Um beijo, vai. Só um.
_Não... eu... – passei a mão no rosto, me livrando daquela vontade repentina, e suspirei – ...eu tô... é... é complicado.
_Credo, hein. É pior do que eu imaginava! – ela riu e me olhou como se simpatizasse com o meu sofrimento – Meu... – achou graça – ...não sei nem se eu quero saber.
_Não, vai por mim, você não quer.

Ri também, de novo, achando graça na minha própria desgraça, e dei uns passos mais pra frente. Ela seguiu caminhando junto comigo, ainda de mãos dadas nas minhas. Fui brincar e coloquei ela nas minhas costas, já quase no prédio do cara, montada com as pernas ao lado do meu quadril e os braços no meu pescoço. Clássica ideia de bêbado idiota. E aí nós quase caímos, óbvio. Rindo até não poder mais, sem poder evitar, enquanto os outros nos olhavam como se fôssemos loucas e o Gui gritava qualquer coisa na nossa direção. Os vizinhos deviam nos odiar, tenho certeza, acordando para ir trabalhar – mas que se dane.

17 comentários:

  1. A mano. Esquece a porra da Mia um minuto e pega logo a menina. Que inferno.

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  2. tchê, a mia lá de frescura com o fer e a FM se fazendo pra pegar a loira, que foi descrita como bonitinha?
    tem que ver isso aí hein u_u

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  3. ahhhh...EU PEGAVAAA! Só uma noitinha não ia dar em nada...UHAUSHAUSHAUSH
    O problema seria se a tal mina se apaixonasse...
    Mas por outro lado, pelo que a GFM sente pela Mia, acho que ela deveria preservar....infelizmente ou felizmente acredito que o alcool não permitirá....AUHSIUAHIUSHAISH
    ELE NUNCA DEIXA passar uma oportunidade dessas!

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  4. Aaaaaaaaaaaah, quero saber o que ouveeee! :S Esquece a Mia um segundo e agarra essa Loira ai, por mais que não goste de loiras! KSOASPAOSKAPOSKPAOSKAPOKSA

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  5. Eu pegava e ainda dava continuidade na casa da FM na frente da minha pra ela ter medo de perder, pq qnd esse medo surgi mtas coisas mudam, como eu queria um não beijo..hahaha

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  6. a mina tda facil e a fm achando dificil recusar kkkk apaixonei pela loirinha!

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  7. Pega logo Devassa e Depois pensa no que vai dar!! :D

    A mia poderia ficar sabendo tbm..um pouco de ciúmes é sempre bom!! hauahau

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  8. Ah, acho o mesmo que a Nah! A Mia tá muito palhacinha folgada fazendo o que quer e o que não quer, isso tudo só porque tem dois (sendo que um é um homem). Então, acho que a FM tem todo o direito de ter outra, ainda que essa outra seja loira, né?

    =*

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  9. Aeee gnt, só tem beeeesha má aqui hein?! Todos querendo que a FM pegue a guria e explane pra geral pra fazer ciúme pra Mia kkkkkk mas super acho q a Fm devia pegar a guria sim e contar pra Mia, seria honesta e de quebra faria o q geral aqui quer... sem contar q mostraria q ela ñ vai esperar mto.

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  10. Pááára, como que a loira chega e pede um beijo? Não se pede um beijo, principalmente pra alguém que você conheceu na balada, já chega beijando, pô! hahahaha
    A loira demorou e deu chance da Devassa ficar pensando na Mia, masss ainda acho que vai ter pegação.

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  11. Quisera eu ter esse sex appeal todo da Devassa HSIUAHSA

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  12. ATENÇÃO: NOVIDADE!

    Galera, tem uma promoção rolando... inventada pela minha amiguíssima, Noelly Castro, vamos dar um adesivo LINDO do blog para quem fizer o melhor comentário em qualquer um dos três posts de hoje ("After party I", "After party II" e "Sexta-feira, baby!").

    Sério, ficou uma graça o adesivo... então, caprichem nos comments! ;)

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  13. COMOASSIM? A FM é loira?
    ¬¬

    Ela não pode ser loira!
    Que coisa mais #txautesão!

    Não! Não! Mel, pode pintar o cabelo dela, vai!

    =*

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  14. eeee Devassa, desse jeito fica difícil viu, deixe as outras garotas pegarem esse espaço que pertence à Mia aí no seu coração hahaha..
    cada vez melhor esse Blog viu, sério, eu AMO isso aqui (não é a toa que eu farei uma tatuagem escrito "-Fucking Mia ♥" haha)

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  15. kkkkkkkkkkkkkkk

    eu tenho certeza de que tava nessa cena ae...

    tds saem da Augusta em rolës parecidos... soh pode ser isso

    =)

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  16. Ah eu também reparei..
    a Fm é loira e rejeita loiras!hahahaha

    Ta faltando ruiva nesse blog!

    'ah,a vida- pode ser medo e MEL quando você se entrega'

    POSSSSSSSTA LOGO

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  17. carambaa, a FM resistiu a loira firme e forte entao haha

    sinto falta desse pós balada ainda embriagada :x

    e cade a mia? .-.

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