O vento passava por entre as folhas daquelas copas altas, numa
praça nas redondezas do Hospital Samaritano, a dois quarteirões da casa da Mia.
Subi em cima da mureta e sentei ali, com os pés suspensos no ar. Já estava
escuro, tinha pouco movimento. Desabotoei a camisa e fiquei só com a regata que
estava usando por baixo, alcançando um baseado no fundo do maço e o meu
isqueiro.
Frio do cacete. A verdade é que estava ventando demais para
ficar só de regata, mas as mangas estavam me incomodando nos braços. Cortei a
pontinha torcida do baseado, a puxando com os dedos e jogando para o lado. Aí
acendi. A minha cabeça estava vazia, eu estava calma – de uma forma estranha. Dei
um trago, segurando a fumaça por algum tempo antes de soltar no ar. Um casal passou,
me notando com certo desprezo. E eu dei
mais um trago, os encarando de volta. Esperei se afastarem, mais adiante
na calçada, e apoiei os antebraços nas minhas pernas.
Sentia como se nada acontecesse ou fosse acontecer. Que dia.
Traguei mais uma vez e minha visão divagou entre as árvores, os blocos da calçada,
lenta e sem pensamentos concretos. A Mia estava lá, eu sabia, dentro de mim – podia
senti-la. Em algum lugar, submersa. Mas eu não a trazia para a superfície.
Era como um sussurro que eu não fazia questão de ouvir, exausta de tanto
sentir, de tanto chorar pela mesma merda.
Decidi voltar a pé para casa. Era uma longa caminhada. Pulei da
mureta para o chão e me ocupei com os meus passos, enquanto fumava o baseado Higienópolis afora. Me sentia estranha, deslocada de mim
mesma. Atravessei o bairro todo até a Consolação e fui indo, prestando atenção
em qualquer coisa que passasse diante dos meus olhos. Postes. Lambes. Carros.
Pixos. Até chegar na Roosevelt, num desvio inconsciente. Então sentei ali por
algum tempo, observando uns moleques andando de skate. Digitei uma mensagem
para a Marina, me desculpando por como eu andava agindo com ela nas últimas
semanas meses anos.
E aí
levantei, caminhando o trecho restante até a Frei Caneca.
Cheguei no
prédio e fui direto para o elevador. O Fer estava na sala, largado no sofá,
assistindo um jogo do Corinthians na televisão. Duas latinhas de cerveja vazias
descansavam na mesinha de centro. Deixei as minhas chaves e o celular numa estante
perto da entrada, e me juntei a ele. Não disse nada, apenas sentei. Coloquei os
pés sobre a mesinha, me afundando no encosto, e prestei atenção no jogo. Já
estava nos vinte e tantos minutos do segundo tempo, 2 x 0. Meus olhos
acompanhavam a tela mesmo sem saber nada de futebol – o que, no meio sapatão,
era uma ofensa quase pior do que não acreditar em astrologia.
De tempos
em tempos, o Fer xingava a TV, entretido. E me oferecia a sua terceira cerveja
aberta – senti uma trégua entre nós, um tanto inesperada. Há tempos não o via assim,
em desconforto. Como se não fosse mais um empecilho. Nos sentamos juntos ali até
o fim do jogo contra o Avaí. 4 x 0. Deixei a lata vazia sobre a mesa e o Fer continuou
vendo a televisão, sem muito interesse. Observei-o por alguns segundos, ao meu
lado, numa camiseta branca e calça de moletom, se entediando até a morte
naquele sofá. Assim como eu.
_Ei... – sugeri,
sem pensar muito – ...vamos sair?
_Quê?! – ele riu, estranhando, e se espreguiçou contra o encosto – Hoje?!
_É.
_Cê tá falando sério?
_Por que não, porra? Não é como se a gente tivesse alguma coisa melhor pra fazer... – argumentei, ainda afundada de qualquer jeito no sofá – ...puta tempo que não saímos eu e você, meu.
_Mas pra onde?
_Sei lá, mano, qualquer lugar com bebida... – respondi e estiquei o braço para pegar o seu maço sobre a mesa, roubando um cigarro – ...vamos?
Ele achou
graça.
_Demorou...
_Quê?! – ele riu, estranhando, e se espreguiçou contra o encosto – Hoje?!
_É.
_Cê tá falando sério?
_Por que não, porra? Não é como se a gente tivesse alguma coisa melhor pra fazer... – argumentei, ainda afundada de qualquer jeito no sofá – ...puta tempo que não saímos eu e você, meu.
_Mas pra onde?
_Sei lá, mano, qualquer lugar com bebida... – respondi e estiquei o braço para pegar o seu maço sobre a mesa, roubando um cigarro – ...vamos?
SO eu me derreto tda imaginando a gfm de regata e blusa xadrez fumando em cima dum banco?? ai ai, mel.... AMEI & QUERO MAIS!!
ResponderExcluirAin! ** hehe
ResponderExcluirUhuuu ! Antiga FM tá de volta!
ResponderExcluirÉ o 359º dia desde que ela conheceu a Mia até esse último acontecimento?
ResponderExcluirE isso aí de 'como nos velhos tempos' acaba quando? Hahaha até a Mia aparecer nessa casa de novo?
Aiaiaiaiiii. :~~~
Medo de fazer qualquer comentário! Hahahahaha essa história tá dando cada volta! Prendendo cada vez mais! E amando cada post! Cada linha!
Paaarabéns!
Beijo! Beijo! ;*
Eu ando adorando os títulos dos posts! Esse ficou todo muito bom e, mesmo já tendo odiado o fer, é legal ver eles se dando bem.
ResponderExcluirÉ bom ver os dois se entendendo. :)
ResponderExcluirE... que vontade de fumar que deu.
Mui bonito esse amor ai, mas camarada que é camarada joga a real toda sem delongas, vai dar rolê sem falar que pego a mina dele ¬¬"
ResponderExcluirGente! :( Comentei nesse também, Mel. Mas kd? hahahaha juro que comentei" :{
ResponderExcluirCara,nunca acompanhei um blog como eu acompanho esse!
ResponderExcluirSerá que a FM e o Fer vão ter pelo menos uma noite de paz ??? Porque né...Já tava na hora!
Ahhhhhhhhhhhh, mas essa Mel sabeee como me fazer sofreer :(
ResponderExcluirVim toda feliz achando que elas iam se entender e iaam voltas as cenas lindaas e quentes da Mia com a FM...
=\
so pra aumentaar minha ansiedade...
Shooow de bola o post Mel, parabens!!! =D
Música da Piiitty <3
ResponderExcluirTGFM is back?? será será???!! #SóAguardando
Beeeeeloooo Post´!! #Briseii com a FM andandooo e fumando!! ;D
Mel, há um tempo vinha lutando contra o que estava sentido por meninas, comecei a ler o blog e parei pq fiquei com mto medo e estava confusa e lutando contra tudo o que sentia. Tentei ficar com meninos para esquecer, mas não consegui. Voltei a ler o blog e vi um video que vc postou aqui, passei dias com a msg dos ovinhos do video na cabeça...
ResponderExcluirE quero agradecer, pq o blog e o video, me deram confiança para tirar a mascara que eu estava a tanto tempo...
Fiquei com uma menina e adorei!
Estou com ela há 2 meses e estou vivendo uma coisa lindaa. E tenho certeza se não tivesse encontrado o blog, eu ainda estaria infeliz tentando me enganar...
Pode ate parecer bobeira, maas pra mim, é um passo enorme, uma descoberta que me fez aceitar quem eu sou e que não é uma coisa ruim..
Enfim, sao mtos detalhes, mas nao quero te encher demais hehehe
so quero agradeceer mesmo. ^^
Obrigada
Raianny
Otimo, vai ser otimo ela sair com o Fer...
ResponderExcluirso ela nao ficar chapada e contar tudo ne..mas enfim!
vamo ve!!
Aeee! A FM e o Fer se entendendo! Sinto que a Mia vai sobrar nessa historia... Bem feito pra ela! Quem mandou não dar valor pra coitada da FM!
ResponderExcluirboniticos
ResponderExcluirmeuuuuu que lindooos sério!!
ResponderExcluirchega a dar outro clima a FM e o fer na mesma sintonia, de bem (:
até quando não sei, mas que é bom, isso é! hahahaha
beijoooooooo mel!
De que que é esse título? Ela tá voltando ao mesmo lugar do começo? Tá voltando a ser a OldFM ? o/
ResponderExcluirhahaha, tudo que eu pude pensar seria no bom de não ser 360º, porque a FM se encontraria agora de volta ao ponto de partida, o que nao é o caso.
ResponderExcluirPor isso 359º, talvez os fatos e o sentimento seja de como voltar a "estaca zero", mas nada como 1º pra fazer toda a diferença (e não deixar que isso aconteça).
ps.: talvez tenha brisado demais, talvez...
Legal ela retomar a amizade dela como Fer .. ja tava na hora , alem do que.. foi a FM e a MIA que criaram toda essa situação ..rs
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