janeiro 05, 2012

Entreatos

(...)

O seu rosto escorregou pelo meu ombro descoberto. Minha regata já estava completamente puxada fora de lugar, suja e amarrotada contra a porta de ferro de uma loja fechada. Não era mais branca – não desde aquela madrugada, rolando na sujeira do centro de São Paulo. Amassou o rosto contra o pouco de tecido que havia no alto das minhas costas e eu comecei a rir de novo, junto com ela, a Clara. Me abraçava por trás. Traguei mais uma vez o meu cigarro, roubado, tossindo logo em seguida, numa respiração atropelada pelo riso. Os olhos dela me acompanhavam, com uns ares argentinos, me vendo dali de baixo. Apoiada no meu ombro. Balancei a cabeça, tentando manter certa sobriedade – ou o que me restava dela.
 
Dignidade zero. Sequer lembrava onde estava tamanha graça. Meu deus, continuei rindo. Estávamos sentadas na porta de um comércio qualquer nas redondezas da Hot Hot, já meio perdidas naquelas ruas imundas. O céu ainda estava escuro e a noite se seguia, irreal e agradável. Com uma brisa meio morna – o chão apenas que estava frio, era um cimento áspero, ainda que a rispidez da calçada não parecesse ter impacto algum em nossas pernas. Revirávamos sobre o concreto, nos ajeitando, incessantes, inquietas e animadas, com as pernas cruzadas, uma sobre a outra, bêbadas – a Clara me abraçava e caíamos. Aí ríamos, muito. Completamente idiotas.
 
E eu a beijava, com vontade.
 
Numa ausência de lucidez, de tempo e espaço, nuns instantes espontâneos. A todo momento. Ela tentava tirar os meus tênis, à força, dizendo que os adorava e pedindo para que eu os desse pra ela. De jeito nenhum, eu brigava fisicamente com a Clara e nos pegávamos loucamente, como se não pudéssemos evitar. E como se precisássemos de algo além das nossas respectivas comandas estourando de tão cheias, que pagamos uns vinte minutos antes, decidimos investir o restante das nossas muito mal-gastas economias numa garrafa inteira de sabe-se-lá-o-quê que aquele cara estava vendendo na porta. Tomei posse da tal garrafa, que a Clara estava segurando com certo apego, e dei mais um gole, olhando-a sujar suas pernas naquele chão tenebroso, pouco se importando. Então a admirei, genuinamente. Mas puta merda, como a minha cabeça rodava.
 
(...)
 
Cercando o meu corpo, suas coxas forçavam o shortinhos verde-musgo cada vez mais para cima. Arregaçando a borda rasgada e a fazendo enrolar. Até bem perto do meio das suas pernas. No seu ouvido, eu dizia as mais baixas obscenidades. O taxista tentava nos ignorar – ou não. E eu tentava me controlar, manter a porra da calma. Com vontade de comer ela ali mesmo. A Clara metia a mão entre a minha calça e os seus shorts, sentada em cima de mim. Ela ficava realmente, realmente linda com os fios bagunçados assim. Mordia a minha boca, eu subia as mãos por baixo da sua regata sem nada por baixo. Cacete. Observava-a ali, me olhando de volta. E sentia me apertar os pulmões, numa ausência filha-da-puta de paciência, de fôlego.
 
(...)
 
Entramos barulhentas no apartamento, nos anunciando. Eram quase cinco da manhã. Nos pegamos pelas paredes, quase caindo entre um beijo e outro, rindo. Bêbadas. A quietude da sala escura era interrompida apenas pela TV ligada – e agora, por nós. O Fer assistia qualquer programa, com o volume quase no mínimo, enquanto a Mia dormia com a cabeça apoiada no seu colo, apenas de blusão sobre o sofá. Não notei se nos ouviu entrar. Mantive as minhas mãos ocupadas com a regata preta da Clara, que tirei e larguei no meio do corredor, a despeito da possível plateia que tínhamos.
 
Então a joguei na minha cama. E subi por cima, entre suas pernas, a beijando inteira. Numa fome que só a saudade podia causar. Movíamos num ritmo semialucinado – fora de nós mesmas. Perdi também a minha regata, num ato justo, e perdemos todo o resto em seguida. Sentia as suas mãos me puxarem, me machucando, insensíveis, apertando minhas costelas tatuadas. O peso do seu corpo deslizava contra o meu. E eu a machucava de volta – com os dentes, com a boca. Com toda a vontade que eu tinha dela. Na sua cintura, nos quadris, nas costas. Metia os dedos entre suas pernas e os escorregava para cima. Perturbando o silêncio do quarto e, tão logo, de todos os cômodos do apartamento e da porcaria do prédio. Que se dane.
 
(...)
 
Sem escrúpulos, por duas, três vezes seguidas. Um baseado aceso e, depois, mais uma. Pode vir, maldita. 

35 comentários:

  1. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

    Depois dessa ate já esqueci da Patti sozinha, largada em algum canto.

    UAU.

    Ja posso dormir, ou não.

    mto mto mto bom Mel!

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  2. Minha senhora, se eu já tava com insônia, agora que eu não durmo mesmo! *___*

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  3. PODE VIR MALDITA MESMO, HAHAHAHAHHAHAAH adorei.

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  4. Foda ter de ler um post desse e ir dormir... forever alone. Pelo menos eu posso fumar um beck pra me acalmar. hahaha Mel, é demais pedir uma cena com a Mia? ):

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  5. QUERO ESSE PENÚLTIMO PARÁGRAFO NA MINHA VIDA!! ta de parabéns Mel, perfeito demais ♥

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  6. Ok. Esse post foi... arrasador, terminei de lê-lo absolutamente sem ar. Sempre tive uma quedinha pela Clara. ♥

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  7. DEMAAAAAAIISS!
    ;)
    E ta aí a pegação que a FM sentia falta....

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  8. Ok esse "Pode vir, maldita" foi pra acabar com meu sono iauhsiuahaiu
    Que poost sensacional *-*

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  9. Qm vai qrer ficar ensinando 1 hetero qdo se pode ter ISSO?? NA BOA!

    Arrazou *-*

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  10. meu deeeeus, que fogaréu, gente hahahahahahaa mas só eu que ainda to em semi depressão me perguntando 'e a patti?'? :~~~~~~
    acho que to muito sensivel nesses ultimos dias hahahahaha

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  11. socorrrrrrroooooooo!!! n consigo respirar rrsrsrsrs o que foi esse post? kkkkkkk

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  12. Nossa.. até perdi o ar agora!

    Mas ainda to com um pouquinho de dó da Paty largada na porta do cinema.

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  13. Numa hora dessas a Patti já deve ter ido pra casa né! FM, minha heroina!!! Um dia eu serei como ela! :D

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  14. Delíiiicia!!! Quero as duas pra mim. Hahahaha

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  15. Wooooow Mel me diz como vc consegue fazer isso? Me senti ali naquele quarto assistindo a tudo.
    So excited!
    E pera ai, quem é Patti mesmo heim? rsrssr

    Posta maaaaaaais! ~

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  16. Ok, este post me deixou totalmente sem ar UAHSUHASUHAUHSUAHS'

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  17. eu não vou me render a essa cena de sexo incrível: CADÊ A PATTI? dá um final feliz pra ela, tá, Mel? ah, e qnd vc quer dizer a botinha fofa? é que a marca tem um monte de modelos e eu tou tentando descobrir qual é, hahahaha! a botinha tem tudo a ver com o que eu imagino da Clara... <3

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  18. Pode vir, maldita MEEEEEEEEESMO ! Morri agora, ao ler o post! O que que é isso!

    Mel, você é linda! Obrigada por me salvar do tédio dessas férias!

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  19. MEU DEUS??????
    Mas mesmo assim, to preocupada com a Patti =\

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  20. Cara, que post tão...FM

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  21. Depois de um post desse...
    Ainda bem que a SEXta feira tah chegando...(6)

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  22. Esses posts da madruga são totalmente mal(?) intencionados...
    assim como a girl FM, assim como a Clara, assim como a Mel, assim como a gente!!
    WOOOOOOWWWW!!!
    Alguém traz o O2 por favor!?

    Pode viiiir malditaa!!!

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  23. Oq foi isso?! Post incrivelmente foda, sempre preferi a Clara por isso <3
    Mas ta faltando a Mia dando piti de ciumes hsuahuahuhsa

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  24. Uau, Santos nunca esteve tão quente. Vou até a praia dar um mergulho depois desse post.

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  25. J-E-S-U-S quero mais uma cena dessas, só que com a Mia e o Fer de plateia, elas muito louconas hahahaha

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  26. "Pode vir, maldita." HAHAHAHAHHAHAHAHAH

    Que louco manoo.. UOUUUUUU!! 66'
    Eu adoro essas "cenas" de sexo selvagem, aí que delícia! :$

    P.S.: e a Patti, Mel? :S

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  27. errata: quando você diz Uggs vc quer dizer a botinha fofa? :)

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  28. foda-se a Mia... to pensando na poor Patti...

    poutzzz
    =/

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  29. Ain clara .6. não suma nunca mais ( viu melissa) HAHAHAHAH

    os melhores são sempre com ela T1 .666

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  30. Quente kkkkk Sem mais, Tadinha da FM to com dó kkkkk

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