fevereiro 27, 2012

Não

Meu coração parou – puta merda.
 
E o meu estômago se embrulhou, na mesma hora. Ainda que eu não quisesse, argh, ainda que não quisesse dar a mínima. Senti o ar me faltar. Preciso sair daqui. Mas não conseguia tirar os olhos da Mia ali, em cima daquela escrota, beijo atrás de beijo, enquanto o estúpido do Fernando não fazia porra nenhuma, sentado ao lado delas e assistindo, provavelmente com tesão. Filho-da-puta. Estava chapado pra caralho.
 
Encarei as duas se atracando, em meio a toda aquela gente, em choque. Puta que pariu. A Mia subia em cima da, da d-desgraçada da garota, no sofá, bêbada, mordendo a sua boca, e – caralho. As mãos dela puxavam a cintura da, d-da Mia, agarrando a sua meia-arrastão, deslizando sobre seu sutiã e aproximando seu corpo do dela. E eu me sentia, m-me sentia, não sei. O meu coração começou a acelerar. E com muita dificuldade, forcei o ar goela abaixo, sem conseguir respirar direito.
 
Não, me senti desnorteada, isso não.
 
Tentei me controlar, com uma vontade desesperada de sair logo dali, daquela porra daquela festa, inferno, sem querer saber de mais nada. Sequer sabia por que me importava com a Mia ali – e ainda assim, importava. Importava, porra! A boca dela na de outra garota, os seus beijos, as suas mãos correndo pelo seu corpo, cacete. Importava! Puta merda, como importava. Contra todo o bom senso, é, talvez. Mas o fato é que importava.
 
Respirei fundo, merda. E senti o ciúme crescer em mim, incômodo, como um câncer. Me revirando as entranhas, de repente. Me invadindo os órgãos, contaminando tudo. A cada beijo dela com, c-com... argh. Não. Não, mano, me irritei, tacando a latinha ainda cheia para o lado. Que se foda. Que se foda todo mundo nessa merda. Saí trombando nas pessoas, num surto, tentando apagar aquela imagem da minha cabeça. Senti uma raiva como nunca antes, filha-da-mãe. Sua desgraçada.
 
Desci na rua e peguei o primeiro táxi que passou, abrindo a janela para fumar. No rádio, estava tocando baixinho “Dancing on my own” da Robyn, numa ironia cruel. Acendi um cigarro atrás do outro, nervosa – mas não conseguia pensar em outra coisa, conforme o carro atravessava o centro da cidade, angustiada com a ideia de a Mia estar lá na festa, se amassando com, c-com outra garota que não era eu. Como se, como se agora não fosse uma porra dum problema.
 
Vai tomar no cu.

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