É. Meio-dia
e quarenta, após uma noite mal dormida, decorrente de uma série sucessiva de
cigarros e pensamentos menos saudáveis ainda, e lá estava eu – desperdiçando
meu precioso horário de almoço para passar raiva em frente ao funcionário mais
incompetente de toda assistência técnica de celulares da capital. Por que eu tenho que ser tão imbecil?,
revirei os olhos para mim mesma.
A conversa com a Mia na noite anterior se prolongou por mais de 50
minutos e o que começara como uma noite de grandes decisões e amadurecimento
tomara, aos poucos, a direção contrária. Passando por cada momento nosso, toda
a porra da nossa história, numa nostalgia estúpida de se permitir, me
destruindo completamente do outro lado da linha.
“Queria que você tivesse subido hoje” – essa foi a última coisa
que a Mia me disse, antes de desligar.
Àquela altura, sentia que o ar custava para entrar nos meus
pulmões. E assim que vi o seu nome sumir da tela, encerrando a maldita ligação
que me tirara o fôlego, perdi o pouco de sanidade que ainda tinha, me sentindo
mais perdida do que quando tudo aquilo começou. Aí joguei a porra do celular
para longe. Para longe de mim, é, como se pudesse fugir. Fugir dela. Inferno
de garota na minha vida.
E agora lá estava eu. O visor tinha quebrado e a porra toda não
ligava. O conserto em si custava pouco, eram os dias de espera que me
incomodavam. Já podia até ouvir o Fernando me dando sermão sobre como eu devia
ter comprado um smartphone meses antes, sob incessantes recomendações
dele, ao invés de insistir naquele atraso tecnológico do período Jurássico que
sequer chip tinha. Agora me via forçada a esperar dias até chegar a peça dinossáurica
substitutiva. Droga.
Nem o atendente estava engolindo meu apego a aquele aparelho
caindo aos pedaços. Não, amigo, você não
tá entendendo, ouvia impaciente aos argumentos dele para que eu desistisse
de consertar aquele e arranjasse um novo, se
eu perco essa lista de contatos, eu perco a minha vida inteira. Nem a pau. Soltei
o ar vagarosamente, tentando não me irritar ainda mais.
_Escuta, cara, você quer a grana do serviço ou não?! – me enchi de
vez com aquela ladainha toda – Porque eu posso levar em outro lugar para
consertar, se for muito trabalho pra você, sabe...
_Não, dona. Se cê quer mesmo, segunda-feira tá na mão!
Argh. Isso
significava uma semana toda sem celular. E
olha, eu bem que merecia – por ser uma porra duma descontrolada. Desci o
degrau em frente à loja na Paulista e saí pela calçada, com os meus All Stars
surrados, indo em direção à produtora na Brigadeiro. Acendi um cigarro e
observei o maço quase vazio, após as infelizes horas acordada naquela
madrugada. O que mais vai dar errado hoje?
Parei na esquina para esperar o sinal abrir para pedestre. O dia tinha
começado mal e só ia piorar – afinal, eu precisava do meu celular para
trabalhar e agora tinha que ir lá contar para a minha chefe que ia ficar
incomunicável pelo resto da semana. Porcaria. Já podia antecipar a
quantidade grotesca de horas extras que teria que fazer por conta disso. E como
se precisasse de mais alguma preocupação na minha vida, ainda tinha ela – a Mia.
Me fodendo a cabeça, a cada segundo que passava.
Minha respiração oscilou pesada, insegura, sem conseguir tirar ela
dos pensamentos. O problema – soltei
a fumaça para o lado, nervosa, atravessando na faixa – é que o meu melhor amigo também estava lá. Pois é. Entre
nós duas. Onde sempre esteve. “É possível gostar de duas pessoas ao mesmo
tempo?”, ela me perguntou ao telefone, na noite anterior. Traguei mais uma vez e tirei o
cigarro da boca, mordiscando os lábios e os judiando, num nervosismo meio distraído.
E a verdade é que eu a entendia. Contra toda a minha vontade – mas
a entendia. Parte de mim sequer sabia se queria mesmo que a Mia se
decidisse por mim, sem querer pôr a perder o que eu tinha com a Clara. O que me
fodia era como ela podia ainda estar tão em dúvida. Depois de tudo, tudo o que te ouvi dizer, cacete, me revoltei, sentindo
o meu coração entalar na garganta.
Talvez minhas ex-namoradas tivessem razão. Talvez eu gostasse
mesmo de endorfina, de adrenalina. Metida naquela porra daquela confusão de
novo, argh. Não é possível que tenha alguém no mundo com maior tendência à
imbecilidade deliberada do que eu. Puta que pariu, viu. Traguei o cigarro
já quase terminado, fumando como se a solução estivesse no fim daquele filtro. Inferno.
Por mais que o meu coração acelerasse com cada sinceridade dita
pela Mia ao telefone, sobre nós e como se sentia, ainda tinha todo o restante da
nossa história pesando contra ela. Após tanto tempo atrás daquela garota, o meu
fôlego tinha se esgotado. Passei a mão na nuca, sentindo a minha cabeça doer, exausta de tudo aquilo. Até quando eu vou ficar nessa merda?, me irritei.
É. Talvez um tempo sem celular me fizesse bem no fim das contas. Assim
me forçava a ficar longe das mensagens emocionalmente inconvenientes da Mia. O
problema é que isso também me impedia de me comunicar decentemente com a Clara
– isto é, não que ela esteja retornando as minhas mensagens nos últimos dias.
Argh.
O único telefone que eu sabia de memória era o da Marina, para
quem eu não tinha intenção nenhuma de contar sobre o rolo todo – depois de
garantir meu não-envolvimento com a Mia uns dias antes. É melhor ficar na
minha, concluí enquanto caminhava, já virando a esquina. Conforme me
aproximei da produtora, com a cabeça cheia, vi o Fernando sentado na calçada da
frente. Ali, fumando.
_O que cê tá fazendo aqui? – perguntei, confusa, já a alguns
passos dele.
_E-eu... – ele resmungou, com uma expressão péssima – ...eu não conseguia te achar, meu!
_Meu celular quebrou, acabei de vir da assistência – expliquei – Tá tudo bem? O que foi??
_Fui demitido, meu.
_Não, dona. Se cê quer mesmo, segunda-feira tá na mão!
_E-eu... – ele resmungou, com uma expressão péssima – ...eu não conseguia te achar, meu!
_Meu celular quebrou, acabei de vir da assistência – expliquei – Tá tudo bem? O que foi??
_Fui demitido, meu.
O QUEEEEEEE?????? :( :(
ResponderExcluirFodeu! Acho q não preciso dizer mais nada.
ResponderExcluirih, a porra ficou séria.
ResponderExcluirWHAT? WHAT? WHAT WHAT? MAN
ResponderExcluirIsto muda TUDO. com a Mia, com a fm, com o ape, com tudo. não sei oq esperar!! PUTA MERDAA, POR QUEE AGORA???? =///
ResponderExcluirOH GOD, WHY?
ResponderExcluirAAAH NÃO! D:
ResponderExcluirPuta merda! Vai mudar muitas coisa sim com essa maldita demissão, mas as coisas já não estavam muito boa então...valeu, Murphy! Seu FDP... Só espero que esse clima pesado passe logo
ResponderExcluirBem que o Fer podia arranjar um emprego em Manaus ou na Europa e deixar o caminho livre pra Mia e a FM.
ResponderExcluirBoa idéia, não? kkkkkkk
#Team Mia
NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
ResponderExcluirC A R A L H O!!
ResponderExcluirfodeu! o.O
fer está demitido, nao tem dinheiro pro ape, tem q sair de sao paulo e a mia fica só pra fm =D HASUHSUHUS
ResponderExcluirOh fuck!
ResponderExcluirGrandes mudanças chegando por aii????
ResponderExcluirCerteza que sim! ;)
Mas que tudo leve à Mia.
Meeu, diz que o próximo post vai rolar logo? tipo hoje? rs
ResponderExcluirDemissão: Novo Emprego ou Desemprego, novos acontecimentos, ir embora?! WHY?
ResponderExcluirCuriosa ¬¬
ai, Fernando... vai dormir, vai? aproveita o seguro desemprego e vai, sei lá, passar um tempo fora. tchau!
ResponderExcluirPróximo post, porfa?
ResponderExcluir;DD
ai gente. desgraça pouca é bobagem né? hahahaha e fico tensa por ela, de estar sem celular. acho que eu não sobrevivo nem uma hora :~~~~
ResponderExcluirtipo assim.. i need um post novo ><
ResponderExcluirfernando vai largar o ap.
ResponderExcluirQue ele vá e fique por muito tempooo!! HAHAHAHHAH
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