Vem, pensei, tá demorando
demais. O conserto do vazamento na lava-roupas chegava ao fim e nada do
Fernando passar por aquela porta. Merda,
cadê você? Terminei de rosquear o cano na torneira, vedando com um pedaço de
fita isolante. E a minha preocupação cresceu, arrependida de ter falado
qualquer coisa para ele.
O relacionamento dos dois era uma catástrofe – o pai do Fer era do
tipo que nunca tinha dito uma só palavra de carinho pro filho a vida toda,
menos ainda de orgulho. Também não media insulto para criticar, sempre que
queria impor a sua própria moral. O Fer passou a infância toda mudo e, na adolescência,
começou enfrentar o pai, a retrucar. Mas ainda era o seu pai e a opinião dele
ainda importava. O velho conseguia destruí-lo como ninguém. E era isso que me
preocupava.
Vem logo, porra.
Levantei de joelhos no chão e virei a torneira, testando o sucesso da minha gambiarra. Não vazou nem uma gota. Toma essa! Largado sobre o tanque, o meu celular vibrou com um SMS da Clara. Já estava na porta do prédio. Pedi que subisse, ganhando tempo para tomar um banho e para esperar o Fer sair do telefone. Queria estar lá quando a briga dos dois terminasse. Limpei mais uma vez as mãos nos shorts e olhei para o relógio da cozinha – a ligação já durava mais de vinte minutos. Ugh. Molhei o rosto no tanque e lavei as mãos brevemente, as enxugando numa toalha qualquer que pendia no varal.
Levantei de joelhos no chão e virei a torneira, testando o sucesso da minha gambiarra. Não vazou nem uma gota. Toma essa! Largado sobre o tanque, o meu celular vibrou com um SMS da Clara. Já estava na porta do prédio. Pedi que subisse, ganhando tempo para tomar um banho e para esperar o Fer sair do telefone. Queria estar lá quando a briga dos dois terminasse. Limpei mais uma vez as mãos nos shorts e olhei para o relógio da cozinha – a ligação já durava mais de vinte minutos. Ugh. Molhei o rosto no tanque e lavei as mãos brevemente, as enxugando numa toalha qualquer que pendia no varal.
E então fui para a sala, abrindo a porta antes que a campainha
tocasse. Alguns metros adiante, apoiado contra a parede do corredor do prédio,
vi o Fer com a cabeça baixa e o celular ainda no ouvido. Sua orelha já deve tá quente, puta merda. A mão segurava a nuca,
parecia abalado. Me cortou o coração ver ele ter que se submeter a aquilo – a pedir
dinheiro para o pai. Por que cê foi pedir
demissão, moleque?! Mas que droga. Não sabia o que fazer para protegê-lo
daquela situação. Foi quando ouvi o elevador chegar no andar. E aos poucos, o
Fer começou a discutir de volta com o pai, assim que a porta do elevador se
abriu.
A Clara veio na minha direção. E o tom da briga aumentou, o Fer
tinha os olhos vermelhos e molhados – como se estivesse prestes a chorar. Podia
vê-lo frustrado. Secava o rosto nos antebraços, com raiva, e continuava argumentando.
A Clara o notou ali, a uns metros de nós. Aí me cumprimentou, estranhando a
situação toda, e perguntou o que estava rolando. Quis saber se tinha algo a ver
com a Mia. E eu disse que não, atenta ao que o Fer estava dizendo – sem
explicar direito. Ele já tava fora de si, discutindo de volta.
_E EU SOU O QUÊ? FALA! – gritou com o pai no telefone, irritado – E
EU SOU O QUÊ, PORRA?!
Coloquei a Clara pra dentro do apartamento, falando baixo – “vem”. A última coisa que o Fernando precisava era de plateia. Então entramos. Ela ficou esperando no meu quarto e eu fui tomar o meu banho. Não demorei muito. Tornei a entrar no quarto e me troquei rapidamente, já com fome. A Clara mexia no meu celular, meio à toa. Saímos para a sala nem cinco minutos depois. E ao passarmos pelo sofá, vi o Fer sentado, fumando um baseado e já sem o celular nas mãos. “Espera um minuto”, pedi para a Clara, “deixa eu falar com ele”.
_E aí? – sentei ao seu lado, preocupada – Quão ruim foi?
_Ah, foi uma bosta – resmungou – Já sabia que ia ser...
_O que ele disse? Não vai emprestar?
Coloquei a Clara pra dentro do apartamento, falando baixo – “vem”. A última coisa que o Fernando precisava era de plateia. Então entramos. Ela ficou esperando no meu quarto e eu fui tomar o meu banho. Não demorei muito. Tornei a entrar no quarto e me troquei rapidamente, já com fome. A Clara mexia no meu celular, meio à toa. Saímos para a sala nem cinco minutos depois. E ao passarmos pelo sofá, vi o Fer sentado, fumando um baseado e já sem o celular nas mãos. “Espera um minuto”, pedi para a Clara, “deixa eu falar com ele”.
_Ah, foi uma bosta – resmungou – Já sabia que ia ser...
_O que ele disse? Não vai emprestar?
O Fer tinha os antebraços apoiados nos joelhos, sentado com as
pernas espaçadas. Tirou o baseado da boca, o segurando na ponta dos dedos e
soltou a fumaça. Tinha colocado a camiseta de novo e as tatuagens apareciam sob
as mangas enroladas nos braços. Passou a mão pela cabeça raspada, frustrado, com
um ar de derrota.
_Ele quer que eu volte, né... Quer que eu vá morar lá com eles, não
sei – abaixou de novo a cabeça – Ia ajudar não ter que pagar aluguel e a
comida, posso pegar uns freelas e ir me virando com o resto, com o carro e tal.
Mas, sei lá... – suspirou – ...ia ser foda. Mesmo que fosse só por uns meses,
cara, não me bico com o velho. Não dá.
_Você não precisa sair, Fer...
_Como não?! – se exaltou – Ele não vai dar a grana, não vai emprestar nada! É UM FILHO-DA-PUTA! ELE NÃO TÁ NEM AÍ! – chutou a mesa de centro à sua frente – Cê sabe disso, velho! Ele só quer mostrar que eu sou um bosta, provar que eu não sei fazer porra nenhuma!!
_Não, meu. Calma. Eu vou pegar com os meus pais este mês, fica pelo menos mais um aí e a gente...
_DE QUE JEITO?!? EU NÃO TENHO GRANA, MANO!!
_Não sei, mas... – hesitei, aflita – C-cê não precisa sair agora, porra, a gente vê um j...
_Não, mano. Não. Não vou ficar te atrasando a vida também! Já te devo pra caralho, meu, para! Cê já fez até o que não podia, já fez demais. Não quero que cê comece a se endividar também, mano.
_Não é assim, meu.
_Não, já tá decidido – me cortou – O aluguel tá aí, cê precisa correr atrás de alguém pra dividir. Nem que seja só por uns meses. Depois eu volto, a gente vê o que faz. Não sei...
_NÃO! NADA A VER! – senti um aperto no peito, de repente – Eu moro com você, porra! Não vou dividir com outra pessoa! Nem deixar você ir morar com o sociopata de merda, caralho, nada a ver. Nada a ver mesmo! – o contrariei – A gente se resolve, foda-se, mas você fica, Fer.
_Meu, não vai ser tão ruim... – ele forçou um sorriso, ainda abatido, e brincou – Pensa, divide aí com a Clarinha...
_Deus me livre!
_Você não precisa sair, Fer...
_Como não?! – se exaltou – Ele não vai dar a grana, não vai emprestar nada! É UM FILHO-DA-PUTA! ELE NÃO TÁ NEM AÍ! – chutou a mesa de centro à sua frente – Cê sabe disso, velho! Ele só quer mostrar que eu sou um bosta, provar que eu não sei fazer porra nenhuma!!
_Não, meu. Calma. Eu vou pegar com os meus pais este mês, fica pelo menos mais um aí e a gente...
_DE QUE JEITO?!? EU NÃO TENHO GRANA, MANO!!
_Não sei, mas... – hesitei, aflita – C-cê não precisa sair agora, porra, a gente vê um j...
_Não, mano. Não. Não vou ficar te atrasando a vida também! Já te devo pra caralho, meu, para! Cê já fez até o que não podia, já fez demais. Não quero que cê comece a se endividar também, mano.
_Não é assim, meu.
_Não, já tá decidido – me cortou – O aluguel tá aí, cê precisa correr atrás de alguém pra dividir. Nem que seja só por uns meses. Depois eu volto, a gente vê o que faz. Não sei...
_NÃO! NADA A VER! – senti um aperto no peito, de repente – Eu moro com você, porra! Não vou dividir com outra pessoa! Nem deixar você ir morar com o sociopata de merda, caralho, nada a ver. Nada a ver mesmo! – o contrariei – A gente se resolve, foda-se, mas você fica, Fer.
_Meu, não vai ser tão ruim... – ele forçou um sorriso, ainda abatido, e brincou – Pensa, divide aí com a Clarinha...
_Deus me livre!
Ela logo recusou, do outro lado da sala. Engraçadinha.
_Não, nem a pau... – retruquei, mais uma vez – Fer, esquece essa ideia!
Sério. Mais tarde eu tô aí e a gente pensa em alguma coisa. Cê num inventa de
levar suas tralhas pra lugar nenhum... Tá me ouvindo?!
_Tá. A gente vê, vai lá, vai. Vão almoçar... – ele sorriu, sem muito ânimo – ...eu vou pra Mia também. A gente se fala mais tarde...
_Tá. A gente vê, vai lá, vai. Vão almoçar... – ele sorriu, sem muito ânimo – ...eu vou pra Mia também. A gente se fala mais tarde...
FM toda solidária e engolindo todas as merdas que disse pro Fer, awn! Simpatizo tanto com ele que fiquei morrendo de dó. Quero mais, Mel!
ResponderExcluirTambém fiquei morrendo de pena do Fer :( hahah. E a Clara super delicada hahaha. Quero só ver o próximo!
ResponderExcluirFODA! É foda imaginar um cara tipo o fer, td tatuado, chorando e puto e ai. <\3
ResponderExcluirConheço de perto "pais" assim. Ja vi oq podem causar, destroem msm uma pessoa. É uma merda!!
GFM td linda preocupada. Quero mais (2)
ah meu, ele é um babaca de ter se demitido, sabe. mas da uma pena imensaaa de ver esse tipo de relacionamento. a gente se apega nas personagens, sabe :~~ hahahaha
ResponderExcluirmas ele ñ pensou, neam.. ñ foi de proposito!! tou com o fer.... ñ qro q se separem ://
ResponderExcluirQue post triste. E tão, tão real ♥
ResponderExcluirÉ assim que se resolvem as coisas... amigos não são só nos momentos que tudo esta numa boa, amigos são pra essas horas onde parece que nada dá jeito!! Eu gosto muito do Fer, não acharia justo ele se dar mal nessa historia!! E a FM mais uma vez mostrou seu lindo caráter!! >.<
ResponderExcluirÉ pecado querer o Fer longe pra ver se a Mia e a FM se entendem? :(
ResponderExcluirFico bonitinho um falando não pro outro. 'Não, eu vou'. 'Não, vc fica'. 'Não, nd a ver'. kkkk
ResponderExcluirPS- Quero o FB da Clara! Libera aí, Mel!!
Owwnnn, Fer!! :((
ResponderExcluirmia vai morar no ap, tenho dito!
ResponderExcluirVou apanhar por essa: eu pegava o Fer.
ResponderExcluir"Anônimo" pode pegar o Fer meu de boa, imagina, fica á vontade =) ... Ou então, que horas a Mia sai da facul mesmo? hehe
ResponderExcluirFer vai pra casa da Mia, vai conversar... e a solução será: mia por uns tempos no ap! UHUL!
ResponderExcluirps: Campanha "Libera o Face da Clara aí, Mel" HAHAHAHAHAHA. (ri muito)
Se a Clara deixasse hahahaha
ResponderExcluirMas acho que não faz muito sentido a Mia ir pro apê, ela tem irmãos?! Acho que os pais dela não aprovariam por hora, possivelmente ela só estuda, era como arcar como uma aventura.
E o blogger engoliu meu comentário do outro post, thanks servidor.
Fico mó bolada vendo essa situação, fiquei puta com a atitude imbecil do Fer, mas tb não curto vê-los sofrer.
Amei a descrição da agonia dele.
Nossa, eu achei o Fer tão idiota no outro post, mas agora deu a maior pena dele :/
ResponderExcluirE foi lindo ver a FM dando a maior força... Olhando assim a amizade deles, como ela pode pegar a Mia? Só sendo muito amor mesmo, pra ficar com ela, viu? ...
Espero que ele não vá embora enquanto a FM estiver fora.
Tô triste por ele e quero mais.
Uau, cadê o orgulho nessas horas? hahaha
ResponderExcluirTodas querendo que a Mia divida o apê com a FM enquanto o Fer fica no pai dele SHAIUSHA Mas certeza que a Mel não vai facilitar as coisas assim, né Mel? Aposto que talvez as coisas vão por um caminho diferente. Sei lá meu, agora não sei mais de nada, só sei que tá muito bom meu. Próximo por favor!
ResponderExcluirQuem nunca fez merda, né...
ResponderExcluirEngraçado a frase que você escolheu para ressaltar da discussão dos dois, me fez realmente no que estaria rolando na conversa. Deu um sentimento ruim, como se o Fer ainda tivesse a sua personalidade muito esmagada pelo pai. É um relacionamento problematico, este post mexeu comigo, por motivos que nem eu estou pronta para aceitar. Enfim, ótima escritora! Você é foda mel, continue nos iluminando com a forma precisa com que você escreve...
ResponderExcluirmais =D
ResponderExcluirPoxa, deu uma vontadezinha de abraçar o Fer! Eu bem sei o que é ter um relacionamento complicado com os pais.
ResponderExcluirEspero que o Fer não vá embora, pra FM ficar com a Mia.
Preciso dizer que ta incrível??rs
ResponderExcluiradorando a viagem da MEL pra NZ,ela não está mais assídua com os posts pessoal?hehe.bem que ela poderia postar fotos da viagem :p.
Mia morando com FM, AGORA! :D
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