novembro 25, 2012

Vem então, caralho

Puta merda, respirei fundo e esfreguei a mão no rosto, desconcertada.
 
Não fala assim, desgraça, olhei de volta para a Mia. Observando-a colocar aquela sua boca ao redor do cigarro. E caralho, não queria me deixar levar de novo – mas quase conseguia sentir o seu calor ao redor dos meus dedos, numa lembrança nada silenciosa de dias antes. Da sua respiração ofegante contra a mesma porra de sofá onde estávamos sentadas agora, enquanto a música se misturava aos nossos gemidos, ao som do meu coração batendo forte no meu peito. Engoli seco. Senti a temperatura do meu corpo subir – “foi, é?”.
 
E a Mia sorriu. Aí tirou o filtro da boca, me encarando de volta:
 
_Tinha esquecido como era com você...
 
Maldição. Senti meu coração negociar com a minha cabeça e a situação começou a sair do meu controle. Numa curiosidade cretina. E olha, até que eu estava indo bem até então, não tinha intenção de realmente trair a Clara quando abri a porta para aquela desgraça de mulher, não de novo, mas... porra.
 
_Hum – apoiei a cabeça no encosto, virada para ela – E como que é comigo?
 
Perguntei, curiosa. Aí a Mia deixou um sorriso escapar no canto da sua boca. Eu já não conseguia tirar os olhos dela. Coloquei a mão sob minha própria camiseta, a deslizando lentamente pela minha barriga – numa vontade inconsciente de tocar a pele dela. Então a Mia se moveu na minha direção, devagar, deslizando os joelhos pelo sofá. E eu sabia o que ia acontecer a partir daí, inferno, assim como sabia dias antes. Ela subiu no meu colo, com o cigarro aceso entre os dedos. E eu deixei, cacete. Deixei.
 
Se curvou sobre meu rosto, como quem ia me beijar, mas sem realmente o fazer – com os antebraços apoiados no encosto atrás da minha cabeça. E seus lábios se entreabriram, me instigando. Filha da puta. Com a boca a centímetros da minha, naquele ir e vir delicioso, sabe como? Criando tensão. Nuns segundos que pareciam só aumentar a expectativa de um beijo entre nós. Naquele jogo de hesitação. E então respondeu, a meio centímetro de mim, sussurrando no meu ouvido – “você sabe como”.
 
E sem tirar os olhos dela por um segundo, já com um tesão desgraçado, comecei a abrir o meu cinto.

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