março 25, 2013

3 Bit Blues

A madrugada se desenrolou complicada, numas brigas e reconciliações regadas a álcool. Nos perdoamos contra a parede suja do banheiro. E nos desentendemos na saída, numa calçada cheia de garotas e moleques de uns 20 anos, que não entendiam uma palavra do que dizíamos. Durou dez minutos. Fizemos as pazes no táxi de volta. A sua mão entrou na minha calça, no escuro do banco de trás. Ainda assim, a Clara se deprimiu ao chegar no quarto, fumando um baseado que descolara com um dos amigos. Estava silencioso demais. Entrou numa brisa errada, numa paranoia embriagada, numa dessas crises de ansiedade – e me culpava, falando irracionalidades induzidas por toda a bebida e aquela bad trip.

_Não, vem – eu sussurrava, a segurando em meus braços.

Sentia-a se desvencilhar e a Clara levantava da cama, em um desespero alcoolizado de fazer algo. “Senta aqui, vai”, eu tentava argumentar. Lutando contra o sono e a minha própria bebedeira. Sequer sabíamos por que discutíamos – não se tratava mais da Mia. A Clara sequer se lembrava do ocorrido. Se agitava. Por outros motivos, mais abstratos. Eram frustrações, pequenos instantes transformados em angústias, desacordos; amplificados pelos arredores e bem desproporcionalmente pelas substâncias em nossas veias. E cada curva que a madrugava dava parecia assumir uma forma completamente nova, nuns dimorfismos carregados. O sol quase nascia e ainda estávamos alucinadas, acordadas em plenas 6 da manhã naquele quarto claustrofóbico.

_Vem pra cama, linda.
_Eu não m-me, me sinto bem – choramingava, ofegante, curvada em pé contra a parede.
_Cê tá bêbada, vai, vem. Cê vai se sentir melhor amanhã! Eu prometo.
_Eu n-não... quero.
_Não quer o quê? – eu perguntava, sentada no colchão; os meus olhos quase fechando de tão pesados.
_Me sentir melhor, eu... e-eu não quero.
_Não fala assim, Bi. Vamos!
_...
_Bi... – me levantei também e a abracei pelas costas – ...vamos, vai. Não faz assim.
_E O QUE VOCÊ SABE?! – se irritou.
_Clara...
_VOCÊ NÃO SABE DE NADA! DE NADA, PORRA!
_Clara, para... – ela se agitava e eu a segurava ainda mais forte, tentando fazer com que se acalmasse – ...eu tô aqui, vamos lá. Não começa com isso de novo.
_TÁ TUDO ERRADO. TUDO. Eu sou uma estúpida!
_Não é. E não é assim. Vamos, vai... cê tem que deixar a brisa passar, meu. Cê já sabe como funciona, linda, vai passar. É só a gente dormir... vai ficar tudo bem.
_Eu n... e-eu não quero, Bo. Eu não posso. EU NÃO QUERO FICAR AQUI! ME TIRA DESTE QUARTO! POR FAVOR! Eu não consigo ficar aqui...
_Consegue, sim. Vem. Deita comigo, a gente conversa até o sono chegar.
_EU NÃO QUERO! Eu não q... – começou a chorar, bêbada.
_Não pensa nisso, linda. Tá tudo bem, vem.
_...

Um instante de silêncio se seguiu. E eu lhe tirei aos poucos a blusa, os shorts, os largando no chão. Aí a coloquei debaixo do lençol, com todo cuidado que a minha falta de sobriedade permitia. E deitei então ao seu lado, virada na sua direção. “Você me acha louca?”, ela indagou num cochichar baixinho, quase constrangida. “Nem um pouco”, garanti. E me pus a contar todos os meus surtos de outras madrugadas, pela Augusta afora em São Paulo. A Clara esboçou um sorriso. 
 
Se divertia com as minhas histórias, com o mais podre de mim. Porres homéricos, brigas alucinadas. Horas e horas de autopiedade na cozinha vazia, entornando um copo de rum atrás do outro. Contei da vez em que impedi que a Dani tomasse remédios demais, depois de uma madrugada bêbada, completamente deprimida e fora de si. A Clara segurou o meu rosto, com carinho. E em seguida, descrevi a noite em que eu mesma misturei mais do que devia, alguns anos antes. Tive a certeza de que ia morrer, gritei e chorei incansavelmente; o Fernando ficou horas acordado ao meu lado, no chão do apartamento.

_Sempre passa. E aí cê jura que nunca mais vai beber... fumar, fazer porra nenhuma.
_Até a semana seguinte... – ela sorriu, por um instante.
_É.

O clima agora estava mais calmo, mais sóbrio – em todos os sentidos. O seu nariz tocava desavisadamente a ponta do meu. Numa lentidão cansada. Um milímetro mais para cá. E outro milímetro para lá, num deslizar bobo. Nuns vai-e-véns inconscientes. Sonolentos. Aquelas nossas conversas e o toque da sua pele me faziam sentir em casa. Havia uma cumplicidade genuína entre nós, um ser e falar absolutamente livre de julgamentos. De certa forma, o relacionamento que tinha com a Clara era o mais sincero que eu já tinha tido. Mas de outras formas, não. Sabia que aquele era meu mundo – ali, com ela. E havia conforto em saber disso. Na certeza de que nos encaixávamos. Movi o meu corpo mais para frente e a encontrei adiante, num beijo instintivo. Num desencadear.
 
Estávamos exaustas.

33 comentários:

  1. É. Momentos tensos estão por vir. :S

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  2. NÃO!!!!!!! ELAS NÃO PODEM SE SEPARAR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! =( =( =( =(

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  3. Noooss , que neura, gente ?! Porra, esquece a Mia, pelo menos em Buenos Aires!

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  4. mewww, foi tao lindo a fm cuidado dela. não faz isso, mel!! nao faz elas brigarem!!!! elas sao perfeitas juntas :///

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  5. A cumplicidade delas é linda <3 vão superar a boca grande da FM!

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  6. Elas são perfeitas juntas *-*

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  7. FM, pelo amor de qualquer coisa, nao consiga estragar tudo!!!

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  8. FM cuidando ao invés de ser cuidada.. novidade isso!

    E elas são bonitinhas juntas, mas ainda prefiro os lances com a Mia! :X

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  9. Ah não! :(((((((( a Clara é perfeita demais pra sofrer, pfvr não!

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  10. Ela vai falar né ? A Clara não vai aceitar essa acho.

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  11. A FM vai falar e a Clara não vai aceitar isso, uma pena acho que Buenos Aires será o fim dessa história, a Clara vai superar o fato de todo tempo a Mia ter feito parte do relacionamento das duas. Mas a FM e tipo eu bocuda. posta logo Mel.

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  12. game over! conta tudo agora, mulher!

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  13. OMG!! Coração doendo de ver a Clara assim...
    Ansiedade em 100% pelo proximo post!!
    Mel como sempre perfeita!! Obg!!
    (ANA CURI)

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  14. Tá. OK. Agora FM fala e pronto, acho que Clara não vai aceitar. Ou vai mentir e se enrolar MUITO...mas acho que não consegue.
    E me perdoem, porque estou gostando de ver FM na posição que era - ou é, ja nem sei mais - da Mia, de estar entre dois amores.
    Não é fácil...
    TeamMia forever :))

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  15. Viiiiiiiiiiiishhh agora o pau come!!!

    até que enfim se tocou ehn!!! putsquelamerda!!!shaushuahsuah

    ps: aiii acho tão opressivo esse "tão minha..." sei la... só foi um sentimento!

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  16. Melissa de Miranda, tu já vai acabar com o romance da Clara e FM?! SACANAGEM! se isso acontecer, eu vou chorar :'(

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  17. Isso! Dá tchau p/ Clara. Quero a MIA p/ ontem!!!

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  18. Não, gente, não!
    Eu ainda to com raivinha da FM pela merda q ela falou, mas não significa q quero ela longe da Clara!
    Sério, se elas se deixarem eu vou chorar muitoooo!!
    Por favor!
    Essa FM é, como ela se define, UMA FILHA DA PUTA IDIOTA!!
    Por favooooor....
    Seja boa com a Clarinhaaa!!!

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  19. QUE PERGUNTA FOI ESSA? NO QUE ELA ANDOU PENSANDO?
    Momentos de tensão... Posta URGENTE, MEL!

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  20. Não, por favor, não. Preciso delas juntas <3 rs

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  21. Pô, separar as duas vai ser uma sacanagem da porra...

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  22. Tenso... enfim, parece que elas terão uma conversa "adulta" e séria... Diz logo que vc ama a Mia...

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  23. Gente, acho que não tem saída. Tava se estendendo demais toda essa situação. Uma hora a FM tinha que falar de verdade todo esse lance com a Mia. Acho super necessário entrar nessa fase da história.

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  24. Apesar de gostar da Clara, é pela Mia que torço! rs

    E creio que vai ser bem mais tenso quando o Fê souber! Aí sim!

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  25. Ae, porra! Team Mia always!

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  26. Mia, Mia, Mia!
    Love you forever <3
    De volta a São Paulo e à Mia,FM! go,go,go!

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  27. completamente empática com o sentimento doído de deixar a Clara ir embora, Mel. tou triste, rs!

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  28. "-O que... tem entre você e a Mia?"

    Só a Clara que não percebe o que tem entre elas... tem tudoooo...

    Mia.. Love, love, love.. always!

    (By: R.R.)

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