Desembarcamos, eu e as minhas más intenções, numa ruazinha
inclinada de Perdizes. Apto 42. Roberta. Esse era o nome da garota que eu
estava prestes a sacanear por motivos totalmente egoístas. A mesma que
provavelmente me chutaria de volta para Baixo Augusta caso descobrisse que
alguma vez a imaginei como uma vítima indefesa da minha própria falta de integridade
– que era exatamente o que eu estava pensando, parada em frente ao interfone do
seu prédio.
Quarto andar e nem um fucking elevador. Como eu odeio
esses prédinhos namastê de Perdizes. Muitos degraus depois e a Roberta abriu
a porta. Encostou no batente como se já me esperasse há algum tempo e eu sorri.
Um sorriso sincero, feliz de revê-la. A Rô tinha aquele jeito dyke de ser, cabelo curtinho descolorido
e uns braços fortes. Irresistível. Com o tempo, tínhamos desenvolvido certa cumplicidade
uma com a outra, mas algo me impedia de estar realmente com ela – minha falta de maturidade, provavelmente.
Ela tinha crescido no interior de São Paulo. Foi uma dessas
adolescentes meio pós-punk que ouvem EBM, vêm para a capital e aí entram na
cena hardcore eletrônica. Sabe? Uns anos depois, caiu nuns sons
experimentais depressivos – não sei bem explicar. Mas eu gostava. Gostava de
tudo nela. E o sexo era de fazer qualquer uma agarrar os lençóis até rasgar. Também
gostava de pensar que era para isso que nos ligávamos, de tempos em tempos,
ainda que provavelmente essa fosse só a minha perspectiva. E não a dela.
_Então quer dizer que você ainda tá viva? – ela perguntou de
braços cruzados, rindo, ainda encostada no batente.
_É... E-eu andei meio ocupada, sabe como é. Puta correria no trampo.
Mentira. Ela levantou a sobrancelha como se não
acreditasse em mim, ainda rindo, e em resposta eu a beijei contra o batente. Meu deus, me afundei no seu gosto,
como eu precisava disso. Tem umas bocas que simplesmente se encaixam, não
é? É. E é viciante. Ela me puxou na sua direção e eu sorri, assim que o
beijo terminou.
_E aí, posso entrar? – perguntei, fazendo graça; e como se já
soubesse a resposta, fui me dirigindo para dentro do apartamento.
_Na verdade... – a Roberta me segurou, tirando as chaves do bolso – Eu tava saindo agora mesmo pra almoçar. Vamos?
Espera. Quê?, fiquei
parada olhando para ela.
Não. Não, não. Não! Não,
a encarei sem reação, pega de surpresa. Você
não tá entendendo, gata, eu preciso de horas intermináveis de sexo lésbico da
mais baixa categoria. Sujo. Sujo mesmo. E preciso agora! Lembra da vez que você
apareceu de madrugada na minha casa sem avisar, interrompeu um encontro meu e a
gente se comeu na escada do prédio, às escondidas? Pois eu preciso disso. Pior
do que isso. Cem vezes isso. O mais sujo de nós duas juntas, eu preciso atingir
novos níveis de inconsequência. Trepar até esquecer a porra do meu nome, entende?
_Tá. Mas primeiro... – a encostei de volta contra o batente da
porta, sem me dar por vencida – ...p-primeiro, vamos só lá dentro um pouquinho,
vai? Aí a gente decide direito o que vai comer...
Cafona, eu sei. Mas a Roberta riu e colocou os braços ao meu
redor, de novo. E nos beijamos demoradamente. Nuns beijos assim, gostosos,
desses que te fodem a cabeça. Eu estava pronta para tirar a roupa ali mesmo. Danem-se os vizinhos e os bons modos, a
porra toda. Estava desesperada por qualquer coisa que me ocupasse a boca
as mãos a mente o corpo o coração. Mas enquanto eu descia
pelo seu pescoço, deslizando os lábios pela sua pele na maior sacanagem, a Roberta
se aproximou do meu ouvido e respondeu:
_Hum. Eu tô morrendo de fome... – sussurrou bem lentamente e
aí me olhou, mais séria, segurando o riso – É sério. Eu tô mesmo morrendo de
fome. Vamos?!
Filha da
puta. Aquilo era vingança. Eu podia ver
ela se divertindo com a situação e achando graça na minha nítida cara de
frustração. Isso porque, dez minutos antes, eu estava plantada em frente ao seu
prédio imaginando-a como uma vítima indefesa da minha arrogância. Pois é. Agora eu que era arrastada para
um almoço totalmente inoportuno, a três quadras dali, com fogo nas calças e a
cara mais emburrada do mundo. Isso não tá acontecendo, comecei a rir,
indignada.
Que ironia.
_É... E-eu andei meio ocupada, sabe como é. Puta correria no trampo.
_Na verdade... – a Roberta me segurou, tirando as chaves do bolso – Eu tava saindo agora mesmo pra almoçar. Vamos?
Huahsausahshauha vc ñ prestaaaaaaa!!bem feito pra ela, adorei haushasuasa
ResponderExcluirescreve maisss logo! qro saber no q deu =D
bju
Caralho, vc escreve mt bem.
ResponderExcluirTô adorando tudo *-*
Tambem velho você escreve muito bem mesmo.hsuahsaush'
ResponderExcluirMinha vida ta a mesma que a sua
hsauhsauhsauh'