Na quinta-feira, foi a comemoração do aniversário do Marcos. O
cara era um dos melhores amigos do Fer – nós três estudamos juntos desde o fundamental
– e esse era um dos únicos motivos que me fariam pisar num barzinho hétero da Vila
Olímpia por escolha própria. Poucas coisas nesta vida me dão mais preguiça do
que os publicitários e os jovens empresários da Berrini amontoados em um só
lugar. Cruzes.
Pra variar, eu estava sem grana para comprar um presente. Então
descolei uma fotografia cool nas
sobras do estúdio e escrevi um pequeno depoimento – de coração – por cima da imagem, usando-a como cartão. O Fer
passou para me pegar no trabalho e fomos de carro até lá. Ao contrário de mim,
ele levava um pacote quadrado e fininho embrulhado no banco de trás. Algum
vinil raro, presumi. Depois do Fernando, o Marcos era provavelmente o
segundo maior colecionador entre nossos amigos.
Chegamos com um atraso significativo no bar, ainda que eu e o Fer tivéssemos
nos empenhado em afugentar todos os pedestres e demais motoristas do nosso
caminho – com palavrões, berros e gestos obscenos. É. O Fer era um tanto
quanto “esquentado” no volante e eu me juntava aos resmungos só por diversão.
Mas, apesar das muitas buzinas, a nossa entrada triunfal no aniversário só aconteceu
quase uma hora após o início do happy hour.
A mesa estava lotada. Aquilo parecia uma viagem ao passado –
incluindo todas as garotas que eu havia corrompido durante o colegial, agora
sentadas ao lado dos seus respectivos namorados. Também estavam lá todos os nossos
amigos antigos, ex-punks convictos e
atuais assalariados responsáveis. Ou quase.
Com exceção do aniversariante da noite e alguns poucos aqui ou
ali, a maioria não me interessava muito. O Fer, por outro lado, se mostrou
rapidamente interessado na garota sentada ao seu lado – a idiota da Júlia, uma ex-namorada pegajosa que ele não
via há um tempo e de cuja existência me recordei com bastante desgosto. Era um
antigo “grande amor” do Fer que tentou afastar ele de todas as suas amigas
mulheres, o que me incluía. Para piorar, a infeliz tinha se tornado uma dessas minas
indie, sabe, com alargadores pequenos e o corte de cabelo Playmobil. Que
ranço.
Começamos a beber e, por algum tempo, as conversas saudosistas na
mesa me distraíram. Mas algo começou a me incomodar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se tiver gostado do post, deixe um comentário e faça uma blogueira feliz :) obrigada, meninas!