fevereiro 01, 2010

Desastre

Quando atingimos a marca do oitavo ou nono chopp, eu já estava consideravelmente fora de mim. Olhei na direção do Fer e o vi completamente bêbado, debruçado sobre a tal da Júlia. Ambos riam de qualquer coisa, próximos demais. Íntimos demais. Abaixei o olhar e vi a mão dele apoiada na perna dela – ah, desgraçado. Levantei imediatamente, sentindo uma revolta meio infundada, e fui até eles. Puxei o Fernando para fora da mesa, fazendo com que ele me seguisse até a lateral do bar. E assim que nos afastamos de todos, me virei na sua direção:
 
_O que diabos cê tá fazendo??
_O que diabos VOCÊ tá fazendo? – ele retrucou, sem entender porra nenhuma.
_COM AQUELA GAROTA, FERNANDO!
_Nada, caralho! Tamo conversando!
_CONVERSANDO?! COM A MÃO NA PERNA DELA?
_QUAL É O SEU PROBLEMA, PORRA?!
_E a Mia? – o encarei, furiosa.
_O que tem a Mia?!
_Como o que tem, mano?!
_Velho, eu não tô fazendo nada! – ele contestou – Me deixa...
_CÊ TÁ PRATICAMENTE COMENDO A MINA NA FRENTE DE TODO MUNDO!
_E POR QUE CÊ SE IMPORTA, CARALHO?
_PORQUE A MIA NÃO MERECE ESSA MERDA!
_Mano, qual é a sua?! Juro que não entendo... – ele riu, debochado – Cês duas vivem brigando, porra, agora cê vai agir como se desse a mínima e vir com esse discursinho para cima de mim?!?! É de foder!
_Quê?! A gente não vive brigando! – me indignei – De onde você tirou isso?
_Sei lá, porra! Primeiro ela tá falando com você e depois não tá mais falando e aí vocês são melhores amigas de novo e depois brigam por algum motivo misterioso e então fazem as pazes… – começou a resmungar, bêbado – Nunca vi tanto drama!
_E o que isso tem a ver com a Júlia, mano?!
_NADA! Essa é a questão! – ele riu, nervoso – Por que cê tá tão brava, meu?
_Só não quero que você faça nenhuma besteira... – cruzei os braços, no auge da minha hipocrisia.
_Besteira? VOCÊ não quer que eu faça alguma besteira? Olha quem fala, a integridade em pessoa!
_Cê tá bêbado, Fernando…
_VOCÊ TAMBÉM TÁ!
_BOM, PELO MENOS, EU NÃO TÔ ME JOGANDO EM CIMA DE UMA IDIOTA QUALQUER AÍ!
_É! POIS É, O QUE ACONTECEU? TÁ DOENTE POR ACASO?! – fez graça, puto da vida – Porque, olha, não faz muito o seu tipo...
_Vai se foder.
_MANO, VAI SE FODER VOCÊ! POR QUE CÊ TÁ BRAVA COMIGO? NÃO FIZ NADA, CARALHO!
_AINDA, NÉ?!
_CUIDA DA SUA VIDA, MANO!
 
Fiquei quieta. Ele tinha razão – eu devia mesmo cuidar da minha própria vida e não ficar me metendo na dele. Não sabia por que estava tão irritada de ver ele se engraçando com alguma ex insignificante. O problema era que eu conhecia o Fernando e sabia que ele não era a pessoa mais confiável do mundo quando se tratava de autocontrole e de Júlias-da-vida. Aquilo era sacanagem com a Mia e eu sabia.
 
O que eu não entendia era como eu – logo eu – podia me incomodar com um possível problema no relacionamento deles. Eu devia era estar incentivando, pensei. Mas eu simplesmente não conseguia. Parte de mim não queria que ela passasse por isso. Que ironia, não é?
 
_Eu quero ir embora. Agora. E você vai junto – decidi.
_Tá, que se dane! Cê já estragou essa bosta mesmo...
 
Entramos no carro, batendo as portas, e fomos. Sem trocar uma só palavra até a Frei Caneca.

2 comentários:

  1. não tem graça acabar de ler e não ter mais...

    até porque, atualmente, é a melhor distração relacionada a internet.. hehehe

    Me gusta el blog y la donã ♥
    Rrr! ;*

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  2. Detalhes e mais detalhes!!!
    Adoro isso!!!

    Qro mais!!! Kd vc no msn!?

    Bjusss

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