_PORRA, QUE MALA, MEU!
Viramos a esquina e a Mia riu, aliviada, se metendo noite afora comigo
pelas ruas do Itaim. Colocou o braço sobre o meu ombro e pôs todo peso em cima
de mim, caminhando completamente bêbada. Satisfeita com o escracho que demos no
cara. A gente ria e se olhava – caralho. Que mulher. Nem eu conseguia
explicar o tesão que me dava ver a Mia entrar numa treta daquelas comigo e
calar a boca do cara. Que se dane. Poucas coisas superavam aquilo.
Quase não tinha pessoas naquela ruazinha do Itaim. Assim que
passamos por elas, peguei a Mia pela cintura e a encostei contra o muro de um
prédio qualquer. Ela sorriu, me puxando também para perto dela. E nos beijamos.
Num desses beijos impulsivos, ainda tomadas pela adrenalina da discussão no
bar. “Cê acha que ele vai vir atrás da gente?”, a Mia cochichava. E a gente
ria, entre um beijo e outro – “não”.
Apoiei uma das mãos no muro e coloquei a outra em volta da cintura
dela, descendo com a boca pela sua orelha até o seu pescoço. E de repente, a
Mia se ergueu em pé e tocou o meu ombro, como se indicasse para eu parar. Merda.
Olhei para o lado na mesma hora, com a certeza de que era o idiota de novo, mas
não tinha ninguém ali – só uma senhora na calçada oposta. Por que paramos
então? Olhei para a Mia e ela tinha o olhar fixo na velhinha. Em cada passo
que ela dava. Só então me dei conta de que o problema era ela.
Achei graça.
Essa é a minha vida agora, pensei com certa ironia, tretando
com marmanjo e me escondendo de velhinhas.
Comecei a rir. A Mia acompanhava cada metro andado, com as mãos
bem longe de mim. Ficamos ali paradas, em pé, em silêncio. Tirei o maço do
bolso e me apoiei no muro, ao lado da Mia, esperando a senhora passar. Ela
caminhava vagarosamente do outro lado da rua, já quase de costas para nós.
Acendi um cigarro, me divertindo com a situação. “Quê?”, a Mia perguntou. E eu
sorri para ela, “nada”. A Mia pegou o cigarro da minha mão então e deu um
trago, cruzando os braços em frente ao corpo – aí resmungou, “aquele babaca
ainda me fez perder metade dum cigarro no meio da treta”. “Escroto demais”.
“É”. “Cuzão”. “Desgraçado”. “Cretino”. Nos olhamos, entre um xingamento e
outro, e rimos.
Com a senhorinha a uma certa distância e já fora de perigo, a Mia
ficou em frente a mim na calçada:
_Então, me conta... – ela pediu, então, colocando os braços de
volta ao redor do meu pescoço – ...qual foi a pior briga que cê já entrou?
_A pior? – eu ri.
Balancei a cabeça, achando graça na pergunta, dei um trago e
coloquei as mãos na cintura dela.
_Não sei... – hesitei, sem muita certeza do quanto queria que ela soubesse – ...acho que só quando eu era mais nova. Mas já tretei com muito cara folgado que nem esse aí do bar. Uma vez dei um soco num, lá na Bubu...
_Sério? – a Mia sorriu, como se não valesse um centavo, se divertindo com aquilo – Mas o que rolou?
_Ah, eu tava muito bêbada. Foi uns anos atrás. Tava pegando uma mina e ele tentou entrar no meio, umas duas ou três vezes. Eu empurrava toda vez que ele vinha pra cima, aí a gente continuava se beijando, mas uma hora perdi a paciência...
_Mano... – revirou os olhos – Esses caras são muito nojentos.
_São. Num tenho saco para macho bêbado assim.
Ou sóbrio, aliás.
_Mas e você... Nunca tomou um?
_Um o quê? – achei graça, abraçada com ela ali, apoiada no muro – Um soco?
_É.
_Não. Soco, não... – ri – Já levei tapa.
_Hum. Sei bem que tipo de tapa cê levou...
_Desses também – achei graça, tragando mais uma vez.
_É?
_Ah, meu... – respondi, sem completar a frase, com vontade de beijar ela de novo.
_Mas, espera – ela pareceu curiosa – Dos ruins também?
_Ah, já – ri, arqueando as sobrancelhas – A Dani mesmo já me virou um uma vez. Saindo dum rolê lá em Campinas, a Kraft. Eu e ela já entramos numas brigas bem feias...
_A DANI? A QUE TAVA AÍ?!
_É. Mas faz tempo isso...
_É SÉRIO ISSO?
_Sim, meu, ela tava muito louca no dia...
_Mas, mano, POR QUE ELA TE DEU UM TAPA?!
_Não... – eu ri – ...deixa quieto, eu não vou te contar essa história.
_ME CONTA!
_Não... – me soltei dos braços dela e comecei a andar, querendo mudar de assunto – ...vem, vamos mais para lá.
_NÃO! ME CONTA!
_Sem chance – eu ri, parando na esquina e colocando o cigarro na boca – Por que só eu tô me humilhando aqui?
_Só me conta! – a Mia riu também – E volta aqui, meu, cê não sabe nem onde tá indo...
_Sei, sim.
Atravessei a rua e a Mia apertou o passo atrás de mim, me
alcançando com um abraço pelas costas. Apoiou o queixo sobre o meu ombro, ainda
rindo:
_A gente vai se perder, sua louca!
_Claro que não! – tirei o cigarro da boca e respondi, ofendida – Eu sei onde a gente tá. Tem um bar sapatão a umas duas ou três quadras para lá.
_Sei...
_Tem, mano! Cê acha que eu tô inventando? – eu ri – O Vermont. É aqui pertinho.
_Nunca ouvi falar.
_Olha, não sei como, porque... Só vai umas minas cheias da grana... – a provoquei, tragando e soltando a fumaça para cima – ...tipo você.
_Vai se foder!
_Quê?! Eu curto umas princesinhas... – fiz graça.
A Mia revirou os olhos, indignada. Tentei trazê-la para perto de
mim, enquanto ela se desvencilhava das minhas mãos e atravessava a rua de volta,
na direção do bar, me mandando à merda. Corri para alcançá-la na outra quadra.
Ela já estava a uns cinco metros do limite da calçada, quando a segurei pela
mão. “Vem cá, meu!”. “Não”. Virei o seu corpo e o puxei na direção do meu,
colocando os meus braços ao redor da sua cintura, tomando cuidado para não
queimá-la com o cigarro. “Idiota!”, ela riu, me xingando. Tentei segurá-la para
que não se soltasse e quase caímos no chão, bêbadas. Nós duas não conseguíamos
parar de rir. Ou de tropeçar.
_Retire o que disse! – ordenou.
_Não falei por mal, e-eu disse que gost...
_RETIRE O QUE DISSE!
_Ok, ok. Você não é cheia da grana... – tentei segurar o riso – ...e nem princesinha, tá. Feliz?
_Babaca...
_Ah, é! – dei de ombros – E também não mora com os pais num prédio imenso de um apartamento por andar em Higienópolis...
_Vai à merda!
Ela se indignou, de novo. Eu ri mais ainda e ela me empurrou para
trás, se soltando dos meus braços, se virando novamente para ir embora. Pôs-se
a andar, reclamando bêbada da “impressão errada que eu tinha dela” e o caralho
a quatro, do quanto eu achava que ela “era uma fresca”, mas não chegou a dar
nem dez passos adiante. Eu a segurei, de novo, pela mão e a puxei mais uma vez
na minha direção. Dessa vez, mais apertada ainda nos meus braços:
_Cê é besta, meu? – eu a abracei e a olhei, com seriedade – Eu te
acho maravilhosa, garota.
As palavras mal tinham saído da minha boca e ela me beijou.
_A pior? – eu ri.
_Não sei... – hesitei, sem muita certeza do quanto queria que ela soubesse – ...acho que só quando eu era mais nova. Mas já tretei com muito cara folgado que nem esse aí do bar. Uma vez dei um soco num, lá na Bubu...
_Sério? – a Mia sorriu, como se não valesse um centavo, se divertindo com aquilo – Mas o que rolou?
_Ah, eu tava muito bêbada. Foi uns anos atrás. Tava pegando uma mina e ele tentou entrar no meio, umas duas ou três vezes. Eu empurrava toda vez que ele vinha pra cima, aí a gente continuava se beijando, mas uma hora perdi a paciência...
_Mano... – revirou os olhos – Esses caras são muito nojentos.
_São. Num tenho saco para macho bêbado assim.
_Um o quê? – achei graça, abraçada com ela ali, apoiada no muro – Um soco?
_É.
_Não. Soco, não... – ri – Já levei tapa.
_Hum. Sei bem que tipo de tapa cê levou...
_Desses também – achei graça, tragando mais uma vez.
_É?
_Ah, meu... – respondi, sem completar a frase, com vontade de beijar ela de novo.
_Mas, espera – ela pareceu curiosa – Dos ruins também?
_Ah, já – ri, arqueando as sobrancelhas – A Dani mesmo já me virou um uma vez. Saindo dum rolê lá em Campinas, a Kraft. Eu e ela já entramos numas brigas bem feias...
_A DANI? A QUE TAVA AÍ?!
_É. Mas faz tempo isso...
_É SÉRIO ISSO?
_Sim, meu, ela tava muito louca no dia...
_Mas, mano, POR QUE ELA TE DEU UM TAPA?!
_Não... – eu ri – ...deixa quieto, eu não vou te contar essa história.
_ME CONTA!
_Não... – me soltei dos braços dela e comecei a andar, querendo mudar de assunto – ...vem, vamos mais para lá.
_NÃO! ME CONTA!
_Sem chance – eu ri, parando na esquina e colocando o cigarro na boca – Por que só eu tô me humilhando aqui?
_Só me conta! – a Mia riu também – E volta aqui, meu, cê não sabe nem onde tá indo...
_Sei, sim.
_Claro que não! – tirei o cigarro da boca e respondi, ofendida – Eu sei onde a gente tá. Tem um bar sapatão a umas duas ou três quadras para lá.
_Sei...
_Tem, mano! Cê acha que eu tô inventando? – eu ri – O Vermont. É aqui pertinho.
_Nunca ouvi falar.
_Olha, não sei como, porque... Só vai umas minas cheias da grana... – a provoquei, tragando e soltando a fumaça para cima – ...tipo você.
_Vai se foder!
_Quê?! Eu curto umas princesinhas... – fiz graça.
_Retire o que disse! – ordenou.
_Não falei por mal, e-eu disse que gost...
_RETIRE O QUE DISSE!
_Ok, ok. Você não é cheia da grana... – tentei segurar o riso – ...e nem princesinha, tá. Feliz?
_Babaca...
_Ah, é! – dei de ombros – E também não mora com os pais num prédio imenso de um apartamento por andar em Higienópolis...
_Vai à merda!
lindddooo ... demais sem palavras ...emocionei!!
ResponderExcluirdeixar gurias irritadinhas assim hehehe
ResponderExcluirah, adorei o post
<3
HAUHAU Eu JURO que esperei o 'puta falta de sacanagem ' AHUHAUh
ResponderExcluiraaaaaaaaaaah TeamMia *-*
PERFEITO Own x3
Post maravilhoso!
ResponderExcluirTodos detalhes, a descrição do Vermont, o dialogo foi PERFEITO.... AMEI!!!
TeamDevassa!!! Adoro o jeito engraçadinho dela, não tem como não se apaixonar, ela é ótima! ♥
que bebadas hahahaha, lindo o charminho da mia s2
ResponderExcluirAi que cheirinho de romance no ar ♥
ResponderExcluirBem aquelas sensações de comecinho de namoro, brincadeiras bobinhas e carinho do tamanho do muuundo. Fofo ♥
Amei! :)
ResponderExcluirJá fui nesse Vermont, você falou tudo. rs
Ooowwwnnnn... Me senti tão leve agora, lendo esse post!
ResponderExcluirA Devassa está se mostrando uma pessoa fofa, carinhosinha, por trás de toda a pinta de pegadora. Me lembra um pouco a Shane. Adorei, de verdade!
Me deu vontade de ir correndo mostrar esse post pra minha namorada, eu tenho atitudes parecidas com as da FM, e por ela ter sido recém-convertida ao lado colorido da força (por mim, diga-se de passagem haha) ainda acha graça em certas poses mais de 'macho' que eu faço de vez em quando.. principalmente quando sinto que tem homens tentando chegar nela rs. Super me identifiquei! =)
just...perfect.... li todo o post com um sorriso bobo na cara, hehehe ;D
ResponderExcluirQUE LIIIIIINDO, MEL! Argh, fiquei boba aqui. Às vezes me vejo na Mia UDIHSADHASUYDASHDAS. Mas prefiro o jeito da FM. AUSIDHASUDHASUDSA. Enfim, muito foda. Quero mais! ):
ResponderExcluirAim, tô virando TeamMia desse jeito. *_*
ResponderExcluira mia parece a namorada do meu melhor amigo #hummmmmmmmmmmmm
ResponderExcluirtá, mas eu nao curto ela...
Lembrei muito de um relacionamento passado lendo esse post. *-*
ResponderExcluirQue rodeio pra comer uma mulher meu,tem que levar ela no boteco da esquina jogar sinuca com a turma, tomar cerveja marca diabo,se mesmo assim ela acabar a noite contigo, de uma trepada daquelas,ela só não será tua se não quiser.
ResponderExcluirNossa Sissi, espero nunca encontrar você.... meu que doida! como pode tratar uma mulher dessa maneira...
ResponderExcluirqndo minhas duas lindas, amoo elas demais e dodinha pra que fiquem juntas ;)
rashei com a sissi
ResponderExcluirNossa Sissi, espero nunca encontrar você.... meu que doida! como pode tratar uma mulher dessa maneira...(+1)
Dificil comentar um post já sabendo o futuro... mas não podia deixar passar, né! A cena foi linda Mel! Agora me explica, por que tem "Sapa Velha"(cara, como eu odeio está expressão! Entendo o contexto, mas...) e schiki miki no mesmo lugar?
ResponderExcluirMais que lindo...........................................................
ResponderExcluirsó queria dizer q já são mais de 100.000 "people fucking Mia"
ResponderExcluirsucesso merecido, Mel!
Ach ja! Schike-mike ist soooo Berlinerisch!!!
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