julho 19, 2010

Déjà-vu

Subi uma calça pelas minhas pernas, enfiei minhas tralhas nos bolsos, o All-Star sujo nos pés e fui para a rua sem um puto. É, o Fer tem razão. Parecia que eu não morava mais naquele apartamento. Sempre fui de entrar e sair assim, sem hora ou dia para voltar, mas nunca com a frequência com que andava acontecendo nos últimos tempos. Por que será, né?
 
Naquela tarde de sábado, bati a porta de raiva. De mim mesma ou do Fer – eu não sabia. Que diferença faz? De um jeito ou de outro, era sempre eu que acabava plantada na sarjeta, fumando cigarro atrás de cigarro, sem saber onde meter a minha confusão e a minha cara de pau. Esse é o problema em ter um segredo desse tamanho, pensei, eu sempre pago a merda da conta sozinha.
 
Olhei rapidamente para o celular, como num reflexo involuntário, e revirei os olhos com desgosto. Ela não vai te escrever, sua idiota. Coloquei aquela droga de novo no bolso, frustrada. E tornei a tragar o meu cigarro. Argh. Eu odiava essa dependência doentia de alguém. Era a única coisa que eu simplesmente não conseguia suportar nos meus apaixonamentos – esse atrelamento estúpido da minha porra de existência a uma mulher.
 
No caso, à Mia.
 
...à Mia e às memórias daquela quinta à noite. Rodando, de novo e de novo, na minha cabeça. O bar, as ruas do Itaim, o carro na volta, o elevador, o quarto, nossas roupas no chão, ela embaixo de mim, as suas pernas, o seu gosto, as suas mãos, eu embaixo dela, os lençóis bagunçados de manhã, a tranca da porta, as risadas, as conversas preguiçosas, o sorriso dela, o ônibus lotado, o beijo escondido e aquele sentimento bobo, tudo. Cada droga de segundo do lado dela. E agora ela não me escrevia, não falava nada há horas. Mais de 24 horas. Desde que voltou para a sua realidade heterossexual de merda. Para aquele namoro, para aquela bosta daquele namoro. Inferno, Mia, por que você não pega a porra do celular e me responde, caralho?
 
Sentia cada lembrança amargurar dentro de mim, conforme soltava a fumaça pela boca. Argh. Aquilo estava acabando comigo. O fato era que eu precisava me distrair até aquela porcaria de fim de semana acabar – é, isso era fato. O problema, ah, o problema era que eu notavelmente não sabia me distrair de outra forma que não envolvesse álcool ou sacanagem. Especialmente se estava contrariada. E naquele momento, eu ainda me recuperava do porre da quinta à noite. Então, vejam bem, que opção me restava?
 
É. Hora de acordar, São Paulo.

14 comentários:

  1. o meu voto foi para a provável continuação do post.

    mas mesmo assim gostei. :)

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  2. AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!! ELA VOLTOOOOOOOOOOU!!!!!!!!!!!!! =DDD =D

    F.M. IS BACK!! (6(KKKk

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  3. Noossa em certa parte ai me vi falando claramente..rs aii essa dependência doentia..

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  4. tinha votado pra barraco mas, mel isso é mUITO MELHOR... aiiiiii

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  5. eu gosto muito mais dela assim

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  6. Is Devassa, bicht!!
    huuhuhuhuhhh
    Vou ter que pagar promessa pra Santa Shane McCutcheon das moças "viradas",......

    Acorda São Paulo!!!
    (Se vor assim, é hora de durmir, né Melzita??)
    Ass:Bastardinha, he

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  7. Isso sim parece a #devassa. Tava precisando! Acho que nem eu to com paciência/boa vontade pra tanto mimimi. =x

    Dááá-lhe!!

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  8. Vaaai lá acordar a mulherada, FM!! HSUAHSUASHAUSHAS

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  9. to me sentindo a propria devassa nesse instante. pensando em alguém com outra. isso é coisa que mata.

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  10. Uuuh, ela vai aprontar no melhor estilo devassa =P

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  11. Acionem o alarme contra corações partidos. Alerta de devassidão para os próximos posts.

    Com ela precisando esquecer a Mia um pouco sabe-se lá que pode ser a próxima vítima.

    hahahaha ;P

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  12. Não sei o que gosto mais.
    O post, o comentario da Prih ou o da luh
    faltou a Luh , acho uma #putafaltadesacanagem comentar antes dela.

    Mas não me aguentei *-*

    E,como diz, a amiguinha Anônima,pra felicidade da nação, "The bitch is back."

    IPC ; fique a vontade pra vir acordar o Rio ;]

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  13. Pô... ela voltou a ativa? Não, essa estória não vai acabar nunca! :)

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