_Então... – eu murmurei com o cigarro ocupando minha boca,
enquanto vestia desajeitadamente a jaqueta para sair na rua, naquele frio
desgraçado – Vai me contar o que são essas flores aí?
_São narcisos... – a Mia respondeu, enquanto acendia o seu próprio cigarro.
Então me parou na calçada, momentaneamente, para acender o meu
também. “Narcisos?” – arqueei a sobrancelha e a olhei, ainda com o filtro entre
os lábios, enquanto sua mão tentava bloquear o vento ao redor da chama.
_É. Para de falar, senão mexe aqui – ela riu, com o isqueiro na outra
mão, sem levantar o olhar na minha direção.
Esperei ela terminar e, quando finalmente a brasa pegou, ela se
afastou. Dei uma tragada, caminhando rua abaixo. A Mia andava ao meu lado com
os braços cruzados num moletom e apenas uma das mãos levemente para cima,
segurando o seu cigarro. O frio havia espantado boa parte dos pedestres da
Augusta – já eram mais de nove e meia quando saímos do estúdio.
_Mas narcisos não soa meio “eu me amo” demais?
_Não sei, talvez... – ela achou graça e encarou o chão, como se estivesse interessada no cimento sob seus pés – Tem gente que fala que é justamente a perda do amor. Do outro ou pelo outro. É a flor do egoísmo.
_E por que cê quis tatuar isso?
_Sei lá. Acho a flor bonita e do outro lado já tem as de cerejeira... – ela levantou o olhar na minha direção por um instante, tragando o seu cigarro – ...que, né, muita gente tatua por ser o oposto, o símbolo do amor.
_Hum. Então você queria as duas coisas?
_Ah... – ela riu e se espreguiçou, erguendo os braços no frio por um instante – ...libriana, né?
Não faço a menor ideia do que isso significa, pensei e
a Mia me olhou como se fosse uma associação óbvia. Apenas acenei,
fingindo entender o conceito. Pois é. Talvez eu fosse uma das únicas
lésbicas de São Paulo que tinha fracassado na prova de astrologia – aquela
que nos obrigam a fazer antes de sair do armário, sabe? A Marina nunca me
perdoava por não acreditar naquilo e eu já tinha perdido a conta de quantas
amigas tentaram me explicar o que era o quê na mesa do bar – até a Mia era mais
sapatão do que eu nesse sentido.
_Eu gosto, achei que ficou bonito.
_É? – ela sorriu – Não é muito cafona?
_Não. São bonitas.
Eu a olhei de novo e rimos, aí traguei mais uma vez. Paramos numa
esquina e, sem dizer nada, procurei ao meu redor rapidamente até achar a
lanchonete onde eu queria ir. Um pico animal que ficava escondido naquela quadra.
A entrada era por uma portinha minúscula – fácil de perder de vista –, mas que
dava numa cozinha bagunçada com meia dúzia de mesas apertadas e que servia um
dos melhores lanches vegetarianos da região. Fiz um sinal com a cabeça e a Mia atravessou
junto comigo para o outro lado da rua, me seguindo até um ou dois metros antes
da porta. O vento continuava cruel.
_Cê tem alguma favorita? – ela me perguntou, terminando seu
cigarro antes de entrar – Das suas?
_Ah, meu. Sei lá... – dei de ombros, jogando a minha bituca no chão e pisando na brasa – Eu gosto de todas. Talvez a do braço, mas só porque é a maior...
_Hmm... – a Mia me olhou, como se discordasse, e pegou uma das minhas mãos – Eu gosto dessa.
_Dessa?! – eu achei graça, assistindo seus dedos percorrerem o pequeno símbolo no meu pulso direito, com a manga da jaqueta levemente arregaçada – Por quê?!
_Não sei, eu gosto dela.
_Essa eu fiz por causa duma ex-namorada quando tinha dezoito. Quer dizer “infinito” – eu ri, ironicamente, e passei a mão no rosto – Tá mais pra “oito motivos pra te esquecer”.
_Sei... – a Mia riu e percorreu com a ponta do indicador a linha, já bastante desbotada pelos anos – Cê sabe que agora cê vai ter que me contar a história, né?
_Sei... – me diverti – Vamos entrar, vem... Eu te conto enquanto a gente espera a comida!
_São narcisos... – a Mia respondeu, enquanto acendia o seu próprio cigarro.
_Não sei, talvez... – ela achou graça e encarou o chão, como se estivesse interessada no cimento sob seus pés – Tem gente que fala que é justamente a perda do amor. Do outro ou pelo outro. É a flor do egoísmo.
_E por que cê quis tatuar isso?
_Sei lá. Acho a flor bonita e do outro lado já tem as de cerejeira... – ela levantou o olhar na minha direção por um instante, tragando o seu cigarro – ...que, né, muita gente tatua por ser o oposto, o símbolo do amor.
_Hum. Então você queria as duas coisas?
_Ah... – ela riu e se espreguiçou, erguendo os braços no frio por um instante – ...libriana, né?
_É? – ela sorriu – Não é muito cafona?
_Não. São bonitas.
_Ah, meu. Sei lá... – dei de ombros, jogando a minha bituca no chão e pisando na brasa – Eu gosto de todas. Talvez a do braço, mas só porque é a maior...
_Hmm... – a Mia me olhou, como se discordasse, e pegou uma das minhas mãos – Eu gosto dessa.
_Dessa?! – eu achei graça, assistindo seus dedos percorrerem o pequeno símbolo no meu pulso direito, com a manga da jaqueta levemente arregaçada – Por quê?!
_Não sei, eu gosto dela.
_Essa eu fiz por causa duma ex-namorada quando tinha dezoito. Quer dizer “infinito” – eu ri, ironicamente, e passei a mão no rosto – Tá mais pra “oito motivos pra te esquecer”.
_Sei... – a Mia riu e percorreu com a ponta do indicador a linha, já bastante desbotada pelos anos – Cê sabe que agora cê vai ter que me contar a história, né?
_Sei... – me diverti – Vamos entrar, vem... Eu te conto enquanto a gente espera a comida!
ate eu quero saber hushsuahsua conta logo! achoq a gnt merece 2, pelo atraso!! :} a historia ta fofa demais,mo linda as duas, ADORO!
ResponderExcluirAAAAAH, Mel, post peeeerfeito. Por favor, posta mais hoje. Eu preciso ler essa história. Morri aqui. ):
ResponderExcluirate eu quero saber hushsuahsua conta logo! achoq a gnt merece 2, pelo atraso!! :} +1
ResponderExcluirAiin *-*
ResponderExcluirque fofura meu x3
aaaain Narcisos sao lindos tbm *_*
a mia é praticamente um jardim hauha *-* ela é linda T1
IPC: Pronto #NoellyHot comentei, venk agora .6.
É muita cumplicidade!
ResponderExcluirAi já volta aquela sensação de 'quero saber tudo sobre você'.
Do interesse, do carinho, da vontade não tããão declarada, mas que está lá.
Fofo fofo!
;*
Awnnnnnn, POR CULPA DA MEL eu adiantei minha tatto, realmente,todo mundo esta tatuando......
ResponderExcluirheheh
#Post lindo Mel, bem q vc falou no formspring do simbolo do infinito...
tatuagem pra (ex)namorada? pois é né...
ResponderExcluirnão me arrependo.
achoq a gnt merece 2, pelo atraso!! :}+2
ResponderExcluirAi, como elas se dão bem, adoro isso! Posta mais hoje +1, poooor favor ):
ResponderExcluirAh, tão lindas!
ResponderExcluirSuper me identifico com os momentos em que elas estão juntas.
Essa coisa de querer conhecer um pouco mais, ou mesmo esses toques, como a Mia passando a mão na tatuagem, coisas simples, mas que são uma delícia.
Acho que a minha fase pessimista passou... hahaha!
L'amour, l'amour!!!
oito motivos pra te esquecer hahaha
ResponderExcluirtatoo no pulso pra namorada é tão clichê. eu queria ter mais pulsos...
ResponderExcluirnão é clichê. eu acho que quando se chega a esse ponto é porque a pessoa realmente significa muita coisa.
ResponderExcluirMel,
ResponderExcluirTá ótimo! E... quem diria, hein!?! :)))))))
É isso aí! Que o amor invada o mundo e faça muitos sorrisos bobos por aí!
É por isso que este blog faz sucesso, é a ficção muito próxima da realidade! Parabéns!
E às apaixonadas tb. claro! ;P
lu.
awww, Mel... esse momento foi tão lindo que eu ficaria lendo pra sempre (L)
ResponderExcluirta cada vez melhro a historia eu preciso ler o resto logooo,n da pra esperar 6 dias pro proximooo!
ResponderExcluirManoo...toh viciada nesta bagaça... #comofaz sem atualizaçao diária? =|
ResponderExcluirainn q lindinho ..mas tipo oq vem depois ...
ResponderExcluir