dezembro 31, 2010
E vice-versa
dezembro 29, 2010
Objeto complicado de desejo
_E-eu... – ela riu, igualmente surpresa – ...ia lá te chamar. Espera, o que você tá fazendo aqui?
_Tava saindo pra fumar, meu – disse, mostrando o cigarro na minha mão.
_Tô. Apesar de, né, certas pessoas não terem cumprido a promessa...
_Eu?! – ri.
_É! Cê disse que ia ficar...
_Ah, qual é... – argumentei – Eu fiquei até de manhãzinha!
_Não é o bastante... – me empurrou de leve com o corpo, num flerte gostosinho – ...tonta.
_Tá, tá... – sorri, achando graça – ...na próxima eu fico.
_Ah, sei lá... – riu, como se fosse óbvio, e o meu coração pulou uma batida – Cê recebeu minha mensagem ontem?
_Recebi...
_Tá tudo bem?
_Tá... – traguei o cigarro – ...só, sei lá. É complicado.
_Como assim?
_Quê?!
_Com o Fer... – traguei mais uma vez e olhei para ela – ...ele não foi na sua casa no domingo?
_Foi, mas... o que isso tem a ver?
_Nada. Só tô perguntando.
_Perguntando por quê?
_Falou ou não falou?!
_Nós não... – ela respirou fundo – E-eu não deixei ele subir, eu... e-eu não queria falar... sei lá. Ainda tô brava com ele, sabe, ele não devia ter te mandado embora da festa daquele je...
_Ele não me mandou fazer nada, Mia, eu que decidi sair.
_Não interessa... Ele não tinha que ter começado a briga!
_E cê realmente acha que a gente tava com a razão? Que o Fer estava errado?! – me indignei, balançando a cabeça – Mano, o que cê faria se fosse o contrário? Se você visse ele dançando com outra mina daquele jeito?
_É diferente.
_Não é diferente.
_É, sim.
_Não é, Mia. Você que não entendeu isso ainda... – me frustrei – ...a gente tava errada, porra. E agora cê não vai nem falar com o cara, meu?!
_E cê espera que eu diga o quê pra ele?! – se irritou comigo – A verdade? É?
_Tá. E você?
_Não faz isso...
_Olha... – interrompeu a conversa, brava – ...na boa, eu não preciso de você para me dizer o que o Fernando sente por mim, eu sei muito bem. Caso cê tenha se esquecido, a gente namora – argumentou, já se levantando – Não sei nem o que eu vim fazer aqui, mano.
dezembro 28, 2010
Responsabilidade
_Não. Capotei antes até de jantar ontem... – ri e sentei ao seu lado no sofá – Cê tá bem?
_Ah, sei lá... – soltou a fumaça espessa pro lado, com uma aparência cansada – Tô. Não sei.
_Aconteceu alguma coisa?
_Não. É a mesma merda... – esfregou a mão no rosto e tragou mais uma vez – ...não consigo falar com a Mia, meu.
_Como assim?
_Ah, ela não me atende, não fala porra nenhuma, não sei o que fazer...
_Mas cê não foi lá domingo?
_Fui! – se frustrou – Ela nem desceu, mano. Disse que não queria me ver, que tava doente. Aí não respondeu o dia todo hoje. Meu, tá foda... – balançou a cabeça, lamentando – ...não achei que ia durar tanto assim. A, a gente já brigou outras vezes, mas por um dia ou nem isso. Nunca desse jeito.
_Calma, meu, vai ficar tudo bem...
_Vai?! Não sei – ergueu o olhar na minha direção, levando o baseado de novo até a boca – Tenho medo dela não me perdoar, meu...
_Às vezes vocês só pr...
_Não... – me interrompeu, passando as mãos no rosto de novo – ...eu fodi as coisas, mano. Fodi mesmo.
dezembro 26, 2010
Ah, segundas-feiras!
dezembro 21, 2010
Boa amiga, péssima assalariada
dezembro 16, 2010
Please, stay
_Ela quase não fica mais aqui – respondeu, sem tirar os olhos da água.
_Só acho engraçado, né. Quando a gente tava juntas, ela insistia em aparecer toda santa vez... Puta inferno! – eu ri e entrei na cozinha, me sentando na pia ao seu lado – E agora que não tem mais perigo, ela nunca mais tá aí, né?!
_É que ela arranjou um namorado... Faz um ano, mais ou menos – explicou, com o humor um pouco melhor, já enxugando a caneca no pano – Aí fica o tempo todo lá.
_Sempre assim... – comentei, apoiada na beirada, e olhei para o lado, curiosa – ...e ela ainda me odeia?
_Odeia... – a Marina ensaiou um sorriso, por fim.
_Como cê sabe disso?! – ela arregalou os olhos, surpresa.
_Por quê?! – ri – Não era pra eu saber?
_Não, sei lá, não tem problema, só... – desconversou – ...não achei que você sabia.
_A gente não tava se falando na época. Sei lá, faz tempo... – respondeu, encabulada – Quase três anos já, acho.
_Mas... tipo... rolou alguma coisa entre vocês?! – murmurei.
_Não, acho que... Foi mais porque, sei lá, nós duas estávamos sozinhas e... não sei. Pra matar a curiosidade, talvez, sei lá. Não sei.
_Então foi só uma vez?
_Por que você quer saber isso, meu?! – levantou o tom de voz, indignada com a minha pentelhice.
_Não sei, porra, tô só perguntando... – argumentei, insistente.
_Não, foram duas vezes. Pronto. Tá bom assim? Satisfeita?! – ela falou comigo como se estivesse dando bronca numa criança de dois anos – Agora chega, vai.
_Por que cê tá brava, meu? – achei graça.
_Porque eu não gosto de falar dessas coisas com você... – ela se irritou, ajeitando os óculos rapidamente – ...e eu não tô brava.
_Não, imagina... – ri, ironizando – E nada a ver, Má... Eu vivo te contando das meninas com quem eu dormi, meu. Qual é o problema?!
_Isso é diferente. É sua amiga, sou eu, é você, o clima naquela época era outro... – ela listou, fazendo a sua cara de gênio incompreendido, soando mais com a Marina que eu conhecia – Não sei por que cê tem que ficar cutucando.
_Tá bom, tá bom... – me rendi, ainda rindo – Eu paro. Ô, que horas será que são?
_Não sei... – ela se apoiou levemente para cima de mim e tirou o celular do bolso de trás da calça, olhando-o na mão – São... 22:14.
_Nossa, meu, achei que fosse mais tarde já – comentei distraída, com vontade de acender um cigarro, e não ouvi resposta; olhei para o lado, tirando o cabelo bagunçado do rosto, e a Marina continuava olhando para o celular, com uma mão na minha e o telefone na outra; os segundos passaram e o silêncio cresceu, incômodo, ela parecia chateada – ...Má?
_...
_Ei... – perguntei, baixinho – ...tá tudo bem?
_Ela não... n-não me ligou, não mandou nada.
_Ela vai ligar – cochichei.
dezembro 15, 2010
Conforto antigo
dezembro 12, 2010
UM ANO ♥
dezembro 06, 2010
A tal ex da minha ex
_Achei que cê não fosse ver... – ela disse baixinho, desanimada.
_Claro que eu ia, Má. Desculpa, é q-que só peguei o celular agora, meu. E-eu tava... com o Fer... aqui... – me atrapalhei um pouco, sem querer admitir que a havia trocado por seis partidas de videogame – ...me conta o que aconteceu, meu.
_E-ela... ela terminou comigo.
_Quem terminou?
_A Bia. Ela... – a sua voz hesitou e eu senti vontade de abraçá-la na mesma hora – ...foi tão do nada. A, a gente estava tão bem, poxa...
_Mas ela não ia passar o fim de semana aí, meu?
_Sim, ela veio e... foi... foi ótimo. Ai, e-eu... – murmurou, soando realmente chateada – ...eu gosto tanto dela, não é justo!
_Mas o que aconteceu, Má?!
_E-ela... ela acha... – suspirou – ...ela acha que e-eu ainda gosto de você, meu. E que... eu... e-eu não...
_DE MIM?! – me indignei, a interrompendo – MAS DE ONDE ESSA GAROTA TIROU ISSO?!?
_Ah, meu... Ela n-não entende como a gente pode ser amiga, a-acha que eu te dou muito espaço na minha vida, não sei... E-eu... – a voz dela começou a tremer – Foi... foi culpa minha, foi um... um negócio que eu falei... sexta... eu comentei que... que você queria vir ver filme com a, a gente... era para ser uma piada, meu... eu contei toda a história... da... da Mia... n-não sei porque ela acha que... eu e você temos qualquer coisa! – respirou fundo, tentando controlar suas emoções – Mas aí ela... ela disse que... que eu não tô comprometida com o que a gente tem... sendo que, q-que ela que não queria namorar, sabe? E-eu sempre fiz tudo pra gente ficar junta e do nada, meu, ela diz que... q-que não tem paciência para quem ainda, a-ainda tem rolo com ex, que ela... e-ela... precisa... de outra coisa na vida dela... agora... – começou a chorar, angustiada – ...que precisa estar com... com alguém melhor.
_COMO ASSIM ALGUÉM “MELHOR”?! – me revoltei, andando de um lado para outro na sala – VOCÊ QUE PRECISA DE ALGUÉM MELHOR DO QUE ELA, MEU! QUE FILHA-DA-PUTA!
_É, sou “maravilhosa”... – parecia tentar conter as lágrimas, do outro lado da linha – ...mas todo mundo sempre termina comigo.
_Não é verdade, Marina.
_Não?! – se indignou – Como cê pode dizer isso se nem você ficou comigo?
_Não fiquei porque eu era uma completa idiota! Má, pelo amor de deus, você sabe disso – argumentei – Não foi por sua causa! Você é a melhor namorada que alguém pode ter, meu...
_...e você foi lá e ME TRAIU! – levantou a voz, irritada comigo – E A GI ME TROCOU PELA CAROL, A LUÍSA NÃO ME APRESENTOU NEM PRA MELHOR AMIGA, SÓ POSSO SER EU A PORRA DO PROBLEMA!
_MARINA, PARA. NÃO ENTRA NESSAS!
_SOU EU, SIM!
_NÃO É, PORRA! – briguei com ela – Escuta. Relacionamento é assim mesmo, meu... Tá todo mundo terminando o tempo todo, caralho, isso não tem a ver com você. Cê não pode entrar nessa lógica, linda, não pode ficar se botando pra baixo. E outra, eu era uma pirralha quando namorei com você, mano... Queria viver todas as minhas vontades, era imatura, egoísta. Qual a desculpa dessa garota aí? Ela já deveria saber melhor, porra. E agora vem despejar as frustrações dela em cima de você?? E assim, do nada! Não tem nada a ver o que ela tá falando!
_Mas, porra, não é possível. Não tem uma garota no mundo que me ache... suficiente? – se chateou – Que... q-que goste mesmo de mim?! Eu... e-eu não sei o que eu estou fazendo de errado.
_Linda, por favor... Não pensa assim! – o Fer passou na minha frente com a chave do carro na mão, como se fosse sair, e eu o segurei pelo braço sem explicar – Você não tá fazendo nada de errado...
_Não?! Porque eu tô cansada... – começou a chorar de novo – ...cansada de ser largada, de chorar, de correr atrás de quem não me quer, caralho, eu não aguento mais. A gente... a, a gente tava tão bem, sabe! E-eu cozinhei pra ela no sábado... a gente passou o dia juntas... eu... fiz tudo... mas... m-mas aí... aí hoje... do nada...
_Má, me escuta, você não fez nada de errado. É sério. A culpa não é sua! Essa mina é louca!
_MAS CÊ NÃO ENTENDE??? – ela levantou o tom de voz, retrucando – EU, E-EU GOSTO DELA, CACETE!
_Eu sei, linda... Não fica assim, meu! – eu me fragilizava, cada vez mais, com a tristeza dela ao telefone e o Fer me olhava sem entender – Onde cê tá?
_Na redação, eu... Eu vim faz umas três horas, terminar uma matéria, mas... – ela suspirava, sem fôlego – ...aí a gente começou a discutir e...
_Como na redação?! – a interrompi – Essa menina terminou com você por onde? Por telefone?!
_Por MSN – respondeu, baixinho.
_FILHA-DA-MÃE! – me indignei, largando do Fer e já pegando as minhas chaves e a carteira na mesa – Escuta, eu tô indo aí.
_Ai, meu... Sério, foi tão... tão... horrível, ela nem me deu chance de... de explicar! Se irritou e me bloqueou! E-eu tentei ligar, mas... mas ela não me atendeu... e-eu não sei o que fazer, não sei porque ela... ela ficou tão... brava. Como ela pode ignorar tudo que a gente tinha juntas?
_Má, essa garota é uma ridícula – argumentei, fazendo sinal para o Fer me esperar – Faz o seguinte: lava o rosto e toma uma água. Tenta escrever a sua matéria, desce no estacionamento para tomar um ar, sei lá, não fica pensando nisso que agora já passou... A gente vai consertar, eu prometo. Mas fica aí, meu... Eu já tô indo.
_Tá.
_Ah, mano... – reclamou – É pra lá da Heitor Penteado!
_Que tem, meu?! Aqui do lado!
_Porra, já bebi um monte, na Dr. Arnaldo sempre tem blitz, cê sabe disso, meu.
_Tá, que se dane – ele sacudiu a cabeça, como se não quisesse pensar responsavelmente a respeito – Já pegou suas coisas?
_Já.
_Vamos nessa, então.
Desligada
Azia e videogame