_Hum... – murmurei – …para.
_Hum...
_Paaara... – reclamei mais uma vez, rindo – ...tá me arrepiando, meu.
_Hum, m-mas... – a Clara retrucou, com o rosto afundado na curva entre o meu pescoço e ombro, deslizando a ponta dos dedos pela minha coluna – ...é gostoso.
Dane-se. Me fazia arrepiar inteira – e não de um jeito bom. Reajeitei o corpo a uns cinco
centímetros mais para lá no colchão, a fim de cessar a sessão-tortura. A gente
estava naquele estado preguiçoso, meio aglomeradas uma na outra e submersas na
cama, depois de quase cinco ou seis horas de sacanagem. Era tanta endorfina que
nossos corpos estavam moles. Com os lençóis bagunçados ao nosso redor, ambas
numa preguiça sem fim e os olhos uma na outra.
_Posso te perguntar uma coisa? – a Clara murmurou, acomodando a
cabeça no meu braço.
_Pode.
_Por que... – hesitou – ...v-você chorou no outro dia?
_Que dia?
_Na sua casa, aquele dia que cê saiu pra levar o lixo...
Ah, esse dia.
Desconfortavelmente, a minha mente retornou à escada do meu prédio
e à discussão com a Mia. E o meu primeiro impulso foi não responder. Ela sabe, pensei. Talvez não soubesse
quem, mas sabia que havia uma garota – porque ninguém chora assim, tão do nada,
a não ser que tenha um motivo. E qualquer outro, que não uma garota, eu não
teria evitado com tanta persistência. Cacete.
Não queria trazer a Mia para dentro daquelas quatro paredes. Estava
agradável ali sem ela.
O clima andava estranho entre nós, digo, eu e a Mia – ela melancólica,
eu a ignorando. Cruzei poucas vezes com ela naquelas semanas. Sentia que algo
estava prestes a acontecer e eu não sabia bem o quê. Olhei para o lado e a
Clara continuava ali, atenta, à espera de uma resposta minha. Argh. Suspirei.
E ergui o corpo para alcançar o meu maço, largado ao lado da cama. A Clara poderia
ter insistido, mas não o fez. Não perguntou mais nada. E eu acendi um dos cigarros,
me levantando para fumar na janela.
Me sentia mal de arrastá-la assim para os meus dramas. Mas não
tinha certeza de como lhe contar aquilo. Traguei mais uma vez, olhando pela
janela. Em todo edifício ao lado, apenas uma luz estava acesa. Numa sala de
estar branca, alguém assistia TV. Já era madrugada em São Paulo e a cidade
inteira dormia. Não sabia bem que horas eram – meio perdida no vórtex daquele
quarto bagunçado que me roubava da realidade. Sabia, porém, que em breve teria
de ir trabalhar. E a Clara também. Íamos dormir umas duas horas, com sorte.
Respirei fundo e me virei para ela, deitada
ali na cama, ainda me observando por de trás das suas pernas descobertas.
_Desculpa eu ser... – passei a mão no rosto e dei um meio sorriso,
envergonhada – ...t-tão fodida a-assim.
_Não, meu... – ela soou arrependida – ...tá tudo bem, Bo. Eu é que tô sendo cretina, te fazendo pergunta a essa hora, me metendo...
_Olha... – voltei para a cama e deitei ao seu lado, com o cigarro aceso na mão – ...acho bem mais cretino esse tipo de comentário aí, sem pé nem cabeça... – ri e apoiei o queixo na sua barriga, a olhando com carinho – ...cê num fez nada de errado, Bi. Pode me perguntar o que cê quiser, meu.
_Hum... – ela insistiu, rindo – ...fui um pouquinho cretina, sim.
_Não foi, não... – sussurrei para ela.
_Nem um tiquinho?!
_Bom, um tiquinho cê sempre vai ser... – fiz graça, tragando rapidamente – ...mas não por isso. Cê sabe.
Subiu os pés no colchão e ergueu-se um pouco, apoiada nos
cotovelos, me encarando, indignada.
_Ah, é assim, então? – me empurrou de leve pelo ombro – Fala sério,
foi tão imperdoável? Vou ficar pagando pra sempre?!
_Óbvio – ri.
Ela balançou a cabeça e deitou mais uma vez para trás no colchão,
mandando eu ir me foder. E eu sorri, achando graça. Admirava a Clara por ser
quem era – crua e nunca óbvia. Me sentia mal por não ser sincera com ela, por
não estar “pagando” pela minha parte naquela história. Na nossa história.
Os meus olhos se perderam no ar por alguns instantes, reflexivos. E então, se
voltaram para ela.
_N-não... – emendei, respirando fundo, num impulso sincero – ...a,
a verdade é que não foi imperdoável. Não devia nem ter sido tão dramático assim,
eu é que... q-que levei mal o lance todo. Não sei... – continuei, falando quase
que para mim mesma – ...fiquei com o ego ferido, sabe? Sei lá, eu, eu gostava
mesmo de você e acho que fui pega de surpresa com o lance todo do, do Vegas...
– a Clara me observava, com seus olhos quíchua, castanhos, bonitos, deslizando
as mãos no meu cabelo – ...a verdade é que eu... e-eu também não tava sendo
completamente transparente, não sei. Foi tudo muito confuso.
_Como assim?
_Sei lá, meu. Eu devia ter dito que me importava, devia ter falado o que você era para mim, o que eu sentia por você e... – suspirei – ...e o que sentia por outra pessoa. Mas e-eu não disse.
Os seus olhos estranharam, surpresos. E eu respirei fundo. Tá,
agora vai...
_Sabe, quando... – fechei os olhos por um instante e os reabri, hesitante
– ...v-você me perguntou por que eu tava chorando aquele dia, lá na minha
casa...
_Hum...
_A real é que eu fui... – confessei – ...por muito tempo, apaixonada pela Mia.
_Hum...
_Paaara... – reclamei mais uma vez, rindo – ...tá me arrepiando, meu.
_Hum, m-mas... – a Clara retrucou, com o rosto afundado na curva entre o meu pescoço e ombro, deslizando a ponta dos dedos pela minha coluna – ...é gostoso.
_Pode.
_Por que... – hesitou – ...v-você chorou no outro dia?
_Que dia?
_Na sua casa, aquele dia que cê saiu pra levar o lixo...
_Não, meu... – ela soou arrependida – ...tá tudo bem, Bo. Eu é que tô sendo cretina, te fazendo pergunta a essa hora, me metendo...
_Olha... – voltei para a cama e deitei ao seu lado, com o cigarro aceso na mão – ...acho bem mais cretino esse tipo de comentário aí, sem pé nem cabeça... – ri e apoiei o queixo na sua barriga, a olhando com carinho – ...cê num fez nada de errado, Bi. Pode me perguntar o que cê quiser, meu.
_Hum... – ela insistiu, rindo – ...fui um pouquinho cretina, sim.
_Não foi, não... – sussurrei para ela.
_Nem um tiquinho?!
_Bom, um tiquinho cê sempre vai ser... – fiz graça, tragando rapidamente – ...mas não por isso. Cê sabe.
_Óbvio – ri.
_Como assim?
_Sei lá, meu. Eu devia ter dito que me importava, devia ter falado o que você era para mim, o que eu sentia por você e... – suspirei – ...e o que sentia por outra pessoa. Mas e-eu não disse.
_Hum...
_A real é que eu fui... – confessei – ...por muito tempo, apaixonada pela Mia.
FUI? Como assim? FUI? Quando isso foi postado? Eu entrei no blog por puro reflexo e tinha post novo oO
ResponderExcluirExplica Meeeeeeeeeeel
cortar esse tipo de diálogo pela metade (metade? enfim...) NÃO É DE DEUS, MEL. NÃO É :~~~~~~~~
ResponderExcluirEntendo perfeitamente o estado da FM rs. Acho que nem preciso dizer porque ..
ResponderExcluirMais um post foda, muuuuito bom Mel :)
ResponderExcluirMel, e o seu dom de deixar as leitoras curiosas hauahuahauhauh =\
ResponderExcluirEu só espero que a Clara não tenha um surto e coloque a FM pra fora :(
ResponderExcluirNÃO PARA ESSE DIÁLOGO NO MEIO, MAAANO! ;(
ResponderExcluirFOOOOOOI?????????????????
ResponderExcluirNoosss quero nem ver no que isso vai dar... Na vdd quero sim vai..=/
Fui????? Melissa de Miranda.. vê la hein. 1º a Devassa vem pensando muito na Marina e agora esse "fui apaixonada pela Mia".. aiaiaiaia
ResponderExcluirJá vi que vou surtar!! hahahahahah
fui????????/
ResponderExcluirNão acredito. Como tu tem coragem, meu? Parar um diálogo desses assim. Isso não é coisa que se faça com suas leitoras fieis, Mel. Puta falta de sacanagem! Quero mais =[
ResponderExcluirPoha! Nem sei o q esperar... Um "Eu já sabia" inusitado? Será? Às vzs eu acho q vc só se tornou escritora por não arrumar um emprego como CARRASCA, manola! Pq tu faz tortura, mano! Pra saber o q vem depois... ;)
ResponderExcluir- fui (e aindasoumasnãoqueroadmitir) por muito tempo apaixonada pela Mia.
ResponderExcluireu daria a vida pra ouvir o sotaque da Clara. até arrepiei só de pensar!
gente tenho muito oq falar sobre esse post. Começarei:
ResponderExcluirtudo bem a fm é o nosso exemplo de devassa, adoro o jeito dela: de sou foda e pego todas. Juro qe se eu fosse solteira super me inspiraria nela, mas da onde ela tirou esse fui gente? Como assim fui? Qem FOI apaixonada nao tem aqele tipo de discuçao qe ela teve com a mia, simplismente ignora a existencia da outra. E depois da discuçao ainda chora, se qestionando varios pqs. Fui, ah ta boa.
outra coisa, mel é maldade demais vc parar um dialogo desses no meio gnt, nao, nao, nao pode, tem qe ter mais e logo. Gente qe situação essa. E o pior qe tenho certeza, vc vai torturar todas até o fim do carnaval. Isso é maldade demais.
ps: vou dormir com esse "FUI" na cabeça.
Ela fooooooooooooooi?
ResponderExcluirComo assim? Temos uma nova fase?
To rezando, orando, fazendo macumba e tudo o q for possível para q sim!
hehehehe...
Mas, sério, espero q essa confissão só aproxime mais a FM da Clara!
Ansiosérrima pelo próximo post!!!
Adorei a sinceridade da FM com a Clara, e pô, porque ela não pode colocar a paixão pela Mia no passado? Eu vejo as leitoras daqui, que ficam falando teamClara, teamMia, team-sei lá o quê, mas se esquecem que, a peça principal é a FM. Ela preza pelo hedonismo, pelo prazer imediato, mas porque ela não pode ter consciência de que o lance com a Mia é totalmente negativo? Quando uma coisa faz mal a gente, mesmo que a gente tenha um amor absurdo, é preciso deixar algumas coisas pra traz. Eu não sei quando a história da FM vai acabar ( ou se vai acabar algum dia), mas eu não espero um 'felizes para sempre' com a Mia. A FM é de verdade, tanto quanto eu, ou você, ou o padeiro ali da esquina. Ela é a junção de diversas pessoas (creio eu, próximas a Mel). Ou é um alterego da Mel, ou é a Mel disfarçada, hahaha.
ResponderExcluirEnfim, viajei demais aqui né?
Espero o próximo post, pra saber a reação da Clara (aposto que não vai ser absurda, como a da Dani).
Beijo ;*