dezembro 02, 2012

Uns não-relacionamentos

O som do meu celular me perturbou os ouvidos, o sono. Abri os olhos, sentindo uma dor desgraçada na cabeça pelas horas não dormidas. Uma das pernas da Mia estava entrelaçada na minha, descoberta, e os lençóis estavam contorcidos sob nós, desconfortáveis. O telefone ainda gritava e a Mia se moveu ao meu lado, inconsciente, afundando-se em meio aos cabelos bagunçados e ao travesseiro que dividíamos.

Argh, maldição. O barulho também me incomodava, mas demorei alguns segundos para me situar. Aí olhei para o relógio, sonolenta, e o visor já marcava 8:03. Puta merda. O Du, caralho! Tropecei para fora do colchão, desnorteada – tínhamos dormido invertidas na cama, com o travesseiro jogado onde deveriam ficar os pés e os lençóis soltos. Droga, droga. E aí alcancei o celular na mesa de cabeceira:

_Alô, alô! – atendi, atrapalhada – Pronto. Desculpa!
_Bom dia... – o Du riu – Escuta, tô aqui embaixo. A gente tava tentando o interfone, mas ninguém atendia...
_E-eu, eu sei, desculpa. É que fui dormir tarde ontem e, e não acordei, meu. Foi mal! Pode subir, eu... – esfreguei a mão no rosto, ainda desorientada, atropelando as minhas palavras – ...e-eu vou ligar lá na portaria e liberar, peraí!

Desliguei, num suspiro, ainda meio azucrinada. Já tava quase largando o moleque com toda a mudança no meio da calçada da Frei Caneca. Rainha das primeiras impressões. Tirei a franja bagunçada da cara, tentando me concentrar – tá, o que era mesmo que eu precisava fazer? Respirei fundo, sem uma roupa no corpo, confusa. Interfonar para a portaria, me lembrei, é isso.
 
Fui até a cozinha e liberei a entrada do “Eduardo”. Sabe-se-lá quanto tempo o coitado já estava esperando lá embaixo. Então abri a geladeira e dei um gole ou dois na garrafa de água, sentindo a minha boca seca. Agora, bocejei, preciso de uma cueca. O dia amanhecia ensolarado. Voltei para o quarto e vesti a primeira que peguei na gaveta. A Mia seguia desmaiada na minha cama. Estava de bruços, com o rosto virado pro travesseiro – dum jeito que me dava vontade de afundar no seu corpo, de não fazer mais porra nenhuma naquela manhã.
 
Mas, não. Preciso botar uma roupa.
 
A admirei à distância, então, deitada na minha cama, enquanto colocava uma camiseta larga. Aí a campainha tocou. É o Du. Saí do quarto e atravessei a sala para abrir a porta. Estava afogado em malas e sacos amarrados uns nos outros. O cumprimentei, achando graça, e ajudei a carregar tudo até o quarto do Fer. Aí meti as mesmas calças do dia anterior, largadas no chão da sala, e calcei um chinelo que estava perto da porta para o ajudar a pegar o que faltava no carro dum amigo.
 
Descemos. E o tal amigo me olhou como se eu fosse louca – descabelada e sem sutiã naquela camiseta branca, em plena luz do dia. São só peitos, cara, supera. Tiramos tudo que deu do carro. E antes que o amigo fosse embora, o Du se curvou sobre a janela aberta e o agradeceu com um beijo bem dado.

_E aí... – perguntei, assim que nos esprememos com todas as tralhas no elevador – ...aquele lá é seu namorado?
_Quem? O Caio?! – me olhou, estranhando – Não.
_Não?!
_Bom... – ele riu – ...não exatamente.

E aí eu entendi.
 
_Hum... – me diverti, o ajudando a empurrar o colchão e todo resto para fora do elevador – Então ele é o cara com carro?
_É. Mais ou menos isso...
 
Ele riu, de novo. E aquilo me fez gostar do Du. Pelo que, provavelmente, eram os motivos errados. Carregamos o colchão até o apartamento, tentando não fazer barulho enquanto passávamos pelo corredor. Mas o diabo do colchão insistia em escorregar das minhas mãos e eu dava com ele entre os pés, tropeçando a cada dez centímetros. Desgraça. Quando já estávamos quase dentro do quarto vazio, a Mia abriu a porta do meu.
 
_Te acordei, meu?
 
Ela sorriu, negando com a cabeça, e caminhou até mim, me dando um beijo rápido. Tinha os cabelos desarrumados e as pernas descobertas, vestindo apenas uma camiseta minha. O Du nos observava mais adiante, do outro lado do colchão. A cumprimentou à distância e tirou um maço do bolso de trás da calça, colocando um cigarro na boca.

_É sua namorada?

Comecei a rir e encarei a Mia, arqueando as sobrancelhas. Ela achou graça também.

_E aí, o que eu digo?

20 comentários:

  1. a fm é mto sapata saindo sem sutia na rua kkk

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  2. Ai ai ai ai.. essas duas me matam.
    <3 <3

    E qual é o problema de sair sem sutiã? HAHAHAHAH Eu saio u.u

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  3. Saindo sem sutiã foi lindo, bem sapata hahahahaha Eu vivo saindo sem sutiã ;p

    E que cena hein? Já imaginava a pergunta do Du, achei graça da situação... Que post delicioso.

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  4. plmdds, sem or, sem comentários hahahha que lindas, cara, que lindas!!

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  5. Perfeitoooo!! Adorei a resposta da Mia....adoro ela assim abusadaaa!! kkkkk
    Vlw Mel!!
    ANA CURI

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  6. (Cadê as meninas comentando este post MARAVILHOSO?)

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  7. parece que tive uma amnésia!! shaushau

    eu acho que ta faltando uma boa parte da história ai ehn!! sashausausa

    adorei o post!

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  8. " E ela bateu-lhe duas vezes no ombro, passando por ele. “Isto é um ‘bem que ela gostaria’”, argumentou. "

    Ela arrasa muuuito cara.
    Minha idola. Hahahahaah
    Post uma delicia. Alias estou adorando essa vibe dessas duas. Lindas demais .
    Mas tudo anda muito tranquilo. Que bomba a autora estara reservando pra gente hein?

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  9. ahahaha... to adorando esse momentos inéditos entre elas! =)

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  10. isso me lembrou da última vez em que eu fui no apê - e você estava viajando :( eu tinha ido na WHI sem soutien na noite anterior (meu vestido dispensava), esqueci de enfiar um na mochila e a blusa que levei pro dia seguinte era muito transparente. daí pedi pra Mah uma blusa ou camiseta emprestada. ela me deu uma camisetinha preta, eu vesti e a única coisa em que eu conseguia pensar era: Shane! HAHAHAHAHAHAHA!

    e lendo os comentários, achei incrível que isso tivesse chamado tanta atenção das outras meninas qnto chamou a minha. vai entender o que se passa, né? tem tanta coisa incrível no post... principalmente a fala da Mia ("bem que ela gostaria..."), dita assim, de uma forma tão segura, leve e descontraída. amo as duas! <3

    by the way, devolvo sua camiseta, assim que você devolver meu travesseiro. acho uma troca justa! ;)

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  11. Que coisa mais gostosa essa Mia...
    "Bem que ela gostaria"...
    Faltou o "E eu tambem..."
    hahahahaha
    AMEI Mel, estou adorando as duas juntinhas, mais, mais!!

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  12. "'Bem que ela gostaria'"

    Aham que só ela.......

    Perfeita a situação!
    Perfeito o post!

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  13. bem q ela gostaria KKKKKKKKKKKKKKKK

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  14. "Bem que ela queria" sapodksaopdkaspokdaposkdaopskdpaoskdakd /morta. QUEM DERA >EUZINHA< PODER SAIR SEM SUTIÃ,

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  15. Mia e seu charme, adorável. *-*

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  16. Sair sem sutiã não me pertence...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    AMANDO Mia e FM juntas e fofas kkkk

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  17. Onw meu Deus que fooooooofas *-*

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  18. A Mia novamente dominando a situação kkkkkk Quero++++++
    Muito bom

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  19. hahaha Se a Mia insegura já a fazia a FM de gato e sapato, imagina agora toda segura e poderosa. hahaha

    Sair sem sutiã na rua de manhã com a cara toda amassada e a primeira roupa que encontrar, acho dá para me identificar um pouco aí. =]

    Só aguardando a continuação... (pra variar)

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