_Hum... – sorri, acariciando o seu rosto – ...cê ainda tá
com a tatuagem que eu fiz.
O raiozinho desenhado de caneta já começava a desbotar
debaixo do seu olho. Ela sorriu de volta para mim. Eu estava apoiada nos
cotovelos, de barriga para cima no colchão, e a Mia sentada ao meu lado. As
suas mãos percorriam a minha pele, num carinho desatento e gostoso. E as minhas
seguravam o seu rosto. Foi quando ela desviou a cabeça e olhou para o relógio
na parede, respirando fundo.
_Meu, não acredito que vou pra faculdade assim...
_Assim como?
_Assim... – ela riu – ...sem dormir nada!
_Ué. Mas cê não precisa ir...
_Ah, não preciso? – ela riu, de novo.
_Não... – eu sorri, olhando para ela como se o simples fato de eu negar tal necessidade fosse o bastante para desfazer a sua existência – ...não precisa, não.
_E você também não precisa ir trabalhar, então?
_Ah! Pra tudo dá-se um jeito...
_Hum. Cê não acha que já causou estrago o suficiente?
_Estrago em quê?
_Em mim... – ela riu, inclinando o corpo para me fazer cócegas, me provocando – Na minha vida! Na minha cama! Não, hein?
_Não.
_Não?!
_Ainda dá para estragar mais um pouquinho... – pisquei na sua direção, sorrindo.
_Ah, então cê acha que não foi o bastante?
_Isso não foi um estrago... Foi meia noite de caos controlado.
_Ahh... sei – ela achou graça, indignada – E o que mais cê poderia querer de mim?
_Tudo, oras. Todo o resto.
_Olha, não sei se tem muito mais para eu te dar... – ela mordeu a língua, numa indecência quase acidental – ...mas cê pode pegar o que quiser.
Eu ri, puxando-a na minha direção para beijá-la.
_Que perigo, garota... – murmurei, com a boca já na sua e os dedos
afundados na lateral do seu corpo.
A Mia segurou o meu rosto com as duas mãos. E eu a puxei para cima
de mim. Você é minha, pensei. Enquanto a abraçava pela
cintura e a apertava contra o meu corpo, nuns amassos despreocupados. Desses
que prolongam a manhã seguinte de um encontro perfeito. Mas não era tão simples
assim. E a contragosto, a realidade me bateu violentamente. Não, não na
consciência – que é exatamente onde deveria ter batido. Me bateu foi no
peito, como uma pancada que me doeu de repente. Inferno.
A Mia não era minha.
E uma hora ou outra, aquilo ia acabar. Teria sido tudo isso mesmo?
Ou logo ela estaria de volta nos braços do Fer? Merda. Senti a angústia
me subir até a garganta, enquanto a abraçava ali. O tipo de dor que sufoca, que
te faz sentir encurralada. Como um rato contra a parede. Estava metida até a
porra do pescoço em um problema sem solução – perdidamente apaixonada pela
namorada do meu melhor amigo. Agora mais do que nunca. Porque depois de ter ela
assim, depois de cada maldito segundo ao seu lado naquela madrugada, eu não ia
conseguir voltar ao normal. Aos olhares escondidos e à convivência no meu
apartamento, aos beijos dados quando ninguém está olhando.
Pois é. Quem se
acha esperto demais para a ratoeira, acaba se ferrando mil vezes mais. O orgulho
te leva direto até a boca do gato, faz você continuar e continuar e continuar,
errada e cheia de si. E quando você se dá conta, já não tem mais volta. Eu
tinha ido longe demais. Era incapaz de sequer lembrar por onde entrei. Tudo o
que me restava agora era esperar para ser mastigada e digerida de vez por
aquela merda toda. Era só questão de tempo.
Então cumpri meu papel. Afinal, quem se mete pelos buracos e
esgotos da vida, sabe ser sujo como ninguém. É instintivo. Deslizei sem
dificuldade pelo corpo da Mia, me afundando no colchão até o meio das suas
pernas. E fui beijando as suas coxas. Puxei-a contra a minha boca, num só
movimento, fazendo com que sentasse na minha cara. Podia sentir o seu calor escorrer
na minha garganta. Hum. A Mia suspirou como quem fecha os olhos,
sentindo cada movimento da minha língua. Então moveu o quadril para frente e
foi rebolando na minha boca, bem devagar. Bem gostoso. E quando aquela
indecência começou a me fazer esquecer de tudo, esquecer da angústia no meu
peito... Ouvimos um barulho na porta.
_É a minha mãe!
A Mia se espantou e saiu de cima de mim, num só pulo.
_Tá trancada, gata... – a tranquilizei, rindo, enxugando o queixo,
a boca com as costas da mão.
_Não, é sério...
_Vamos fingir que estamos dormindo... – cochichei, achando graça – ...vem.
_Não dá, eu preciso ir lá... – a Mia insistiu, rindo – ...senão ela vai estranhar.
_Deixa ela bater, meu... – minhas mãos deslizaram inconscientemente pelas suas pernas – ...vem aqui comigo.
_Para! – ela me beijou, já se enroscando em mim – A gente vai ser pega!
_Tá trancada a porta, Mia...
_Mas a gente ainda precisa colocar um colchão no chão, qualquer coisa... – murmurou – ...antes de abrir... – entre um beijo e outro, sem muita determinação em sair dali – ...senão ela vai desconfiar...
_Não vai. A gente fala que chegou tarde ontem e capotou...
_Não dá. Vem... – se desvencilhou, enfim, das minhas mãos e eu ri – Vamos se trocar!
_Ah! Eu preciso por roupa também?
_Assim, né, o ideal seria ela não encontrar você pelada na cama com a filha dela...
_Hum. Quer que eu me esconda no armário?
_Junto comigo? – ela riu.
E eu comecei a rir também. Um encontro sapatão e já tá fazendo
piadinha aí, achei graça, enquanto me rendia e me arrastava para
fora da cama para buscar as roupas que deixamos largadas no chão.
_Assim como?
_Assim... – ela riu – ...sem dormir nada!
_Ué. Mas cê não precisa ir...
_Ah, não preciso? – ela riu, de novo.
_Não... – eu sorri, olhando para ela como se o simples fato de eu negar tal necessidade fosse o bastante para desfazer a sua existência – ...não precisa, não.
_E você também não precisa ir trabalhar, então?
_Ah! Pra tudo dá-se um jeito...
_Hum. Cê não acha que já causou estrago o suficiente?
_Estrago em quê?
_Em mim... – ela riu, inclinando o corpo para me fazer cócegas, me provocando – Na minha vida! Na minha cama! Não, hein?
_Não.
_Não?!
_Ainda dá para estragar mais um pouquinho... – pisquei na sua direção, sorrindo.
_Ah, então cê acha que não foi o bastante?
_Isso não foi um estrago... Foi meia noite de caos controlado.
_Ahh... sei – ela achou graça, indignada – E o que mais cê poderia querer de mim?
_Tudo, oras. Todo o resto.
_Olha, não sei se tem muito mais para eu te dar... – ela mordeu a língua, numa indecência quase acidental – ...mas cê pode pegar o que quiser.
_Não, é sério...
_Vamos fingir que estamos dormindo... – cochichei, achando graça – ...vem.
_Não dá, eu preciso ir lá... – a Mia insistiu, rindo – ...senão ela vai estranhar.
_Deixa ela bater, meu... – minhas mãos deslizaram inconscientemente pelas suas pernas – ...vem aqui comigo.
_Para! – ela me beijou, já se enroscando em mim – A gente vai ser pega!
_Tá trancada a porta, Mia...
_Mas a gente ainda precisa colocar um colchão no chão, qualquer coisa... – murmurou – ...antes de abrir... – entre um beijo e outro, sem muita determinação em sair dali – ...senão ela vai desconfiar...
_Não vai. A gente fala que chegou tarde ontem e capotou...
_Não dá. Vem... – se desvencilhou, enfim, das minhas mãos e eu ri – Vamos se trocar!
_Ah! Eu preciso por roupa também?
_Assim, né, o ideal seria ela não encontrar você pelada na cama com a filha dela...
_Hum. Quer que eu me esconda no armário?
_Junto comigo? – ela riu.
Se alguém conhecer uma Mia desse jeito, me avisa. Não, não sou team Mia, mas olha só quanta fofura, fazendo piada e tudo o mais. Ahh, uma lindeza!
ResponderExcluirTenho até medo do que pode vir ainda =x
putaquepariu! barulho na porta é de foder. não! é de NÃO foder... enfim.
ResponderExcluir*----------* a piada foi ótima, será que a "sogra" será boazinha? kkk
ResponderExcluirMaster concordo com tudo que a Devassa disse, tá completamente apaixonada... COmpletamente fudi**
;** Parabéns Mel
Não faço mais a mínima idéia do que vai acontecer daqui pra frente =~~
ResponderExcluirDevassa apaixonada?! Adorei!
Parabéns, Mel!
"No fundo, quem se acha esperto demais pra cair na armadilha, acaba se ferrando mil vezes mais."
ResponderExcluirAmei.
Lendo esse blog, criei coragem para escrever uma história também, se puder dar uma olhada e opinar, agradeço.
ResponderExcluirhttp://fazersentir.blogspot.com
O pessoal do TeamMia que me perdoe, mas a Devassa é demais!
ResponderExcluirMesmo sabendo que as coisas estão "erradas" e que a tendência é piorar ela vai até o fim pra realizar o que deseja.
;)
Mel, foi fundo hein?! Pra variar não esperava! Que dor é essa: medo de amar ou da realidade da situação? Acho que vou pedir ajuda aos universitários, quero dizer ao formsprings!
ResponderExcluirDe qualquer forma, tá lindo e surpreendente como sempre! Q saudades...
Isso q eu não entendo... Essa contradição, o errado tá aonde? Nesse texto, ela nem tá falando do Fer, é dela mesma! É de se entregar pra Mia pq é a Mia? Ela antecipa q vai sofrer no futuro?
ResponderExcluirE ela não deseja, ela luta contra! Ela só se entrega no final porque é instinto!
Cara, que loco!
Muito bom.
ResponderExcluir" Seria melhor ser uma imbecil, do tipo que não se aventura por aí..."
Eu adorei, mas discordo. Porque adoramos você assim GFM.
Sempre maravilhoso.
Não, Lu... a dor "deveria" ser na consciência, deveria ter relação com o Fer e com a traição na amizade. Mas, nesse momento, do lado da Mia, a dor não era essa... era egoísta. Era porque ela a queria para ela e sabia que não a tinha. Não estava se sentindo mal pelo amigo, mas por ela mesma. Porque a Mia não é completamente dela e agora ela quer isso mais do que nunca, ter ela, assim. :)
ResponderExcluirAntes a culpa com relação ao Fer tinha um peso maior do que a vontade de ficar com a Mia. Incomodava mais. Agora a vontade de ficar, de fato, com ela e a possibilidade de não conseguir isso está perturbando muito mais o coração dela. O ponto de vista de todo o rolo está começando a mudar...
Ooh, ela acha que ainda não tem a Mia, ou tem que disputá-la com Fer? E de fato nada faz parecer que ela tenha, mas minha mente "straight" me fazia crer que essa era a única certeza no blog: a paixão da Mia p/FM! Não é mais! :( Tks!
ResponderExcluirAi que mãe sempre aparece nas horas erradas ¬¬"
ResponderExcluirP.s:"Isso é meu,mas não me pertence"
cada dia que passa, eu me apaixono mais pela MIA... ♥
ResponderExcluircada dia melhor!!! é viciante. todo dia entro pra ver se tem post novo. booom demais!!!
ResponderExcluirDepois de tanto tentar, finalmente consigo comentar aqui ¬¬
ResponderExcluirmaaaas..ta esfriando o blog, to achando :/ achei o post digno, mas acho que ainda pode melhorar :*
Bom já que garante que mia's existem..resta acreditar e procurar rs
ResponderExcluirMeeeeo, ta muito boa a história, está de parabéns *----*
ResponderExcluirTítulo perspicaz. Tive que "googlar". ;-)
ResponderExcluirTítulo perspicaz. Tive que "googlar". ;-)
ResponderExcluireu quero ver sofrimento. haha gosto muito mais.
ResponderExcluirEstou gostando demais dessa história. Uma ex-recente me enviou o link e desde então não deixei de ler uma linha. Hoje estou atualizada e por dentro desse romance, bem parecido com o meu novo rolo por sinal. Assim como Mia, a menina dos meus olhos é prometida para "outro" homem. A difereça da FM é que eu não sou a melhor amiga do cara. Mas mesmo assim desejo sorte a nós todas... Adoro cada linha escrita aqui, e aguardo ansiosa por mais. Beijos
ResponderExcluirRealmente...gostei do título, geralmente são um dos pontos fortes.
ResponderExcluirha, I will experiment my thought, your post give me some good ideas, it's really amazing, thanks.
ResponderExcluir- Thomas