setembro 18, 2010

The thrill of it all

_Deixa eu ver – a Mia colocou o cigarro na boca, murmurando com o filtro entre os lábios – Dá seu braço.
 
Eu ri alto. Estava deitada no tapete felpudo da sala “de TV” do seu apartamento e a cena – a famosa cena – tinha acabado de passar. Entramos num debate intenso se as mordidas de vampiro eram ou não realistas. Sempre achei que os filmes meio que exageravam. Não pode ser tão fácil assim, mano. A Mia se ergueu, entusiasmada, e colocou uma perna de cada lado do meu corpo, enquanto o filme continuava rolando atrás dela. Então esticou a mão para frente, como quem repete o pedido:
 
_Vai. Dá seu braço!
 
Eu balancei a cabeça, a observando ali, no meu colo. E obediente, estendi o braço na sua direção – a Mia tirou o cigarro dos lábios e aproximou o meu antebraço da sua boca, gata daquele jeito, numa mordida demorada. Isso não vai prestar. Coloquei o meu outro braço atrás da cabeça, me apoiando nele e a olhando de volta. Como se nos desafiássemos para ver até onde eu aguentava. E os seus dentes foram me apertando cada vez mais. Desgraçada. Estava doendo pra caralho – mas eu fingia que não, só de afronta. E então a Mia me mordia com mais força. Puta que pariu. Os meus dedos agarravam a sua coxa, num reflexo de dor, mas eu não queria que ela parasse. Porra. Até que uma hora não deu mais.
 
_Para, para!  – apertei os olhos, já não aguentando mais, e comecei a rir – Para!
 
A Mia afrouxou a boca na mesma hora e escorregou os lábios na minha pele – como quem assopra uma ferida. E então deitou de novo ao meu lado, dando mais um trago no seu cigarro. Quase vitoriosa. Meus dedos deslizavam lentamente pela sua barriga, descoberta pelo moletom, entre a linha da sua meia-calça e a poucos centímetros do umbigo. Sentia meu antebraço latejar de dor, mas não ligava. Observava o caminho das pontas dos meus dedos na sua pele, deitada de lado, acompanhando suas estrias, suas curvas, o jeito como seu corpo se dobrava.

O filme rodava na nossa frente já completamente esquecido por mim. Toda vez que eu me aproximava do plástico que cobria a sua nova tatuagem, a Mia se esticava preguiçosamente e murmurava qualquer coisa – como “assim não, começa a coçar”. E aí continuava assistindo, enquanto os meus dedos voltavam, fazendo desenhos no decorrer da sua pele. Estar ali com ela, daquele jeito, parecia mais íntimo do qualquer outra coisa que já tínhamos feito juntas.
 
Deslizei o indicador até uma pintinha discreta alguns centímetros abaixo do seu umbigo. E senti a sua pele se arrepiar e contrair, me arrepiando também. Subi os olhos para o televisor e demorei uns três ou quatro segundos até entender o que se passava no filme, que eu já havia visto dezenas de vezes. A minha sorte é que, apesar do erotismo cafona dos anos 80 em certas cenas, o nosso gênero favorito também era coincidentemente o menos sugestivo possível – me servindo como um balde de água fria toda vez que eu chegava perto de cruzar a linha daquela meia-calça.

_Olha essa cena, meu... – comentei, empolgada, com a Mia – ...é muito boa!
_Mas o que ela tá fazendo aí?!
_Elas vão se beijar...
_Eu não entendo quem escreve esses roteiros, porra, numa hora ela é toda moralzona e no outro vai lá beijar a outra com a boca cheia de sangue? Não faz sentido!
_Faz, sim. Cê vai ver... Presta atenção!

Pude sentir a Mia segurando a respiração, enquanto seus olhos encaravam atentos o desenrolar da história que ela mais-ou-menos acompanhou. Escorreguei o braço pelo seu corpo, no mesmo trecho de pele descoberta que meus dedos passaram minutos percorrendo, e me aconcheguei abraçada à sua barriga, com a cabeça apoiada no seu ombro, para assistir o final.

Meus olhos, no entanto, continuavam mais na Mia do que na tela.
 
A poucos minutos do desfecho, em meio aos gritos de desespero, ali, à iminência de um dos piores efeitos especiais do filme todo, a Mia se virou para mim. Ela segurou o meu rosto com a mão, como se não quisesse mais assistir, e a ponta do seu nariz encostou no meu. Estávamos bem perto uma da outra, deitadas no tapete. Os seus olhos pareciam se esconder nos meus.

_Ficou com medo? – ri e perguntei, baixinho.

Ela balançou a cabeça, como se dissesse que não, e se moveu na minha direção. Até seus lábios encostarem nos meus e abrirem minha boca para um beijo. Puxei-a para perto do meu corpo, mais ainda, a segurando firme contra mim, enquanto as suas mãos me apertavam o rosto. A beijei de volta, com vontade, e nossos olhos não se abriram mais até o final dos créditos. Cacete.

27 comentários:

  1. AEEEEEEEAEAEAEAEAEAEAEAEEEEEEEE

    Mia com atitude e iniciativa, QUE LHENDA *.*

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  2. A Mia é tudo!
    Pelo visto ela vai atrás do presente dela!
    :D

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  3. Adorei. Por isso que adoro filminhos... É tiro e queda!

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  4. Cara.... Um dia as duas me matam...

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  5. o filme era atividade paranormal??

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  6. Ai meoooo Deoooos, posta, posta, posta, posta mais... hahahaha. Senti melhor sensação do mundo ao acordar e encontrar um post novo despois de 3 de crises de abstinência rs. Mel, parabéns pelo post, tá mto bom e como sempre vc arrasou, a FM tá fazendo o "jogo" direitinho, seduzindo sutilmente, dando corda e deixando a Mia cheia de vontade, até que enfim a Mia tomou uma atitude e seguiu seus instintos. Bjooo Mel, te adoro. ;*

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  7. finalmente o beijooooooooo <3

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  8. First nos comentarios?! :)
    Mel, que TESAO de cena.
    P-Q-P!!!
    SEm palavras. Fiquei com a cabeça sabe onde....
    Bjs
    PS: amo seu texto. Flawless.

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  9. Não sei neim o que comentar. Sério! *---*
    A cada dia que passa me vicio mais nessa FM. <3

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  10. ai. que bom pra elas. =~

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  11. Awnnn Mel, que linda(o)!

    A minha sexta foi uma merda, mas o post ajudou a salvar meu sábado!!!

    Muito lindo, amei amei amei, ^^

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  12. Adorei a Mia com atitude! Post liiindo!

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  13. Nossa, a Mia super arrasou e subiu no meu conceito, achei lindo *-*

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  14. Aaaaah final de filme perfeitoo \o/

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  15. A Mia ta toda apaixonadinha!! O máximo ela tomando atitude, adorei Mel! Mais, mais mais!

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  16. Aii to suspirando ate agora..rs muuito bom Mel..

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  17. :D
    :D
    :D

    cara...demaisssssss

    tdb q fuii o ULTIMO ser viventee a ler este post...
    tah mto fodaaa///

    Filme eeh sempre a melhor desculpaa...e tenho dito! `666

    ps: JAIMEEEEE...kero mais


    BGSS

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  18. MUITO BOOOM ;) pirei nesse post ! e alias, ALGUEM quer assistir um filmin comigo? hahaha ;*

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  19. Velho na Maioria das vezes nao posto mais agora tinha que fazer isso a cena foi perfeita e o Final velho!Sem comentarios!Parabens Mel Poster Perfeito!

    ass = Gabriela

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  20. Mia com atitude. Indo atrás do que ela quer! Isso mesmo Mia!
    Filminhos são perfeitinhos (quase) sempre.
    Delicinha total *------------*

    Adorei ^^)

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  21. pensando bem... eu já fui enganada com essa desculpa de "vamos assistir um filme lá em casa". Isso dá certo =x

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  22. 1º vez aki no blog e Adoreiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!

    Passei o FDS inteiro lendo..afinal eu tinha que entender neh??!rsrs.

    P.S.: Vc escreve muiitooo bem!!

    P.S²: Vicieiiiiiiiiiiiiii!!

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  23. ps: the thrill of it (all)

    a letra de Walking on a dream do Empire of the sun...

    Noelly...vambora pro Planeta Terra ver os caras tocarem em novembro?! ;)

    atualize gay! hahaaa

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  24. Ameiiiiiiiiiiiiiiiiii, cara eu quero viver algo assim, tdo q ah. Mel vc arrasa guria.

    Na espera do próximo ansiosamente!!!

    Ed - João Pessoa
    (flavinha_ems@hotmail.com)

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  25. Ouvi e curti. Do final:
    "Então venha, você sabe que você é importante pra mim
    Relembrar a liberdade não é difícil
    É hora de parar com todos os seus fingimentos
    Você não acha que conheço a minha própria mente? "

    gamei.

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  26. me lembra o "second first kisses" do obc

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