setembro 09, 2012

"Feliz 2012"

O clima no apartamento ficou estranho. Apesar dos meus esforços para compensar a minha acidental falta de sensibilidade, o Fer manteve a sua cara devidamente fechada pelas duas semanas seguintes. Para piorar, a Clara foi passar seus dias de recesso num camping em Jaguariaíva com duas amigas. E sem dinheiro nem para a passagem de ônibus, eu fiquei em São Paulo – na companhia emburrada do meu melhor amigo, cuja namorada também o trocou por uma viagem em família.  
 
Pois é. Fim de ano é sempre uma droga, mas aquele era o pior de todos. Sequer comemoramos o Natal ou o Ano Novo, rodeados de caixas de papelão enquanto os fogos estouravam na Paulista. Coexistíamos como dois irmãos após uma briga. Ridiculamente – eu puxava assunto na mesa da cozinha e ele me respondia com três palavras. É. Aquele era o meu castigo nos nossos últimos dias morando juntos.
 
A sua indiferença.
 
Agia como se pouco importasse, enquanto a verdade é que meu melhor amigo estava menos bravo com a minha rápida troca de colega de apartamento e mais incomodado em ter que deixar a sua vida comigo ali na Augusta. E os ânimos naquela casa só melhoraram quando a Mia voltou, num sábado de manhã.

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