janeiro 27, 2011
Flashbacks urbanos
janeiro 20, 2011
Tatus
janeiro 16, 2011
janeiro 15, 2011
A estrela dourada
janeiro 13, 2011
Se mostrar a sua, mostro a minha
janeiro 12, 2011
Os graus
janeiro 11, 2011
Artimanha
janeiro 05, 2011
Pois é, a tal fome
Ô inferno, me apoiei de braços abertos na pia e soltei o ar lentamente. Sozinha na cozinha, por um instante, sem saber o que fazer com aquele calor do caralho. Abaixei a cabeça, ofegante, tentando esfriar os ânimos. A gente precisa se controlar, porra, a mãe dela tá em casa. Suspirei, respirando fundo mais uma vez, e reergui o rosto. Incapaz – cada centímetro da minha pele e da minha boca e das minhas mãos já sentia uma falta desgraçada da Mia. Puta merda. Encarei a parede à minha frente, sem a mínima vontade de realmente me controlar, sentindo o meu corpo todo latejar. Eu vou perder a cabeça aqui.
Muita, muita fome
A fome
De repente, quando já estávamos prestes a acabar, escutamos uma porta se fechando ao longe.
_E essa cara aí é por quê? – eu ri, ouvindo alguém de salto dar passos pelo apartamento.
_Ah, meu, acho que minha mãe não gosta muito de você...
_Nossa, mano, mas por quê?!
_Hum... – arqueou as sobrancelhas, imprestável – Por que será, né?
_Sei. I wear my jeans too tight… – cantei baixinho, brincando – …and I stay out all night.
_Porra, mano. Essa música é demais!
_Num é? – desci para o chão, esticando as pernas, largando o meu sanduíche na bancada – So don’t take me home, baby... – pisquei para a Mia, fazendo graça – ...’cause your mama won’t like me.
_E aí... – respondi, ainda rindo, com um pedaço imenso de pão na boca – ...tudo certo?
_E o que vocês tão fazendo? – ela nos olhou ali, com certa reprovação.
_Comendo, mãe...
_Hum. E seu pai, não chegou? Ele ligou?
_Não.
_Tá bem – senti seu olhar demorar em mim, me analisando de cima a baixo – Bom, então eu vou tomar um banho... Vocês lavam aí, né, Mia? Não vai largar tudo de qualquer jeito...
_Tá, tá... – a interrompeu – Tchau, mãe!
_Ok – admiti – Cê tava certa. Sua mãe realmente não gosta de mim.
_É. Acho que cê é um pouco “demais” pra ela...
_Ah, é? – ri.
_Com certeza.
_Hum – me divertia – Me conta por quê.
Me aproximei da Mia, sem tirar os olhos dos seus, a provocando pela resposta que eu já sabia qual era. "Besta" – ela deu um passo para trás, encostando na esquina onde o balcão encontrava com a pia, apoiada com ambas as mãos atrás de si e me encarando de volta. "Diz. O que tem eu, hun?!". Olhei naqueles seus olhos castanhos e vi um sorriso surgir sem querer no canto daquela sua boca, aos poucos. E é, era para ser só brincadeira – mas claro, acabou sendo uma péssima ideia.
janeiro 02, 2011
Contemplação