outubro 18, 2012

Ainda bem, ainda bem

Sim – arrumamos um colchão no chão, mas ainda assim a Marina deitou na cama comigo. Por horas, conversamos sobre o que ela estava vivendo com a Vivian. Tinha passado o fim de semana na casa dela e chegou na minha sem conseguir parar de sorrir. Vê-la tão bem assim me fazia feliz. “Cê tem que trazer ela aqui um dia”, murmurei, checando as horas no visor do celular, “pra eu conhecer a tão famosa”. Ela acenou com a cabeça e eu sorri, largando o telefone sobre a mesinha de cabeceira, ao lado dos seus óculos dobrados.
 
Então a minha mente divagou. Uns minutos antes, eu tinha levantado para pegar um copo d’água na cozinha. E ir até lá sozinha me induziu a uma bad incômoda, sentindo a ausência silenciosa do Fer ecoar pelo apartamento vazio, estupidamente. Agora as mãos da minha ex abraçavam a minha barriga – e era reconfortante tê-la ali comigo.
 
_Foi... foi tão estranho, Má... – suspirei, afundada no travesseiro – ...deixar o Fer na casa dos pais dele hoje. E vir pra cá.
_Eu imagino.
_É diferente, não sei... – lamentei – ...toda lembrança que eu tenho, aqui ou quando morava em Santo Amaro, de qualquer merda que fiz na minha vida, meu, ele tava sempre comigo. No quarto do lado ou na rua debaixo. E agora eu tenho que pegar uma porra de um ônibus que leva quarenta minutos para ver o Fer. O Fer, mano! Não dá, é bizarro.
_Mas cês ainda vão se ver, linda... – ela me olhou e sorriu, com a cabeça ainda apoiada no meu ombro – Só vai ser estranho agora, mas amanhã cê vai se sentir melhor. E logo vocês dois vão se acostumar, até conseguirem mudar a situação pra algo que funcione melhor.
_É. Sei lá...
 
Eu gostava de ouvi-la falar. A Marina tinha os seus jeitos delicados, pacientes de me escutar e de me dar os seus conselhos. Apertando os braços ao redor de mim. A tristeza, todavia, perdurava em meus pulmões.
 
_Mas ainda... me sinto mal, não sei. Eu podia ter feito tanta coisa diferente, Má. E-eu... – senti minha garganta apertar – ...só fiz merda atrás de merda. E não é justo que ele tenha que passar por esse lixo, que seja ele quem tem que sair, porra. Eu é que devia tá me fodendo!
_Flor, não fala assim! – me repreendeu – Eu sei o quanto você ama o Fer e o quanto você tentou ajudar ele, você fez tudo o que podia esses meses todos. É uma situação complicada...
_É. Mas...
 
Ia retrucar, mas me calei, me sentindo culpada demais.
 
_”Mas” o quê?
_Nada.
_Linda? – a Marina insistiu – O que aconteceu?!
_E-eu... – respirei fundo – ...meio que... f-fiquei com a Mia de novo, ontem.
_Com a Mia? ONTEM???
 
A Marina se levantou, indignada, se sentando ao meu lado no colchão. E aí me encarou, descrente. Inferno. “Foi sem pensar”, murmurei, na mesma hora. Então ela me pediu os seus óculos e eu os alcancei na mesa, lhe entregando. Suspirei fundo. Aí a Marina os colocou, como se precisasse olhar direito na minha cara de pau – e eu quis afundar no colchão, sumir dali.
 
_Eu sei, eu sei – adiantei a bronca – Não precisa falar, tá...
_Na boa, eu não sei como você consegue.
_A, a Mia que veio pra cima, meu! – me justifiquei, já sabendo que estava errada – E e-eu... eu gosto dela, porra, você sabe que, que eu... não sei. Não sei! Tá? A, a gente tinha bebido e... – passei a mão no rosto, frustrada – ...não foi planejado, a g-gente... Argh!
_Mas, e a Clara?
_Não é assim, Má, isso não vai mudar nada. Ontem foi, f-foi um erro... – garanti – ...é, é isso. Eu tô com a Clá.
_Hum. Foi isso que você disse da última vez, não foi?
 
Merda, tá.
 
_Olha, mas eu tô mesmo apaixonada pela Clara, a gent...
_E você não acha que ela tem direito de saber? – a Marina me interrompeu, me fitando os olhos, apreensiva – Hein?!
_Acho. Mas é que e-ela, ela não entenderia... – senti o meu coração doer – ...quer dizer, ela... diz que sim, mas eu sei que não. Nem a pau! Não a Mia. E eu não quero foder as coisas entre a gente. Não por uma noite, não por isso. Eu sei o que parece, mas você tem que acreditar em mim, Má. Eu amo mesmo a Clá, é com ela que eu quero ficar. É só que... – balancei a cabeça, confusa – ...às vezes, com a Mia, e-eu... não sei, eu não consigo evitar. Eu amei ela por, por tanto tempo e, e me fode demais a cabeça.
_Eu acredito, linda. Só acho que você não pode continuar assim, querendo as duas coisas... – argumentou – ...ou alguém vai se machucar.
 
Eu sei, caralho.
 
_E-eu... – hesitei – ...tô com a Clara. É, é isso.
_Espero que saiba o que vai fazer, flor...

outubro 11, 2012

O ninho

_Desculpa, demorei? – murmurei, entrando no carro abarrotado de caixas, com o som do pisca-alerta tiquetaqueando no painel.
_Não, de boa...
 
Assim que bati a porta, o Fer abaixou o freio de mão e saiu com o carro. Não demoramos muito para atravessar a cidade até Santo Amaro, já que o trânsito dava certa trégua aos domingos. Não levamos mais do que vinte minutos. Mas isso não impediu, claro, que o pai do meu amigo nos recepcionasse com um comentário desagradável logo de cara.
 
_Você disse que vinha na hora do almoço, Fernando – ele resmungou, abrindo o portão – São três e meia, sua mãe ficou esperando! Se já vai começar assim, a gente vai ter um problema...
 
O Fer não respondeu nada, apenas bufou em silêncio do meu lado, sem que o velho ouvisse, conforme tirávamos as amarras do colchão. O carro estava estacionado diretamente em frente à casa dos pais dele, numa rua calma do bairro. Descarregamos tudo em pouco menos de meia hora e as pilhas se acumularam do lado de dentro – era estranho estar de volta ao antigo quarto do Fer, anos depois do fim do colégio.

Ficamos parados, por alguns instantes, naquele cômodo vazio. Sem dizer nada. As caixas aglomeradas num canto, o sentimento de abandono no resto do quarto. O Fernando passou a mão na parte de trás da cabeça, escorregando os dedos entre os fios raspados, com as tatuagens no braço. Estava visivelmente nervoso. Perguntei se queria ajuda para montar a estrutura da cama e ele topou – como quem não tem nada melhor para ocupar a cabeça.
 
Começamos a separar as vigas no chão, agachados. E o clima pesou. Era triste estar, estarmos ali. Depois de tanto tempo, de tudo que passamos. Olhei para cima, para ele, assim que começamos a montar o estrado. A ressaca enfraquecia os meus braços, que encaixavam peça a peça de madeira com certa dificuldade. Ele me ajudava, no lado oposto, com a expressão séria. Como se tivesse algo engasgado do peito. Nenhum de nós queria estar ali – eu o queria de volta no apartamento.

Arrumamos a estrutura da cama, trazendo o colchão para o quarto, sem dizer uma palavra. E ao final, sentamos para fumar um cigarro contra a parede. Esticamos as pernas no chão. Ele tirou o tênis, empurrando um pé noutro, e ficou apenas de meia. Ao meu lado. As primeiras tragadas foram em silêncio. Eu observava o rodapé e o piso escuro de madeira, aquele espaço que encolhera com os anos, numa nostalgia estranha.
 
Aquele era o quarto onde ouvimos CDs de punk trasheira durante toda a nossa adolescência, onde fumamos maconha escondido tantas vezes. E onde falei para ele, pela primeira vez, que curtia meninas. Moleque, com as pernas cruzadas e a cabeça baixa na minha frente, ele murmurou um – “pra valer?”. E eu disse que não sabia, que não tinha pensado direito a respeito. Muitos anos antes.
 
E agora, em outra realidade, com outras cabeças por completo, dividíamos um cigarro sem falar o que tanto ele, quanto eu, queríamos de fato dizer um para o outro.

_Vai ser estranho... – hesitei para começar, num sussurro relutante e incômodo – ...sem você lá, depois desse tempo todo.

Eu falava baixo, quase para dentro. E o Fer me ouvia sem desviar o rosto do chão. Nós dois éramos, provavelmente, as duas piores pessoas no mundo quando se tratava de sentimentos. Eu nunca dizia o quanto o amava, o quanto todos aqueles anos morando juntos me mudaram. Todo peso dele na minha vida pela última década. Você, porra, você é o meu melhor amigo. E não o ter mais por perto todos os dias, de repente, me deixava mais insegura do que eu era capaz de admitir naquele momento. Ainda assim, eu insisti:

_Cara, eu vou sentir sua falta. Eu sei... q-que a gente andou brigando esses dias, que eu me afastei às vezes... – relutei em dizer, sabendo que o motivo inconsciente por trás de todas as vezes que nos distanciamos, nos últimos dois anos, era a Mia – ...mas, sei lá... e-eu... acho que não sei mais viver sem você no quarto do lado ou na rua debaixo, eu...
_Mano... – ele suspirou, desconfortável, se reajeitando contra a parede e tragou, soltando a fumaça pro lado – ...não começa com essas bichices, velho. Já... – lamentou – ...t-tô na merda pra caralho, meu. Se logo você for...
_Hum, diz, se eu o quê... – eu ri e o empurrei com a lateral do corpo, mudando o clima da conversa – ...cê vai chorar?
_É, vai brincando... – ele riu também.

Eu sabia que aqueles meses na casa dos pais, em especial o convívio com o velho, não eram fáceis para o Fer engolir àquela altura. Metendo o orgulho goela abaixo, na segunda metade dos seus vinte anos. E conforme eu me despedia dele, já na porta, a certeza de que aquilo não era tão mais fácil para mim se concretizou. Como um peso desgraçado, que há semanas eu vinha evitando dentro de mim, a cada passo que eu dava. Numa vontade angustiada de não voltar para o apê pela primeira vez sem ele. O nosso apê.
 
Desci até o ponto de ônibus, me sentindo estranha. Sozinha. Maldição, passei as mãos no rosto e acendi outro cigarro. Eram talvez sete, oito da noite. Senti uma necessidade desesperada de estar com alguém. Mas a Clara estava a quilômetros de São Paulo. E não podia ligar para a Mia – é, num senso distorcido de respeito ao meu momento com o Fer. Então, digitei o número da única outra garota que eu sabia que me confortaria. E ela logo atendeu, do outro lado da linha.

_Meu... – suspirei, chateada.
_O que aconteceu, flor?! – ouvi a voz preocupada da Marina.
_Dorme comigo hoje?

outubro 06, 2012

Maldade

Com o meu coração, é. Inclinei o corpo na direção da Mia, a segurando pela cintura, num beijo inesperado. Sequer pensei. Em pé no hall de entrada do seu prédio. Toda vez que a sua boca juntava com a minha era como se elas tentassem compensar todos os beijos que não nos demos. Sabe? Com uma saudade intensidade que me fodia a cabeça. Mas tão logo nos atracamos ali, a Mia se desvencilhou das minhas mãos – com o celular nas suas.
 
_Obrigada... – ela deu um passo para trás e sorriu, nos interrompendo – ...por “trazer”.

Comecei a rir.

_Cê tá tirando com a minha cara, né...

Encarei-a, achando graça. Porra, garota. E ela arqueou as sobrancelhas, satisfeita, enquanto eu era deixada de braços abanando. Despreparada emocionalmente. Quer dizer que você, v-você chega em mim desse jeito, do nada, e, e aí vai embora? Assim? A Mia me olhou, confiante, e foi voltando lentamente de costas para o elevador. Eu me diverti com a sua ceninha. Tá certo.

_Te vejo essa semana, então? – sugeri, rindo, e ela deu de ombros.
 
Filha da puta.

outubro 05, 2012

Descomedida

"Colada à tua boca
A minha desordem
O meu vasto querer
O incompossível
Se fazendo ordem"
 
(Hilda Hilst)

outubro 02, 2012

Prorrogação

_A GENTE SAI EM MEIA HORA! – o Fer gritou na minha direção, ao passo em que eu arrastava os meus pés pelo corredor.
 
Se eu estiver viva até lá, né, segui para o meu quarto e me joguei na cama, derrotada. Por que diabos bebi tanto ontem?! Exaurida e sem energia, os meus órgãos internos pareciam prestes a implodir. Os acontecimentos da noite anterior ainda permaneciam levemente nebulosos e eu tentava não pensar muito a respeito, para não me enfiar em uma... – argh. Tão logo tentei evitar, o pensamento me invadiu a cabeça.
 
Mia.
 
Virei o corpo, ainda meio deitada, apoiando apenas a nuca contra a cabeceira. Desconfortavelmente. Aí peguei um cigarro que restava fora do maço, na mesa ao lado da cama, e o acendi – sentindo a espiral de culpa começar, me lembrando de cada baixaria que fizemos no chão da sala. Meu corpo doía. Onde eu tava com a cabeça? Puta que pariu. Dei um trago, deixando a fumaça sair dos meus pulmões em seguida. À luz do dia, eu me sentia suja. E burra. Vou mesmo me meter nessa merda de novo, foder tudo com a Clara?, traguei mais uma vez, com os olhos perdidos na parede à frente, pra você, Mia, v-você me desgraçar a cabeça a madrugada toda e depois ir dormir com ele, como sempre, porra?
 
Mas – ah, a Mia. Seu gosto, seu jeito. Nós duas juntas. Aquilo, meu coração hesitou, aquilo foi diferente.  
 
Senti dificuldade de respirar. Não. Não vou fazer isso agora. A noite anterior não precisava significar nada, não de imediato. Que se dane. Eu estava de mau humor, de ressaca, mas sabia que aquele sentimento de vazio ia passar. Minha cabeça latejava de dor. Me levantei, apanhando as primeiras roupas que vi no armário, com o cigarro ainda pendurado na boca, e decidi tomar um banho rápido antes de sairmos. Então me tranquei no banheiro – e deixei a água correr pela minha cabeça por alguns minutos, levando embora a ansiedade.
 
Quando saí, já mais desperta, dei de cara com a Mia na cozinha. Estava bonita, meio acidentalmente. Numa camiseta larga e os cabelos desalinhados. Ela sorriu ao me dar bom dia. E eu tentei não agir de maneira diferente, sorrindo de volta e logo me dirigindo até a geladeira – para tomar cinco litros do primeiro líquido gelado que encontrasse. Alcancei uma jarra de suco e metade de uma maçã que não tinha comido no dia anterior. Aí me sentei na mesa, ao lado do Fer, sentindo meu corpo se contorcer por dentro.
 
_Eu passei café... – a Mia me olhou, descalça e sentada na pia – ...se cê quiser.
_Mano, não... – o Fer me alertou, rindo – ...não pega.
_Eita. Por quê?
_Velho, pior chá cafeinado que cê vai tomar na vida... – ele zombou, com uma xícara ainda semicheia à sua frente – ...na boa, não tá dando.
_Muito agradecido você! – a Mia riu, ofendida, arremessando um pano de prato na direção dele – FAZ SEU PRÓPRIO CAFÉ DA PRÓXIMA VEZ, MACHO!
_Ah, cê vai me desculpar, amor... – ele pegou o pano antes que acertasse sua cara e riu – ...geralmente dá pra engolir, mas hoje tá ruim demais.
_CALA A BOCA!
 
Eu ri também, assistindo os dois discutirem. E o clima se tornou bom, aos poucos, entre nós. Os três. Poucos minutos depois, nos levantamos e eu ajudei o Fer a carregar as caixas que faltavam até o seu carro. Enquanto descíamos de elevador, me juntei aos esforços dele de destruir as habilidades da Mia na cozinha, completamente inexistentes, em comentários cruéis. Ela ria junto, indignada.
 
Colocamos a última caixa no chão sujo da garagem, sobre as outras que já tínhamos levado. Estavam todas lá. Cinco anos e meio de apartamento dividido em algumas poucas caixas. Parecia, agora, tão pouco. Demos início então a um balé confuso, na tentativa logística de ocupar todo o espaço disponível no carro, fazendo pilhas de caixas de papelão caberem no banco de trás e no porta-malas. Ao final da árdua tarefa, o reles automóvel do Fer mais parecia uma carreta – com um fio passando, nada discreto, pelas janelas para segurar o colchão sobre o teto. Muita classe, né.
 
Sentei no banco da frente, cumprindo meu papel de sapatão-amiga, necessária para ajudar a descarregar e montar tudo quando chegássemos na casa dos pais dele. E já estava prestes a fechar a porta, quando a Mia deu dois passos e me impediu. Ficou parada do lado do carro, com os braços tatuados apoiados na janela, como se esperasse algo de mim. Você só pode tá brincando, não é?, olhei para o Fer, na mesma hora.
 
_Qual é, a casa dela é aqui do lado! – ele argumentou – É rapidinho!
 
E eu suspirei, abrindo o resto da porta para que ela se sentasse no meu colo. Que situação. Era o cúmulo – nós duas nos amassando ali, suas pernas sobre as minhas, com o Fernando bem do lado. Eu quero morrer. Depois de toda sacanagem daquela madrugada, não era tarefa fácil não parecer me sentir culpada. Desviei os olhos e as mãos para bem longe da Mia durante todo o percurso, ignorando seu pescoço assim, a meio centímetro da minha cara, até chegarmos em Higienópolis. E ela finalmente sair do carro.
 
Ufa.
 
Me acomodei confortavelmente, agora podendo respirar com naturalidade, sozinha de novo no banco da frente. E o Fernando baixou mais uma vez o freio de mão. Começamos a atravessar a Avenida Angélica quando, de repente, senti a lateral do meu banco vibrar. “Panic!” – ouvimos a voz da Chitose gritar, a vocalista do The Comes. Seguida duma guitarra rapidinha e mais um “Panic!”, vez atrás de outra. Aquele era o toque da Mia. Droga. Alcancei o celular, que tinha caído no vão da porta, e o atendi, conforme o Fernando já fazia o caminho de volta. “Mia?”. “Ai, que bom! Tá no carro!”, ela disse, aliviada, do outro lado da linha, “já tava com medo de ter deixado no apê”. “Besta!”, eu ri, “estamos indo levar aí”.
 
Em menos de cinco minutos, paramos de novo em frente ao seu prédio. “Vai lá!”, o Fer falou, estacionando o carro sem desligar o motor. Abri a porta e dei uma corrida até a portaria, apontando o celular em mãos para que abrissem logo. E abriram, para minha surpresa, possivelmente já avisados. Atravessei o jardim que ocupava o recuo do prédio num só fôlego e subi os três, quatro degraus que davam no hall de entrada. A Mia já estava lá. Com o mesmo camisetão e o maldito shorts da noite anterior, de chinelo no pé. Sorriu ao me ver e veio na minha direção, com a mão esticada para pegar o telefone. Assim que o alcançou, porém, me puxou num rápido movimento para perto dela – ah, desgraçada.
 
Aí colocou os braços ao redor do meu pescoço e me beijou.