“With your
feet on the air and your head on the ground”, eu ouvia e não conseguia evitar
senão acompanhar os Pixies, com uma cerveja na mão e a cabeça metida naquele
ritmo viciante. Meus olhos, por outro lado, estavam exclusivamente na Dani. Eu
me divertia, sentada sobre a mesa da cozinha, enquanto observava ela se
debruçar frustrada no chão. Um dos seus brincos havia escorregado para debaixo
da geladeira, numa fresta mínima e humanamente inatingível.
_Larga mão de ser fresca! – eu provocava de propósito – Cê não vai
conseguir, já era... Tira o outro brinco e fica sem, meu. Qual o problema?
_Sabe, você podia me ajudar... – ela resmungou.
_Não. Tô bem aqui... – eu ri – A vista tá ótima, Dani.
_Vai se foder – ela retrucou e virou o corpo um pouco mais para o lado, a fim de me privar da minha “ótima vista”, se desdobrando inteira no chão.
Tomei mais um gole da cerveja e continuei cantarolando a letra,
entretida com toda a situação. Eu estava me sentindo leve, me sentindo bem. Não
só pelo fato da Dani estar de joelhos ali, sofrendo por um pedacinho de metal –
o que estava me divertindo, confesso, mas também pelos motivos que eu
não queria admitir. Nem para mim mesma e muito menos para ela. O fato é que,
apesar da minha bebedeira fenomenal do dia anterior, eu me lembrava de cada
segundo, de cada balada, de cada beijo e de cada metro percorrido. E mais
especificamente, de cada frase confessada.
“Ciúmes”. A palavra por si só me perturbava. Ainda que fora de contexto, ainda que cochichada após litros de tequila e vodka barata e duas horas de sexo à beira da exaustão; de um jeito ou de outro, me perturbava. Mais de um do que do outro: a Dani sempre foi uma constante na minha vida. No entanto, ao longo dos anos, ela conseguiu – de uma forma realmente impressionante – me superar na filha-da-putice e na ausência completa de compromisso ou qualquer sentimento sincero de carinho. Ela nunca deu a mínima para nós duas. Sumia quando bem entendia. E me fazia bem saber que ela sentia alguma coisa por mim, seja lá o que fosse.
Só não fazia sentido.
A Dani já tinha me visto com inúmeras outras minas. Ela desaparecia
e depois ressurgia durante os meus namoros, atrapalhava cada um deles. Sempre
conversamos abertamente sobre nossos casos. Contanto que conseguisse o que
queria, não era um problema. Qual era a implicância repentina com a Mia? Não pode ter sido tão grave assim, eu
pensava, enquanto olhava-a esticar o corpo na minha frente. Eu não estava tão bêbada assim. Não a esse
ponto, porra, na frente do Fer?, tentei me convencer, não. Eu não daria tão na cara assim.
Infelizmente, em flashes esparsos de memória, o que eu me lembrava
era que, sim, eu estava tão bêbada assim. Estava até pior, aliás. E a
minha falta de discrição acarretava um milhão de possíveis riscos, o que me
incomodava bem mais do que o ciúme da Dani. Esse último me intrigava, como uma
coceirinha boa atrás da orelha. Parte de mim – a parte curiosa e masoquista – tinha vontade de cutucar a leoa para
ver até onde chegava aquela história.
_Ah! Desisto! – a Dani declarou irritada, já em pé, após alguns
minutos.
E imersa em meus pensamentos, deixei escapar.
_Ei... O que cê vai fazer essa semana?
_Nada, sei lá, vou voltar pra casa dos meus pais. Por quê?
_Não quer ficar uns dias aí? – perguntei, sem pensar.
E sem mais nem menos, estava feita a proposta.
_Sabe, você podia me ajudar... – ela resmungou.
_Não. Tô bem aqui... – eu ri – A vista tá ótima, Dani.
_Vai se foder – ela retrucou e virou o corpo um pouco mais para o lado, a fim de me privar da minha “ótima vista”, se desdobrando inteira no chão.
“Ciúmes”. A palavra por si só me perturbava. Ainda que fora de contexto, ainda que cochichada após litros de tequila e vodka barata e duas horas de sexo à beira da exaustão; de um jeito ou de outro, me perturbava. Mais de um do que do outro: a Dani sempre foi uma constante na minha vida. No entanto, ao longo dos anos, ela conseguiu – de uma forma realmente impressionante – me superar na filha-da-putice e na ausência completa de compromisso ou qualquer sentimento sincero de carinho. Ela nunca deu a mínima para nós duas. Sumia quando bem entendia. E me fazia bem saber que ela sentia alguma coisa por mim, seja lá o que fosse.
_Nada, sei lá, vou voltar pra casa dos meus pais. Por quê?
_Não quer ficar uns dias aí? – perguntei, sem pensar.
9 comentários:
É, a moça nasceu sem o mecanismo pensar-antes-de-agir mesmo.
Team Dani total. ;)
É (quase) sempre assim: ninguém admite, mas gosta de saber que tem uma certa pessoa ali... à espera.
e quanto mais "difícil", melhor.
c'est la vie!
To adorando a trilha sonora
Team Dani total. [2]
A Dani parece ser oq há de melhor! rsrsrs
E a Mia nunca me agradou muito mesmo!
To amaaando o blog!
E viva a horta!
A Dani percebeu que a GFM está realmente apaixonada pela Mia, por isso o ciúmes. Está com medo de perder essa "coisa" que elas têm. A Mia se tornou uma ameaça!
Mesmo assim eu ainda tenho minhas dúvidas se ela vai aceitar o convite pra ficar ou não, até que ponto vale à pena entrar no meio disso tudo? Muito complicado!
Bêbado sempre acha que é super discreto, né? Incrível! Hahaha
Vixi, escrevi pra caramba, sorry! #meempolgay
Ah... #voltaclara (mas com aquela condição que coloquei lá da comunidade do Orkut)... hahaha ;)
~> Hummmmmmmm <~
fiquei com uma dani esse final de semana... mas prefiro essa daqui >.> ahahahahah
mesmo eu estando com um pouquinho de esperança, sei que ela vai voltar pra mia ._.L
é sempre assim, a gente nunca sossega, só quer o que não pode xD
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