_Não tô me sentindo bem – forcei uma voz pesada, levemente
ofegante, apoiada no batente da sala antes de sequer terminar de entrar.
Meu chefe levantou os olhos e observou a minha expressão arrasada
de quem não tinha dormido a noite inteira por causa de uma porra de um SMS e depois
passado o dia todo numa agonia interna por causa de uma garota, sem saber
realmente que era disso que se
tratava. E aí... simpatizou comigo. Pois é. O lado bom de se apresentar
à labuta quase diariamente com cara de merda e olheiras descomunais era a facilidade
que eu tinha de mentir sobre o meu estado de saúde. Digo, quando metade do
trabalho já está feito e estampado na sua cara não é necessário muito esforço
para soar realmente convincente.
Contive um sorriso e abaixei a cabeça para não dar bandeira, a fim
de consolidar a minha patifaria. O relógio do meu celular mal marcava 16:30 e
eu já era uma mulher livre, pisando na rua a caminho do metrô. Vinte minutos
depois e eu dava as caras na estação Consolação, vestida com a minha jaqueta
preta e um lenço palestino colocado de qualquer jeito em volta do pescoço – a
tarde estava linda, ensolarada e fria pra caralho. Êê São Paulo, pensei com carinho, enquanto
descia contra o vento gelado da Augusta, enfiando as mãos no bolso da frente do
meu jeans.
O estúdio ficava umas quadras para baixo, dentro duma galeriazinha,
e tinha vista para a rua através de uma janela imensa no segundo andar. Subi as
escadas, cantarolando “Gimme Danger”
na minha cabeça, realmente feliz por ter decidido ir. A Mia estava numa cadeira
ao lado da escada. Entrei e dei de cara com ela sentada ali, só de calça, segurando
a blusa nas mãos. Os peitos e todas as outras tatuagens à mostra. Puta
merda. Fui pega de surpresa, tá calor aqui, né?
Ela me olhou assim que alcancei o topo da escada e sorriu. Absolutamente linda. Uau. Me aproximei e a cumprimentei, segurando atrás da sua cabeça com os dedos entrelaçados em seu cabelo e dando um beijo a dois milímetros da sua boca. Aí puxei uma cadeira e sentei de frente para ela, acenando um “alô” desinteressado com a cabeça para a tatuadora. Sem conseguir tirar os olhos da Mia.
_Sofrendo muito aí?
_Não, de boa... Dá pra levar – ela respondeu, indiferente à dor – Só quando chegar na costela, aí vai ser osso.
_E o que é?
_Cê não viu? – riu.
_Não... Deixa eu ver...
Levantei e caminhei para trás da cadeira, do lado oposto da
tatuadora, que rabiscava a lateral das suas costas. De um lado, estavam as flores
de cerejeira – as que me torturavam toda maldita vez que a Mia aparecia de
shorts no apartamento –, começando no ombro e descendo pela sua pele até um
pouco depois de onde supunha-se estar a lateral da sua calcinha. Agora, do outro
lado, embaixo de toda aquela sujeira de sangue misturado com a sobra de tinta
preta, a tatuadora traçava uma série semelhante de flores, quase espelhadas e
que também deslizavam do seu ombro até o alto da sua coxa.
_Não é a mesma, é?
Perguntei, observando as pétalas diferentes.
_Que a de cá? Não, não, é outra – sorriu – Tá ficando bonita?
_Tá, só... – fiz uma pausa, analisando – ...essa parte aqui em cima que, não sei, é pra ser assim mesmo?!
_O quê? Que parte?! – a Mia se agitou, preocupada, e a tatuadora foi obrigada a interromper o processo.
_Essa aí em cima, meu, o contorno tá... não sei, parece torto... – me sentei, de novo, na sua frente e não me aguentei ao ver sua expressão de desespero, gargalhando – ...tô brincando, trouxa. Relaxa.
_PORRA, MANO. QUE SUSTO!
Gritou comigo e a tatuadora lançou um olhar de reprovação na minha
direção. Apoiei meus pés num banquinho que estava sobrando ao lado e cruzei as
pernas, ainda achando graça.
_Deus. Não acredito que cê caiu nessa, é a piada mais velha do
planeta! – eu ri.
_Vai se foder, velho! – a Mia riu também e me bateu com a blusa que estava em sua mão – Não, sério agora... O que cê achou?
_Vai ficar linda, meu... – pisquei para ela.
_É?
Ela sorriu de volta, satisfeita. E eu me senti especial, a
primeira a ver. É tão mais fácil assim, garota. Só eu e você. De
repente tudo era descomplicado, tudo estava bem. E não importava mais se eu era
ou não a primeira opção para acompanhá-la. Só que fosse eu quem estivesse lá.
Ela me olhou assim que alcancei o topo da escada e sorriu. Absolutamente linda. Uau. Me aproximei e a cumprimentei, segurando atrás da sua cabeça com os dedos entrelaçados em seu cabelo e dando um beijo a dois milímetros da sua boca. Aí puxei uma cadeira e sentei de frente para ela, acenando um “alô” desinteressado com a cabeça para a tatuadora. Sem conseguir tirar os olhos da Mia.
_Não, de boa... Dá pra levar – ela respondeu, indiferente à dor – Só quando chegar na costela, aí vai ser osso.
_E o que é?
_Cê não viu? – riu.
_Não... Deixa eu ver...
_Tá, só... – fiz uma pausa, analisando – ...essa parte aqui em cima que, não sei, é pra ser assim mesmo?!
_O quê? Que parte?! – a Mia se agitou, preocupada, e a tatuadora foi obrigada a interromper o processo.
_Essa aí em cima, meu, o contorno tá... não sei, parece torto... – me sentei, de novo, na sua frente e não me aguentei ao ver sua expressão de desespero, gargalhando – ...tô brincando, trouxa. Relaxa.
_PORRA, MANO. QUE SUSTO!
_Vai se foder, velho! – a Mia riu também e me bateu com a blusa que estava em sua mão – Não, sério agora... O que cê achou?
_Vai ficar linda, meu... – pisquei para ela.
_É?
17 comentários:
" Era tão mais facil assim, so eu e ela "...
Nem precisa dizer nada neh...
Amei o topico
AEEEEEEEEEEEEEEEEEEHH!!
Primeiraaa... (¬¬)
Awnn que linda elas......
EU QUERO MINHA TATTO ,AGORA!!
(E eu quero alguem para ir no estudio comigo...... alguma cantidata?)
*-*
Te voglio pio bene Mel!!
Adoro a Mia, ela consegue ser super delicada sem ser nem um pouco fresca!
Team Mia!
Tá na hora delas se acertarem...
(Deeeer, demorei tanto escrevendo o comentárioo que deixei de ser a primeira.... :'(
Acordar a essa hora e ler um post todo fofo assim salva qqr segunda feira da chatisse..
Poxa que fantasia heim? Um estudio de tattoo... hm*
E dá pra acreditar que algumas horas atrás ela estava putinha e pensando o que responder pra Mia via SMS?
A distância abre espaço pra vários questionamentos e várias interpretações erradas. É muito legal isso de que quando estamos perto da pessoa que gostamos tudo passa, tudo fica lindo, todas dúvidas somem... Fica tudo perfeito.
Também gostei muito desse, Mel. :-) E a tattoo parece linda!
amei esse post, adoro essas conversinhas bobas das duas, a Mia é toda fofa =) hahaha
fer fer fer fer...
fer tem q morre.....credo não gosto dele
ai vcs pergunta e aquele anonimo do outro post atraz falando mal do fer sim sou eu o msm.kkkkkk
Pois eh... nem contra, nem a favor do Fer, lembrando q ele dá suas puladas d cerca e sabe-se lá se ele morre de amores pela Mia.
Fazer tatuagem virou cantada agora haushuas. Se eu soubesse tinha me aproveitado disso na época q fiz a minha ¬¬
eu quero que todo mundo que comenta ai que não tá nem aí pro fer tenha seu dia de fer. quer mesmo. só pra sentir na pele como é bom.
Galera, vamos manter em mente que essa é uma história de FICÇÃO, ok... No hearts have been broken ;)
to só esperando meu dia chegar de ser igual o fer SE chegar porq eu me garanto ^^ .mais se chegar fazer o q né aceitar de boa .ruim eu sei q é mais o fernando não e nem um santinnho tmb né.
é anonimo ai de cima o dia que chegar minha vez eu te conto como foi viu ?ok preocupa não kkkkkkkk
IGUAL EU FALEI ANTES SE CHEGAR PORQUE EU ME GARANTO haushaush'
Nao eh se garantir..a mia gosta do fer, mas amor eh uma coisa q nao da pra impedir! torço pros 3 ficarwm bem no final =)
Rachei com a Mel querendo acalmar os animos da galera huasuashuahs
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