Sabe aqueles testes ruins no estilo “Descubra qual é o seu tipo
de homem”? Pois bem. Vez ou outra, movida pelo absoluto tédio numa
sala de espera, eu pegava uma revista feminina e me divertia respondendo
qualquer quiz idiota desses só para discordar do resultado ao final. Não,
Cláudia. O meu tipo de homem não é loiro, surfista e musculoso, credo.
O meu tipo de homem era o que não falava comigo – e de preferência, que me
deixasse em paz na rua. No melhor dos casos, o meu tipo de homem eram as bichas
afrontosas da Augusta. Ou o Fer. E ainda assim, todos bem longe da minha cama.
A revista nunca acertava. E o erro não era só por presumir que
todas as mulheres gostam de homens – ou pelas respostas incrivelmente
superficiais. A verdade é que, mesmo se existisse uma versão sapatona,
provavelmente o teste fracassaria. Eu não tinha um “tipo”. Nenhum. Zero. Sempre
achei meio babaca esses lances. O mais específica que eu podia ser sobre o que
me atraía fisicamente em garotas era, por exemplo, um joelho ralado – isto
é, de tanto tropeçar bêbada por aí. Eu gostava de mina sem noção. Sabe
aquelas porraloucas que saem pela rua fazendo amizade às 5 da manhã,
equilibrando a cerveja numa mão e a dignidade na outra? Pois esse era o
meu tipo. E até isso era relativo, não é, bastava olhar para a Marina e
o nosso namoro improvável. A minha maior regra era não ter regra.
Mas p u t a q u e p a r i u como eu perdia a cabeça com
mina tatuada.
E não estou me referindo àquelas três estrelinhas escondidas atrás
da orelha, nem àqueles erros em forma de golfinho – resultado lamentável de um
devaneio pós-insolação num feriado prolongado no Guarujá. Não. Para mim
e toda a água na minha boca, existia uma grande diferença entre ter
tatuagem e ser tatuada. E lá estava a Mia, sentada na minha frente, com
o corpo inteiro rabiscado e seminua, sem a menor inibição. Juro – eu podia
passar duas, três, dez horas que fosse apenas observando, enquanto a Mia era dolorosamente
desenhada por aquela maquininha.
Os minutos se desdobravam lenta e deliciosamente. Aquilo era quase
melhor do que sexo. Eu disse quase.
De tempos em tempos, eu e a Mia engatávamos uma conversa qualquer descontraída
com a tatuadora. Numa intimidade que fluía bem entre nós – e que me fazia
sorrir. Ainda assim, havia sempre aqueles momentos de silêncio, em que só se
ouvia o barulho do motorzinho e ninguém falava por minutos a fio.
E esses, sim, eram complicados.
As agulhas percorriam o corpo da Mia, pouco a pouco colorindo as
flores em tons amarelados, então a tatuadora limpava a sua pele, descendo pela
sua costela. E eu me obrigava a sentar ali, assistindo-a morder os lábios ao
passo que a agulha preenchia o contorno, milímetro por milímetro, franzindo a
sobrancelha e reposicionando o quadril para frente na cadeira, se mexendo
sutilmente assim que a máquina pausava por cinco, seis segundos; movendo a
cintura, se reajeitando. E a cada recomeço, os olhos da Mia apertavam. Já os meus
não desviavam – observando-a apertar a camiseta com as mãos, afundando os dedos
no tecido, para depois soltar ar lentamente pela boca.
Pelo amor
de Deus. Não faz assim, mulher.
Eu a observava ininterruptamente, numa fissura tão grande que logo
começou a me dar calor. Uma quentura, sabe? Aquela febre interna. Numa
saudade desgraçada de beijá-la, de pressioná-la contra o meu corpo, o chão do
seu quarto. E aí ficar parada naquela
cadeira começou a se tornar uma tarefa realmente difícil. Bastava olhar para a
Mia ali e a minha mente ia sendo tomada por todo tipo de pensamento sujo. Realmente
sujo. E eu me torturava – já cozinhando debaixo daquela roupa toda e, ainda
assim, sem tirar os olhos dela.
Arranquei o lenço do pescoço. Cacete, respirei fundo. E a
Mia continuava lá, irresistível, se concentrando na dor, com a tatuadora agora já
na parte de baixo da sua costela. E a minha atenção na sua boca entreaberta. Merda. O calor não ia embora. O jeito foi
tirar a jaqueta também. Daqui a pouco eu
fico pelada aqui, pensei e quis rir. Mas a intensidade daquele metro e
pouco entre a Mia e eu, inebriada pelo zunido da maquininha, não me permitiram.
A única coisa que eu conseguia fazer era me inquietar naquela cadeira, morrendo
de tanto tesão calor.
_Que aconteceu? – a Mia riu e me perguntou, de repente.
_O-o que... – reagi, assustada, arrependida da bandeira que eu estava dando – Como assim?!
_Aí... – ela arqueou a sobrancelha, me encarando.
_Onde?! – repeti, dando uma de desentendida.
_Na sua blusa – ela sinalizou rapidamente com os olhos e riu, de novo – Tá toda suja, meu.
Ahhhhhhh,
isso.
_E-eu... derramei café, lá no trampo – respirei aliviada, puxando
a minha camiseta com as mãos para ver melhor a mancha – Que merda, esqueci que
isso tava aí...
_Ficou bonito, hein...
_É. Faz parte do meu estilo funcionária-do-mês.
_Toma, veste essa! – a Mia jogou a camiseta que estava na sua mão na minha direção – Eu trouxe um moletom largo para usar depois que terminar aqui.
_Mas cê não...?
_Não, pode usar – sorriu.
Então tá, levantei, empurrando a cadeira levemente
para trás, e tirei a camiseta. A dobrei e abaixei para colocá-la junto à minha
jaqueta e ao lenço no chão. A tatuadora sequer olhava na minha direção. Já a
Mia me encarava com os seus olhos castanhos e, por algum motivo, me senti vingada
por toda a sessão de tortura que aguentei até então. O seu olhar parou numa
palavra que eu tinha tatuada no canto do abdômen, depois subiu até os meus
braços. Puxei a sua camiseta do meu ombro e a vesti.
_E aí? Ficou bom? – perguntei, ainda de pé.
_O-o que... – reagi, assustada, arrependida da bandeira que eu estava dando – Como assim?!
_Aí... – ela arqueou a sobrancelha, me encarando.
_Onde?! – repeti, dando uma de desentendida.
_Na sua blusa – ela sinalizou rapidamente com os olhos e riu, de novo – Tá toda suja, meu.
_Ficou bonito, hein...
_É. Faz parte do meu estilo funcionária-do-mês.
_Toma, veste essa! – a Mia jogou a camiseta que estava na sua mão na minha direção – Eu trouxe um moletom largo para usar depois que terminar aqui.
_Mas cê não...?
_Não, pode usar – sorriu.
E a Mia deixou escapar um
sorriso discreto no canto da boca. Aí,
sim.
12 comentários:
FM tem seios fartos?
tem cara q não =/
"malícia discreta com o canto da boca"....... ai meu deus.. AGUEM ME DESGRUDA DO TETOOOOO!!
Ainda bem que eu tô em cs, longe de "pessoas"........]
Melzita....... vou correr pra um estudio de tatto, vem comigo ajudar a escolher??
HUAHUAHUA
D-E-L-I-C-I-A!
*_________________*
Aí sim!!!!!!
mel,vc entende a cabeça das garotas de hoje!!! tatto é um TESÃO!!!!! amei!!post perfeito como sempre.
uuuuh, oq será que vai acontecer depois? *-*
AÍ SIM HEIN? ASIUDHAIUSHDIHAS
primeiro post... q orgulho =D
lembrando q a Mel namora huashuashuas
Esse foi o primeiro post que me deixou um tantooo...EXCITADÍSSIMA!
Muito booom msm, parabéns!
Entro aqui todo dia no desespero, para ver se tem posts novos =]
Entrei no desespero agora...
FM vamos ali fazer umas flores de cerejera???
Aiii...Continua!
Pelo amor de deus!
heueheueuheueh
é a vida...
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