Meus dedos dedilharam, leves e entorpecidos, passeando pelo
contorno dos pôsteres e grafittis que compunham as paredes daquele submundo cool que era a Sarajevo. Entrar ali era
como se desligar do resto do planeta – não que eu realmente precisasse de uma
forcinha a mais além da minha conta majoritariamente alcoólica de R$ 38 do
Vitrine, claro. O contraste repentino do frio na rua com o calor abafado
de corpos amontoados sobre cervejas e vibes alternativas e papos
intelectuais, misturados em samba e punk rock, me enfiou ainda mais numa ultra
percepção de tudo ao meu redor. Vontade
de fumar um, pensei logo que entrei. E a Lê quis parar no bar da entrada, me
puxando pela mão.
_Vamos no de baixo... – disse no seu ouvido, segurando sua cabeça
perto da minha boca e competindo com o som ambiente – Vou pegar um whisky.
Era sexta-feira e, assim como qualquer outro beco apertado da
Augusta, o lugar estava lotado. Muito além da sua capacidade. Nos esprememos
pelo meio dos que dançavam qualquer batucada underground na pista em frente ao palco e alcançamos o corredor,
onde trombei com um conhecido meu e possivelmente do Fer também. Veio pro aniversário?, olhei bem para
ele. Sei lá. Preciso de whisky,
concluí e caí fora poucos segundos
depois. E gelo – eu precisava
era de gelo. Aquela balada era a própria definição de aquecimento global e eu
estava derretendo, tão logo pisei lá dentro.
Apoiei o corpo sobre meus antebraços, debruçando-me no balcão do
bar escada abaixo. Estava tocando alguma coisa do Planet Hemp nas caixas de
som. Dezenas de pessoas circulavam atrás de mim e ao meu lado, indo e vindo até
o bar, num vai-e-vem caótico, parando para conversar em pequenas rodinhas que se
misturavam entre si. A Lê – mais prudente – pediu uma long neck e eu, já com
meu whisky em mãos, ria da cara dela sendo cantada pelo barman. Se recusando a lhe
entregar a garrafa, fazendo graça, ele disse qualquer coisa no seu ouvido e os
olhos dela arregalaram-se indignados na minha direção. Como o cara olha pra
uma caminhão dessas e acha que tem chance, meu? Comecei a rir de novo e
balancei a cabeça, tomando mais um gole e me apoiando novamente no balcão.
_Você veio! – escutei por trás, de repente, e senti dois braços me
abraçando por cima dos meus ombros.
Virei então, me recuperando do breve susto, e vi a Mia. Nitidamente feliz com a minha presença no meio daquele monte de gente. Olhei bem para ela e, puta que pariu – o meu pulmão procurou desesperadamente por um pouco de ar, imediatamente sem fôlego. Tentei sorrir, para disfarçar a minha cara de apaixonada, desajeitadamente.
Assim que ficamos frente a frente uma para a outra, no pouco
espaço que a superlotação nos permitia, ela me abraçou mais uma vez e eu
comecei a rir do excesso de cumprimentos, mas mantive minhas mãos bem longe do
seu corpo – olhando para o Fer, que estava parado logo atrás, achando graça na
embriaguez boba-alegre da sua namorada.
_Vem, eu quero te apresentar pro pessoal que tá aí... – a Mia me puxou pela mão, animada.
_Não, n-não, espera... – eu ri, segurando-a momentaneamente para trás – Deixa eu te apresentar primeiro. Essa é a Lê e, Lê, essa é a aniversariante. Evidentemente.
A Mia sorriu para ela, sendo simpática – sem dar-se conta da analisada
de cima a baixo que tomou da minha amiga que sabia demais sobre nós. Ao fim das
cerimônias, me puxou de novo pela mão e eu mal tive tempo de alcançar o meu
copo no balcão. Furamos o amontoado de gente – com minha mão na dela e um olho
no whisky balançando dentro do copo – pedindo para ser derrubado ali no
tromba-tromba. O Fer ficou para trás, puxando qualquer assunto com a Letícia em
frente ao bar.
_Meu, eu tô tão feliz que cê veio! – a Mia segurou minha mão com ambas as suas, com carinho, em meio à multidão.
_Cê já tá bêbada, não tá?!
_Nossa. Sim! – ela arqueou uma das sobrancelhas, fazendo graça, e eu ri – Mas tô feliz, de verdade. Não é só porque voc...
Nisso, ela me soltou subitamente. E o Fer chegou, atrás de mim,
trazendo dois copos diferentes na mão. Um baixinho de whisky, como o meu, e um
outro mais alto que parecia ser de algum drink escuro com destilado. Cuba Libre talvez, tentei adivinhar, mas poderia muito bem ser um Long Island
Ice Tea.
_Amor, olha... – ele entregou o copo maior para a Mia, como se ela
o tivesse pedido momentos antes.
_A Lê ficou no bar? – perguntei, curiosa.
_Ela foi no banheiro, eu acho. E você, hein? Só nos flashbacks aí... – o Fer zombou – É Marina numa semana, Letícia na outra.
_Nada a ver, mano... – contestei, já meio bêbada também – Eu nunca peguei a Lê!
_Quem é Marina? – a Mia nos interrompeu.
_Minha ex...
_"Ex"... – o Fer continuou rindo – ...nas últimas semanas é um tal de ligar pra Marina, ir ver a Marina, dormir na Marina. Tá boa a coisa, viu...
Isso,
babaca, dei um soco no seu braço para que fechasse a matraca. Me empata nos primeiros cinco minutos.
Virei então, me recuperando do breve susto, e vi a Mia. Nitidamente feliz com a minha presença no meio daquele monte de gente. Olhei bem para ela e, puta que pariu – o meu pulmão procurou desesperadamente por um pouco de ar, imediatamente sem fôlego. Tentei sorrir, para disfarçar a minha cara de apaixonada, desajeitadamente.
_Vem, eu quero te apresentar pro pessoal que tá aí... – a Mia me puxou pela mão, animada.
_Não, n-não, espera... – eu ri, segurando-a momentaneamente para trás – Deixa eu te apresentar primeiro. Essa é a Lê e, Lê, essa é a aniversariante. Evidentemente.
_Meu, eu tô tão feliz que cê veio! – a Mia segurou minha mão com ambas as suas, com carinho, em meio à multidão.
_Cê já tá bêbada, não tá?!
_Nossa. Sim! – ela arqueou uma das sobrancelhas, fazendo graça, e eu ri – Mas tô feliz, de verdade. Não é só porque voc...
_A Lê ficou no bar? – perguntei, curiosa.
_Ela foi no banheiro, eu acho. E você, hein? Só nos flashbacks aí... – o Fer zombou – É Marina numa semana, Letícia na outra.
_Nada a ver, mano... – contestei, já meio bêbada também – Eu nunca peguei a Lê!
_Quem é Marina? – a Mia nos interrompeu.
_Minha ex...
_"Ex"... – o Fer continuou rindo – ...nas últimas semanas é um tal de ligar pra Marina, ir ver a Marina, dormir na Marina. Tá boa a coisa, viu...
14 comentários:
AAAAAAAAADSUHASUDHASU ri muito!
"Isso, babaca, me empata nos primeiros cinco minutos."
Fer, seu lindo!
Arrasou, Mel.
aheuaheuhaueha
ai que dó o fer cagando sem querer.
agora eu consigui comentar (:
hahaha êê Fer bocão ;x
veremos como acabará essa noite ...
kkkkkkkkkkkkkk, muito bom. Eu sabia q ela iria, ninguém consegue resistir a ir a algum lugar q nosso coração insensato estar,rsrsr
Amei 8 X. E a chegada da Mia, foi tdo de mais fofo...
ai, ai, ai.... #QueroMais MEuL...
@Edflavia_ems
O Fêr cagando pela boca logo nos 1 minustos??!! TNC..
Velhoo.. isso vai dar dor de cabeça pra FM.. Pq parece qe a mia is very Ciumentaaahh.. kkk
Tdo bem qe a Mia não pode cobrar nada.. + Vcs sabem como são as mulheres.. Nóiadaaasss!!heheheh
P.s.: eu NÃO sou assim!! ;) hehehe
eu realmente gosto do jeito como vc escreve! sem mais.
Heeeey Mel que DEMAIS! to super me vendo na situação. Você escreve muito bem menina! Muito bom adorei o Feer fazendo o louco do bosque com relação a Marina. HAHAHAHAH
Deeemais sou sua fã :)
Besitos
hahahaa... O fer tah fazendo um favor pra FM...
eh bom q a Mia saiba q teem concorrëncia!
;D
Que fofa a chegada da Mia por trás da FM *-*
Até que gostei dessa cagada do Fer, adoro ver o povo dando ataque de ciúmes, quero só ver como a Mia vai reagir a essa, rs. Muito bom Mel :D
Hahaha, muito bom esse!
Mel, como assim vc nao descreve a Mia na festa de aniversário? hahah quero saber como ela tava!
AI, EU AMO O FER HAHAHAHAHAHAH
Adoro como o texto se desenvolve consigo imaginar todas as cenas perfeitamente. :)
Mas agora como que a Mia vai reagir a essas revelações? hahahaha
Nossa!!! que bocudo esse Fer! rsrsrs...
Já vi que vai dar ataque de ciumes na Mia!
kkkkkkkkkk'
d +
Mel, não to conseguindo q seguir no tt. pq?
ahhh q surpresa! FM na "festa" da Mia ¬¬
rolei de rir haushuashuahsuahs #babaca
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