De repente, acordei. Num susto.
O quarto estava inteiro em silêncio. Estranho. Tirei o lençol amontoado de cima de mim, olhei em volta e
o cômodo continuava escuro, apesar da janela aberta. Ainda não é dia,
concluí. E eu não estava atrasada para porra nenhuma. Não havia nada, portanto,
nada ali que me indicasse um bom motivo para a interrupção do meu sono. Nada, a
não ser...
Espera.
Espiei debaixo da cama e vi o meu celular com a tela acesa,
largado no chão. Mensagem nova,
pensei, o barulho deve ter me acordado. Tal teoria até que fazia
sentido, considerando a lógica da coisa, mas o contato de terceiros para comigo
em plena madrugada de segunda-feira me parecia extremamente improvável. Mesmo
que já fosse terça, tecnicamente. Que seja. Me espichei para alcançar o
meu fiel companheiro antes que a luz dele se apagasse e eu passasse uns
possíveis cinco minutos tentando tateá-lo no chão em meio ao breu.
Deitei de novo na cama e olhei para a tela, sem poder antecipar o
que encontraria. Como é?, arregalei os olhos. E li novamente: “ñ consigo dormir, eh meu aniversario... ñ
sei oq tá acontecendo cmg. com a gnt.” – a Mia me enviou, às 2:44. Caralho.
Respirei fundo. O que mais eu poderia fazer senão respirar e engolir aquele
soco no estômago em silêncio? Àquela
hora da madrugada, eu não conseguia. Não conseguia lidar com aquela mensagem e
menos ainda com o “a gente” ao final. A gente quem, Mia?, soltei o ar
pouco a pouco, com todo o tempo que ela me ignorou ainda engasgado na minha garganta.
E então retornei à tela inicial do celular, eram 2:46. Passei as mãos no rosto, agoniada.
E agora?
Por mais que eu quisesse deixar para lá aquele rolo todo e voltar
a enfiar o meu rosto no travesseiro, eu não conseguia. Ela tá acordada. E eu sabia. Sabia e a imaginava, contra a minha
vontade, enquanto o meu sono se esvaía. Com a certeza de que, em algum lugar de
Higienópolis, deitada em sua cama, num quarto igualmente escuro, a Mia esperava
por uma resposta minha. Qualquer coisa que lhe devolvesse o sono. Mas por que eu faria isso?, pensei. E rancorosa, desisti de
digitar uma resposta.
Por que responderia, agora, se quando
bem queria ela me tratava como... c-como...
“como
um nada”, eu queria concluir, mas a memória de quinta me impediu. Veio o show e
o carro e o quarto, a forma como ela me beijava e sorria, afundando o rosto no
meu pescoço – e eu sabia que não tinha sentido aquilo sozinha. Eu, e-eu não sou um nada, tentei me
convencer, sem muitas certezas para me apegar. O meu coração se revirava no
escuro.
Essa era uma situação difícil. Para mim e para ela. E eu sabia
disso, afinal, a gente estava atolada na mesma lama. Empatia era o mínimo que
eu poderia ter. Mas aí tinha o sábado, não é, uma lembrança desagradável.
E para ajudar, tinha também o Fer – tanto para mim, quanto para ela – deitado
no quarto ao lado, desavisado de todo o contexto. E o resultado, após minutos
de indecisão, é que eu simplesmente não conseguia responder.
Nem dormir.
12 comentários:
eu choro. :/
LINDO
''não sei oq ta acontecendo com a gente'' me faz ter varias lembranças..rs perfeito Mel.
esse chove num molha eu conheço BEM .... pq eh tao dificil pra algumas mulheres? pq tao confuso:? tadinha da FM, td assumida e sofrendo no meio da confusao hetero D=
a mia nao se decide ><
Se eu pudesse ( e fosse fisicamente possivel) teria engolido meu punho de ansiedade/felicidade, \o/
MUITO CRUSH, Melzita, meu coração tá descompassado.....
G-A-M-E-I-G-E-R-A-L
Porra!
aiii que tensooo, se decide logo Miaaa que saco!! haha
Embora depois de ler esse post a pessoa consegue sentir o que a FM está sentindo perfeitamente foi até engraçado para mim ja que quando eu li os dois horarios citadoseram perfeitamente as horas do meu relógio rs.
"Eu não era um nada, concluí - só que também não era uma situação fácil de se encarar." Maturidade, meu Deus! finalmenteeeeeeee \o/ vai lá na casa dela!
mell deussss
quero mais,mto mais...
pleaseeee!
Ouwwwwwwwwwwwww!
Pq a Mia é uma filha da mãe é ñ se decidi logo?!
Essa mensagem no meio da madrugada mata qualquer uma
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