32... 33... 34... 35... 36... 37... Cheguei ao 38º degrau da
escada do meu prédio, sem saber direito porque eu havia decidido subir por ali
ao invés do elevador. Não via um travesseiro direito há dois longos dias e o
cansaço me fazia arrastar os pés entre os degraus. Isso é patético.
Exausta e meio atordoada, me sentei no degrau de número 39 e coloquei os pés no
38, apoiando os antebraços sobre as minhas pernas. Olhei para a parede em frente
a mim e a situação toda me incomodou.
O que
diabos eu tô fazendo?, afundei o rosto nas mãos.
Argh. Não tinha
nada ali – só eu e as minhas ideias brilhantes. Inferno, me irritei comigo mesma, enquanto olhava para as paredes
sujas e descascadas que cercavam as escadas. Ainda faltavam muito mais do que
os 30-e-poucos degraus iniciais. Quis me levantar na mesma hora, num impulso de
sair daquele buraco em que me meti, mas alguma coisa me segurava ali.
Fernando.
E a muitos-e-não-sei-quantos degraus da porta do nosso apartamento,
de repente, eu perdi a coragem. Caralho.
Enfiei a cabeça mais uma vez entre as mãos, sozinha naquela área abandonada do
prédio. É. Eu estava enrolando – e no fundo, eu sabia. A demora para
sair do bar, a conversa fiada com a garota do caixa, minhas últimas palavras em
excesso no carro da Marina e a contagem lenta dos meus passos enquanto subia
escada acima. Tudo até então, evitando
a porra daquele apartamento e a realidade para a qual eu não queria voltar tão
cedo.
Mordia o dedo de leve, sem perceber a ansiedade que gritava em
mim, fazendo um esforço mental enorme para esquecer tudo aquilo. Respirei
fundo. E encarei mais uma vez a merda da parede à minha frente – cinza, velha e
feia. Que se foda, pensei para mim
mesma, batendo as mãos nos joelhos, e levantei. Vamos acabar de vez com isso. Terminei de subir os degraus e entrei
no corredor do meu andar. Podia ouvir os meus passos ecoarem no escuro, junto
com o barulho da porta corta-fogo que se fechava atrás de mim. Tirei a chave do
bolso com certo nervosismo. E repeti
para mim mesma em pensamento – não
dá pala, porra.
E antes que pudesse perceber, já estava atravessando a nossa sala de estar com pressa.
E antes que pudesse perceber, já estava atravessando a nossa sala de estar com pressa.
8 comentários:
Tenso!
aaaah
é isso que eu gosto.
tensão!
Agora sim...de volta à realidade.
É... e agora José?
que post frustrante... contrastou tanto com os tantos outros felizes que tenho lido. nao tinha como demonstrar com mais precisão essa 'volta à realidade', mesmo... :{
Ai, a tensão voltando.
Depois dos momentos alegres todos, a ficha tinha que cair.
/tenso
fodeu....
Ah meu, subir sei lá quantos andares pela escada é tortura, né, e se fosse resolver alguma coisa tudo bem, mas não adiantou nada porque cedo ou tarde ela acabaria chegando ao apartamento.
Atravessando a sala correndo e pensando: “Don't call my name, bye, Fernando” #Gagafeelings
Agora seria legal se no corredor ela desse de cara com a Mia e o Fer! hahaha
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