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outubro 23, 2011

Seqüelas

“Gostei de te conhecer ;) E dsclp por ñ ter subido, rs!” – o meu celular apitou nos meus ouvidos, ultrassensíveis com aquela ressaca, e os meus olhos cansados se esforçaram para ler a mensagem da Patti ali. Eram 8:15 e eu não tinha dormido nem três horas. Argh. 

Com o raciocínio consideravelmente prejudicado, tentei conciliar aquelas poucas palavras com o que me restava de memória da noite anterior. O que não era lá muita coisa – tinha um buraco de tempo na minha cabeça. Recordava-me de ter voltado para a pista com a Patti e de termos dançado, agarradas uma na outra. Mas depois disso não tinha nada. Zero.
 
Não. Espera...
 
Uma lembrança meio confusa dela encostada numa parede suja da Augusta me veio à mente, como um flash rápido. Nossos corpos pressionados um no outro, nos beijando. Uns dois segundos de memória, não era o suficiente para eu me lembrar do contexto todo. Subimos a Augusta juntas?
 
Reli a mensagem, agora mais desperta, e tentei encaixar as peças soltas, mas o desfecho daquela noite permanecia vago. Por que ela não ficou? Sentia como se estivesse esquecendo algum fato importante. Não vou lembrar. Nem a pau. Por outro lado, a parte que eu, sim, lembrava me fazia sorrir – e apesar da ressaca, o meu humor estava sensacional. Quis responder logo para a Patti, mas precisava urgentemente esvaziar cada shot consumido no Vegas da minha pobre e pequena bexiga.
 
Levantei da cama, com a mesma regata amassada da noite anterior, e apertei as pernas até o banheiro. Virei a maçaneta e, bam, porta trancada! Ahh, filho-da-mãe... Bati na porta, pedindo pro Fer sair. Assim que percebeu que estava nas redondezas da privada, meu corpo se deixou levar pela empolgação e eu estava prestes a fazer xixi ali mesmo. Tentei mais uma vez a maçaneta, já pulando de um lado para o outro em pleno corredor, e – nada. Aquela merda continuava trancada. Inferno. Ouvi então a descarga e pensei, agora vai. Mas nada, de novo. Um minuto se passou e nem chance da maçaneta abrir. Soquei então a porta com a lateral da mão, numa tentativa de apressar o meu colega de quarto.
 
_VAI LOGO, PORRA! – gritei, apoiada no batente – TENHO QUE MIJAR!!
 
Uns segundos depois, a porta se abriu e eu dei de cara com... a Mia.
 
Claro. Me movi para passar, mas ela não se mexeu, bloqueando a droga da porta com o corpo. Estava com aquela cara de poucas ideias e vestida apenas num camisetão cinza desbotado. Só me faltava essa agora. A encarei, sem paciência, e aí tentei passar mais uma vez, agora pelo outro lado. Ela continuou imóvel. Ótimo, vou mijar na calça, suspirei, ainda que não as tivesse usando.
 
A desgraçada estava fazendo de propósito. Olhei para ela de novo, impaciente com aquele seu joguinho, e ela me encarou de volta, como se eu lhe devesse alguma coisa. Numa afronta silenciosa de você-sabe-que-o-que-você-fez-ontem-foi-inaceitável. Argh. Minha bexiga estava prestes a explodir.
 
_Licença, eu preciso mesmo usar... – disse, grosseiramente, me forçando banheiro adentro pelo espaço estreito entre ela e o batente da porta.
 
Abaixei a cueca e sentei no vaso, assim que entrei. Ia levar quatro segundos, no máximo, tamanha a urgência que eu já estava. A Mia ficou ali, por um instante, parada na porta, ainda me olhando feio. Quer assistir? Fica à vontade, a encarei de volta. Até que uma hora saiu, me deixando sozinha no banheiro – para voltar correndo para os braços do Fer, revirei os olhos, com certa implicância.
 
Dei a descarga e então continuei com meu dia – o que envolvia procurar minha Carteira de Trabalho, sair de casa de estômago vazio só para não dividir a cozinha com o casalzinho-lixo e ir pedir demissão. Vamos que vamos.

outubro 15, 2011

Sozinhas, enfim

_“Patti” – sentei ao lado dela, no degrau do lado de fora do Vegas – Sabe, eu gosto desse nome...
_Gosta? – ela me deu uma olhada rápida de canto de olho, sorrindo, com um cigarro aceso nas mãos – Hum, te vi conversando com outra “Patti” lá dentro...
_Eu? Onde?
_No bar...
_Ah... – ri, observando-a tragar – ...ela é só uma amiga.
 
A Patti me olhou como se não acreditasse e balançou a cabeça, rindo.
 
_Quê?! – me justifiquei – É só que fazia... um “tempo” que a gente não se via.
_Tá bom... – ela achou graça, desconfiada – ...e então quer dizer que gosta de Pattis?
_Gosto. Me lembra a Patti Smith...
_Ah, não! – ela riu, soltando a fumaça para o lado – A Patti Smith, meu?! Ela é horrorosa!
_Ah, qual é... Mano, a mulher é um gênio!
_Tá... e horrorosa.
 
Parei e a encarei por um segundo, indignada.
 
_Então, é assim? Uns amassos sapatão e, de repente, cê é já expert em quem é gata ou não? – a zombei.
_Não precisa ser sapatão para saber que a Patti Smith não é bonita...
_Mano... – me revoltei – ...EU TE COMPARO COM UMA DAS MULHERES MAIS FODAS QUE JÁ EXISTIRAM E CÊ FICA OFENDIDA PORQUE NUM ACHA ELA BONITA?! – roubei o seu cigarro, rindo – Chega. Parei. Já deu pra mim, cê tá muito louca...
 
Balancei a cabeça e dei um trago, olhando para o movimento na rua Augusta à nossa frente, desacreditada.
 
_Hum, então... o que cê tá me dizendo é que iria pra cama com alguém como a Patti Smith?
_Nossa, mas COM CERTEZA! NA HORA!
_Do jeito que ela é hoje? Velha e acabada?!
_Mano, sim... – a contrariei, entregando o cigarro de volta para ela – ...de qualquer jeito. De todos os jeitos. Cê já ouviu ela cantar, porra?! As coisas que ela escreve?!? Se aquela mulher me desse bola, eu morria feliz...
_Ah, mas cê tá falando isso só porque admira ela, não vale!
_Como não vale?! Tesão é tesão. É isso. Vem de muitas formas, meu...
_Tá. Mas falando só fisicamente... – me provocou – ...eu ou a Patti Smith?
_Ela.
_Fisicamente!
_A Patti Smith, porra.
_Ah, não! Duvido!
_O quê?! – a observei dar um último trago, ao meu lado, apagando o cigarro na calçada – Você acha mesmo que não?!
_Meu, eu tenho certeza que não!
_Nossa, dormia com ela fácil! Fácil!
_Ela? – me olhou, sem acreditar – Ao invés de mim?
 
Ri mais uma vez, achando graça na sua indignação, e apoiei a mão nos joelhos para levantar do degrau, ficando em pé na calçada. Aí me virei na sua direção.
 
_Não tô dizendo que não te acho gata, meu. Mas ela também é e tem muito mais pra se gostar numa mulher além disso, porra... – estiquei a mão para ela, que a usou para se erguer também – ...quê?! Tá surpresa?!
_De certa forma... – sorriu – ...assim, depois da sua cachorrada lá dentro, não te tomaria exatamente pelo tipo “sentimental”.
_Que cachorrada, mano?! – a encarei, subindo o degrau para voltar pro Vegas – Do que cê tá falando?!
 
Ela revirou os olhos, sem paciência com a minha cafajestice. Passamos pela porta da balada e a Patti olhou mais uma vez na minha direção, revoltada.
 
_Quê, meu?! – eu ri, brincando – É que eu tenho um interesse meio efusivo...
_Ah, cala a boca! Essa é a coisa mais ridícula que já ouvi...
 
Ela achou graça e eu me aproximei, na maior cara de pau, a encostando contra a parede. “Cê é muito idiota”, resmungou. “Olha...”, murmurei, já perto da sua boca, “...te garanto que o meu interesse agora tá todo aqui”. “Sei”, ela riu. E numa reconciliação improvável e bêbada, do nosso namorico de balada, nos beijamos ali no escuro, cercadas pelas cortinas pesadas e vermelhas do Vegas.

outubro 11, 2011

Mea culpa

O meu coração ganhou força – senti aquele músculo pulsando dentro de mim, tão forte quanto as batidas que saíam de cada um daqueles amplificadores, conforme eu entrava cada vez mais para o meio da pista. Entre todas aquelas pessoas e com só uma na cabeça. Maldita. Determinação é mesmo algo poderoso, não é? Me enfiei na multidão à procura da maior confusão que eu pudesse encontrar. Qualquer uma que fosse. Foda-se. Tinha dificuldade em discernir as pessoas movendo-se à minha volta, já bêbada demais. Fui trombando com corpos desconhecidos, buscando pela Patti ou por qualquer péssima ideia.
 
E foi quando dei de cara com a pior delas.
 
Isso é genial. Andei mais uns dois ou três metros, em pequenas curvas, ultrapassando os outros à minha frente até chegar onde ela estava dançando. Sem qualquer remorso, que se dane. Encostei suavemente a minha mão em seu braço, conforme lhe cumprimentava, e ela disse um “oi” hesitante, me olhando de volta, confusa.
 
_Você não lembra de mim, né? – eu disse.
_Não, desculpa... – ela riu, lamentando, então olhou por mais alguns segundos para a minha cara e aí, de repente, arregalou os olhos – ...não, não, espera! Você, cara... v-você tava no aniversário da Mia! Não tava?!
_Sim... – sorri e encostei em seu ouvido, explicando – ...eu moro com o Fer. Tava ali de longe e te vi, meu. Pô, que legal. Muito legal mesmo te encontrar! Eu lembro de você daquele dia, na festa...
_Nossa, mas isso faz uma eternidade! – ela seguiu rindo, achando graça, já quase se apoiando de volta em mim, igualmente bêbada – Como cê ainda lembra de mim?! A gente mal se falou!
_Ah, sei lá... – dei de ombros e ri também – ...só lembro. Acho que cê ficou na minha cabeça...
_Como assim? – sorriu – O que ficou?!
 
Olhei para ela por uns dois segundos, fixamente, imprestável e absolutamente consciente do que estava fazendo. E aí sorri, abaixando a cabeça:
 
_Não, nada. Não é nada...
_O quê?! – ela me cutucou, já curiosa.
_Nada, meu... – retruquei, rindo – ...escuta, posso te pagar uma bebida?
_Quando?! Agora?
_É... – sorri.
 
E ela me observou por um instante, intrigada e em meio ao atordoamento da pista, então sorriu, dizendo que sim. Levei-a de volta, através da multidão, até o balcão. E sendo bem sincera, a minha cota de héteros já estava estourando pela noite. Em condições normais, eu já não teria mais paciência, mas ela estava praticamente fazendo todo o trabalho para mim – e em menos de vinte minutos, já estava totalmente na minha.
 
Os beijos foram apenas consequência. Assim como os olhares dos amigos dela, a poucos metros de nós, e não muito tempo depois os do meu melhor amigo, o Fer, próximo a uma das paredes da balada. Era questão de segundos agora até ele comunicar a Mia ao seu lado. Provavelmente rindo do fato de eu estar pegando uma das suas amigas. Então, fechei os olhos – e deixei cada célula filha-da-puta restante em mim fazer aquilo direito. Uma vez que ela tivesse visto e eu provado qualquer que fosse meu ponto ali, aí poderia largar daquela garota e voltar atracar meu barco em outra... âncora.
 
E assim foi. De uma só vez. Assim que abri os meus olhos novamente, depois de um beijo demorado, procurei a Mia no canto que dividia minutos antes ao lado do Fer e não encontrei nenhum dos dois. Então soltei da garota, na mesma hora.

outubro 05, 2011

Shitlist

When I get mad
And I get pissed
I grab my pen
And I write out a list
Of all the assholes
That won't be missed
 
You've made my... 
Shitlist!
 
(L7)
 

outubro 02, 2011

Rancor meu, seu

_VOCÊ SABE MUITO BEM! – a Mia reclamou alto na minha direção, competindo com a música.
_Ah, sei?! – ri.
_Você, meu... – passou as mãos no rosto, nervosa comigo – ...VOCÊ É INACREDITÁVEL!!
_Mano... CÊ TÁ LOUCA, PORRA?! – me incomodei com a sua atitude – DO QUE DIABOS CÊ TÁ FALANDO?!?
 
Aí ela me encarou, séria, como se fosse óbvio. Ah, não me vem com essa.
 
_DIZ! DIZ, MIA! – a provoquei, brigando com ela no meio da multidão – DIZ O QUE CÊ QUER DIZER! FALA QUAL É O PROBLEMA!
_O MEU PROBLEMA É VOCÊ!
_Olha, Mia, até onde eu sei essa noite é minha, cara... – balancei a cabeça, sem paciência – ...e eu posso fazer o que eu quiser.
_FODA-SE SE A NOITE É SUA! FODA-SE! O problema... – ela se aproximou do meu ouvido, argumentando bêbada, me pegando de novo pelo braço – ...é que cê tá fazendo de propósito... – me segurou com força e aquilo começou a me incomodar – ...e VOCÊ SABE!
_TÔ FAZENDO DE PROPÓSITO, MEU?! – questionei de volta no seu ouvido, já puta da cara, aí afastei o rosto e a encarei, indignada – ESCUTA, MEU MUNDO NÃO GIRA MAIS EM TORNO DE VOCÊ, SABIA GAROTA?!?
 
Por um segundo. Por um segundo, vi os seus olhos se perderem na minha resposta. Me encarando de volta, quieta e mordida. Pareceu se ofender.
 
_E QUEM DISSE QUE É ISSO QUE EU QUERO?! – gritou de volta.
 
“Quem disse...”, comecei a rir, nervosa, sem engolir mais uma só mentira que saía da sua boca. Não depois de assistir os seus olhos me seguirem, desconfortáveis, por toda aquela porra daquela balada, cada maldito segundo, cada droga de boca que eu beijava, cada garota que eu segurava, a merda da noite inteira. Agora vinha com esse discursinho idiota para cima de mim. “Quem disse”. Não podia acreditar na cara de pau dela de vir tirar satisfação comigo, assim, aquilo me enchia de uma raiva tremenda, perigosamente combinada com doses e mais doses de tequila. Inferno de garota.
 
_Não quer, né? – a encarei, irônica – Tá bom, então.
_Olha, você não sabe nada da minha vida! – rebateu, fechando a cara.
_É E VOCÊ OBVIAMENTE NÃO ENTENDEU PORRA NENHUMA DA MINHA TAMBÉM! – pistolei – NÃO PARA VIR AQUI E SE ACHAR NO DIREITO DE FALAR A MERDA QUE QUISER PRA MIM!
_VAI TOMAR NO CU!
 
Gritou mais uma vez, antes de dar as costas para mim e se enfiar na multidão. Perdi de vez a paciência. Vai se foder, mano, vai se foder – desviei de um grupo de meninas que dançava à minha direita, seguindo em direção ao bar, mais irritada do que ficara em muito tempo. Aí trombei com o Fer, a menos de três metros de onde estávamos. Desavisado, ele vinha com duas bebidas nas mãos e me olhou como se ainda tentasse entender por que diabos tínhamos acabado de discutir e agora saíamos cada uma para um lado.
 
_O QUE ACABOU DE ACONTECER ALI?!
_NADA! – resmunguei, rancorosa, esbarrando nele para passar.
 
Ficou parado ali, com os copos em mãos, me observando ir para o outro lado. Não te devo satisfação, porra. Trombei com mais pessoas do que gostaria no caminho até o bar, deixando atrás de mim um rastro de má educação. Meses, cara... Meses! E a porra da Mia ainda me faz perder a cabeça, me indignei comigo mesma. Não conseguia me conformar com como seguia me deixando afetar por ela, tomada por uma raiva desmedida. Primeiro me dá um fora e agora vem com essa merda? Tá com ciúme?? Tomar no cu, caralho! Vê-la virar as costas para mim, se achando a certa na droga da história, fez subir todo o sangue que eu sequer sabia que tinha à cabeça. Folgada.
 
Não podia acreditar na pachorra da Mia de vir me cobrar qualquer diabo que fosse. Ah, você perdeu esse direito, garota, resmungava dentro de mim, fervendo de ódio, conforme pedia a quinta ou sexta dose da noite. Virei numa tacada só. Então fiquei de costas contra o balcão, apoiando os antebraços na madeira atrás de mim. Aí respirei fundo, fechando os olhos, tentando recuperar certa calma. Um, dois, três, quatro... dez. E olhei para a pista movimentada, de novo.
 
Agora eu vou fazer de propósito, sua desgraçada.

outubro 01, 2011

Não é problema meu

Saímos do banheiro com as mãos dadas, bem “namoradinhas de balada”. Com meus dedos entrelaçados nos seus, enquanto nos desviávamos das outras pessoas em direção ao grupo de amigos da Patti. Nossas mãos e atenções não se soltaram pelo restante das horas na pista. Os amigos dela estavam se deleitando com os beijos e as nossas risadinhas, compartilhadas ao pé do ouvido. A poucos metros do bar e da Thaís, que reapareceu só para me encher o saco, é, por todo aquele romance ao qual eu e a Patti demos início desde que saímos da cabine.
 
_RESOLVEU CASAR NA BALADA, É?! – ela me provocava, se divertindo, gritando a uma distância considerável de nós.
_CALA A BOCA, THAÍS!
 
Eu ria e, meio segundo depois, surgia o Gui para me dizer exatamente o mesmo. Todo mundo se divertindo às minhas custas, que ótimo. Àquela altura da madrugada, já malemal cruzava os olhos com os da Mia, perdidos em algum lugar das redondezas na companhia do Fer e de um amigo em comum nosso. As minhas intenções estavam agora inteiramente ancoradas nas pernas magníficas da Patti, que dançava comigo em meio à pista. Aí eu voltava os olhos mais acima, para os seus, e sorria. Sem valer um centavo. Ela achava graça. Ainda sorrindo, eu a beijava e a puxava ainda mais na minha direção. Então ela colocava os braços ao redor de mim e me agarrava de volta, nuns amassos inebriados.
 
Afogada em repetidas doses de José Cuervo, a minha mente era um branco absoluto. Não pensava em nada. Só continuava dançando, mergulhada nela, cada centímetro de mim indo contra o seu corpo, os seus dedos, a sua boca. Fui perdendo um pouco a linha. Descendo as mãos pelos seus shorts até a sua bunda, a segurando só um pouquinho, assim, na malandragem, num beijo embalado pelos amplificadores ensurdecedores do Vegas. Aí continuei descendo, com os olhos apertados e a boca na sua, sentindo nas pontas dos dedos aquele seu jeans se tornar pele macia, bem aos poucos, tocando as suas pernas por cima das linhas old school tatuadas na sua coxa.
 
A Patti me beijou com vontade, suspirando, puta merda, e aí me afastou. Sorrindo para mim. Abri os olhos sem entender bem o que se passava – ela riu e mandou eu ir esfriar os ânimos no bar. “Ainda não sou sapatão”, brincou. Ah, então é assim?, a encarei por um instante e comecei a rir. . Me virei, achando graça no pedido, e me enfiei na multidão para dar um tempo. Indo na direção do bar. A pista estava tão lotada que eu mal enxergava direito aonde estava indo, me espremendo entre as pessoas para passar.
 
_Meu... – a Mia me segurou pelo braço, de repente – ...v-você TÁ SENDO UMA IDIOTA!
_Oi?! – me soltei da sua mão, grosseiramente.
 
De onde diabos você surgiu, inferno?!
 
_Ah tô, é? – emendei, ainda pega de surpresa – Qual é, Mia? Tô te incomodando?!
 
Estava ali, parada no meio de toda aquela gente, nitidamente bêbada. Mas não me respondeu, me olhando como se eu tivesse cometido algum crime, furiosa. Não posso acreditar nessa merda. Tirei o maço do bolso, entediada até a morte por aqueles dois segundos de silêncio dela, ajeitando um cigarro de qualquer jeito entre os lábios, quase debochada.
 
_VÃO TE COLOCAR PRA FORA SE VOCÊ FUMAR AQUI, IMBECIL!
 
A Mia arrancou o cigarro da minha boca, na mesma hora, jogando-o no chão num movimento brusco. Fiquei a olhando, ali, sem entender direito o que estava acontecendo – era meu cigarro, cacete. Abaixei o olhar pro chão, vendo-o ser massacrado pelos pés alheios e senti um ódio infantil da Mia por aquilo. Folgada do caralho. Tornei a encará-la, já automaticamente irritada com aquela ceninha toda.
 
_QUAL É A SUA, GAROTA?!