O Fernando observava a Marina gesticular, à beira do sofá, cada
vez mais indignada. E ele sorria – “então cê não vai admitir?”. “Não é a mesma
coisa, você não tá me escutando”. Ele tinha o baseado aceso na ponta dos dedos
e se curvava na sua direção, se divertindo. Agora estava só eu e a Marina na
sala, sentadas à sua frente – a Mia tinha levantado da lateral da poltrona e
ido até a cozinha. Enquanto isso, a minha ex pressionava os olhos, levemente inconformada,
e se deixava irritar. Falhava em perceber que o Fernando a estava provocando,
sem interesse real em suas respostas sobre se eu era ruim de cama ou não.
“Má, tudo bem”, ele insistia, “pode dizer”. E ela balançava a
cabeça – “para, chega!”.
Eu ri da determinação de ambos e me levantei, os deixando discutir sozinhos. Fui até a cozinha também. E o som do rádio se afastou, contido na sala – “the way you stick out your lips and keep your hands on the hips and I’m supposed to know and I’m supposed to know”. Entrei pela porta do corredor. E por um segundo, pensei em Ortega. Eu sou eu e as minhas circunstâncias.
A Mia se inclinava em frente à geladeira aberta, com uma das mãos
apoiadas na porta. Estava num moletom da Vice Squad, uma banda
punk inglesa que eu mesma ouvi pouco, e com uns shortinhos jeans quase
imperceptíveis por baixo. Uns fios despenteados caíam do rabo improvisado sobre
sua cabeça – e ver a Mia descabelada assim me fazia estranhamente feliz. A
observei de longe, encostada no batente, com a minha cerveja em mãos. Estava
vazia. Não notou a minha presença ali, em busca de algo na prateleira abaixo do
freezer.
Andei até a pia e deixei a latinha perto do lixo, apanhando uma garrafa de rum que a própria Mia devia ter colocado na mesa. Abri a tampa. E pus uns dois dedos num copo. Só então ela me reparou ali, levantando brevemente os olhos sobre a porta da geladeira. Perguntou se eu tinha desistido da cerveja, já com a cabeça novamente abaixada. Eu ri. “É só um pouquinho”, respondi. Aí fechei a garrafa de novo, a deixando de lado. E dei dois passos na sua direção, encostando no balcão à sua direita.
Tomei um gole. Podia ouvir a Mia se mexer do outro lado da porta
da geladeira. Tinha metade de um limão velho na mão esquerda. E os olhos ocupados,
com a boca levemente entreaberta, como fazia quando estava concentrada. Agachou-se
frente à gaveta de frutas e vegetais. E eu dei mais um passo para perto, cruzando
os braços sobre a porta da geladeira para espiá-la, com o copo em mãos. Achei
graça nela ali – “o que diabos cê tá fazendo?”.
_Queria... f-fazer uma... – explicou, espaçadamente, conforme vasculhava pelos legumes – ...caipirinha. Mas não acho outro limão, mano!
_Porque não tá aí! – eu ri.
E aí indiquei para que os pegasse numa cesta, que estava dentro do
armário. Não era um bom lugar para limões – admito –, mas foi onde os
jogamos na última compra. Pegou mais um na mão e eu a observei em silêncio, enquanto
o cortava na metade. Encostei de volta no balcão, em pé, dando outro gole no
meu rum. De costas para mim e em frente à mesa, também parada em pé, a Mia espremeu
os limões num copo e completou com açúcar. Depois virou por cima o mesmo rum
gelado que eu tinha assaltado instantes antes. E aí mergulhou o indicador no
copo, mexendo tudo meio de qualquer jeito.
Se virou para mim, apoiada contra a beira da mesa. E lambeu rapidamente
a pontinha do dedo, antes de tomar um gole, cruzando os pés em frente ao corpo.
Podia ouvir o Fer e a Marina ainda discutindo sobre sexo ao longe. Virei o que
restava do meu rum no copo e nos encaramos. Lá estavam de novo, as suas sobrancelhas
arqueadas. Ri por um instante e ela sorriu de volta, desviando o olhar.
_Nós tivemos algumas boas, não? – lhe perguntei.
Eu ri da determinação de ambos e me levantei, os deixando discutir sozinhos. Fui até a cozinha também. E o som do rádio se afastou, contido na sala – “the way you stick out your lips and keep your hands on the hips and I’m supposed to know and I’m supposed to know”. Entrei pela porta do corredor. E por um segundo, pensei em Ortega. Eu sou eu e as minhas circunstâncias.
Andei até a pia e deixei a latinha perto do lixo, apanhando uma garrafa de rum que a própria Mia devia ter colocado na mesa. Abri a tampa. E pus uns dois dedos num copo. Só então ela me reparou ali, levantando brevemente os olhos sobre a porta da geladeira. Perguntou se eu tinha desistido da cerveja, já com a cabeça novamente abaixada. Eu ri. “É só um pouquinho”, respondi. Aí fechei a garrafa de novo, a deixando de lado. E dei dois passos na sua direção, encostando no balcão à sua direita.
_Queria... f-fazer uma... – explicou, espaçadamente, conforme vasculhava pelos legumes – ...caipirinha. Mas não acho outro limão, mano!
_Porque não tá aí! – eu ri.
_Nós tivemos algumas boas, não? – lhe perguntei.
Ela sorriu e as arqueou novamente.
_As melhores – respondeu.
22 comentários:
AMANDO, APENAX.
deu vontade de beber k enfim, estou com a leve impressão que o final desse dia não vai dar certo... e essa 'conversa' da FM e Mia? que coisa linda, tava com saudade ♥ (FM nem se achando também né k)
Tá um clima super gostoso entre a Mia e a FM ♥
"Não interessa, porra". Tem umas sapa que odeiam ex homem mm, hshaushashasa E Mia e Fm sempre sexy juntas mm quando ñ rola nada!! Acho demais isso!!!
Eiláia !!!...rsrsrsrs...Tá muito bom...os diálogos estão ótimos... Alegria boba...rs... sei !...
FM nem ai pra gozação do fer e a opiniao d Marina..... mas foi so a mia falar kkkkkk
As melhores <3
Mia toda linda de volta para ficar hehe.
Ahhh. ): Num rolou nada. aushaushaushaushushaush
Que bom que tá super tranquilo o clima entre todos eles.
E a Marina super linda gente, adoro ela. *-*
Adorei a sutileza do retorno da Mia. Elas eram muito estabanadas antes =/// E fui procurar a musica do post, MUITO FODAAA!!
Delicia de post...
Mia é esse tipo de garota.. meldels!! que da gostinho, aquele gostinho bom de experimentar... bom até de lembrar.. eu sei bem do tipo.. daquelas que o nome é: Perdição!
Por isso sou #TeamMIa! porque antes desesperadamente isso do que nunca isso... =D
A FM eh a mais sincera, neh hihi mandando msg pra Clara de boas e paca... =P
Tá um clima super gostoso entre a Mia e a FM ♥ ²!
tsc! eu vim aqui comentar e acabei escrevendo o que ia dizer pelo bate-papo, hahahaha! enfim: sutil e insinuante. gosto assim. gosto muito!
"as melhores..." ah, Mia! Vem ni mim! <3
hahahahaha.... Quero mais, quero mais!
Que calmaria é essa? que blog é esse? hahaha
Tá ótimo *-*
"Nós tivemos algumas boas, não?"
"As melhores"...
Aaaaai,ai,ai, assim você me mata!
kkkkkkkkkkkkk
Go, Mia!
Tá lindamente escrito, Mel, parabéns!!!!
"As melhores" aquele tipo de pessoa que sabe o que falar, meu deus! é encantador né?
Ai, todo esse pessoal Team Mia comentando animadamente e eu com saudade da Clara. Mas vai, a Mia é legal, sabe o que falar, rs. (Melhorou né? Tava qse odiando ela hahaha).
Vai aparecer a Clara, não vai?! HAHAHAHA
Eu gosto de babado, confusão e gritaria! hihihi
Mia, Mia, Mia.. uiiiii
adoro esses dialogos detalhados =) hahaha
Como prometido :D
Adorei a simplicidade do post, parece aquela calmaria que antecede a tempestade. O fato de o Fer ainda estar ali, das coisas estarem bem de uma certa forma. Me parece uma aresta do tempo, aqueles pequenos momentos que guardamos de lembrança por ter sido tão bom e gostoso.
Pela primeira vez eu realmente senti a cumplicidade entre a FM e a Mia. É como se ambas soubessem (mesmo não se dando conta) de que o que aconteceu entre elas foi necessário para que, ao chegar nesse instante em que uma está na mesa fazendo caipirinha e a outra do lado oposto, elas conseguirem se olharem, serem honestas relembrando um passado que tiveram e, ainda assim, existir a cumplicidade.
É como se o sofrimento que existiu já não mais existisse e que ambas passariam por tudo novamente só pra que ela pudesse ouvir a Mia dizer naquele seu jeito de menina: as melhores.
^^
Chega a ser bonitinho esse "quero, mas não quero" das duas (msm que de forma natural).
Pq bem no fundo, esse 'nhên nhên nhên' faz parte das mulheres, e de certo ponto de vista é apreciável!
Aaah Mia!
Aaah blog!
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