De volta ao apartamento, após algumas horas vendo a Lê sofrer e
pagar pelo tanto que me zoou, já lá pelas 8 da noite, passei pela porta de
entrada e encontrei com o Fer e a Mia sentados na sala. Em meio a uma marofa
descomunal, pra variar. Uma travessa de bolo de chocolate parcialmente comida
estava sobre a mesa de centro – o clichê do clichê da larica. Achei graça.
Assim que me viu, o Fer quis checar a tatuagem nova. Me acomodei
ao seu lado no sofá, roubando um gole da sua cerveja, e puxei a lateral da
camiseta para que visse o desenho. Uma caravela em traços old school. Os
restos de tinta e um pouco de sangue tiravam um tanto da visibilidade por trás do
plástico, então o Fer o esticou com os dedos para ver melhor. Tentando não me
machucar. Aquela porra estava inchada e dolorida, mas eu estava orgulhosa por ter
aguentado em uma só sessão.
Sentada no chão ao seu lado, mais adiante, a Mia levantou os olhos
discretamente e observou o desenho por um segundo. Depois tornou a olhar para
frente, para a televisão. Fiquei algum tempo lá, afundada no sofá, comentando a
ida ao estúdio com o Fer. Já com a blusa devidamente abaixada e um dos pés
sobre a mesinha de centro, segurando a cerveja em mãos.
_Come um pedaço aí... – o Fer comentou, levantando a travessa de
bolo – ...a Mia que fez agora à tarde.
_Não, tô de boa. Acabei de tatuar, meu, nem posso comer chocolate...
_Ah tá, e cerveja pode?!
_Ah, sei lá, né... – ri.
_Nada a ver, mano! Não dá nada! Eu nunca faço essas merdas aí e todas as minhas tão de boa, meu...
Tem razão. Olhei para a travessa, coberta com uma calda grossa
de chocolate, daquelas visivelmente deliciosas, e aí, claro, mudei de
ideia, me esticando para pegar o que chamei de “tá, vai, só um pedacinho”. O
Fer riu.
_Pô, ficou gostoso mesmo, hein... – comentei, de boca cheia, meio
surpresa que a Mia tivesse de fato acertado uma receita na vida – Mandou bem!
Mas ela não sorriu, nem agradeceu pelo comentário. Apenas me olhou.
E num raciocínio não muito complexo, concluí que ainda me ressentia pela noite
do Vegas. Eu é que devia tá brava,,
pensei. E aposto que nem eram tão amigas assim. Me afundei no sofá,
amarga. Não tinha nada para fazer até as onze – quando ia no cinema com a Patti.
Na TV, estava passando um filme qualquer do Stallone.
O dia começava a escurecer e a perder aquele calor todo das horas
anteriores, tornando-se ligeiramente mais agradável. Ainda assim, o ar entrava
abafado pela janela aberta. Queria poder arrancar as calças, que me incomodavam
toda vez que chegava em casa, mas a presença da Mia me inibia. Ela estava num mini-shorts
jeans e com um sutiã preto, sem blusa, fumando um baseado. O Fer também estava
sem camiseta, numa bermuda velha.
Só eu com esse pano todo, argh.
Tentei compensar com a cerveja gelada, numa preguiça de me mover até
o quarto e me trocar. Mandei uma mensagem para a Patti entre um gole e outro, afundada
entre as almofadas, e combinamos de nos encontrar na frente da bilheteria do Center
3 – umas boas quadras para cima do apê. Aí larguei o celular e fiquei
assistindo o filme com eles. Minha cabeça se encheu de pensamentos aleatórios –
entre eles, a Clara.
_Ei... – o Fer me perguntou, um tempo depois, me cutucando com as
costas da mão – ...que cê tá toda brisando aí, meu?
_Nada, tô pensando só... – tomei mais um gole da minha segunda cerveja – ...rolou uma parada hoje, sei lá.
_O quê?
_Ah, nada demais, encontrei uma... – suspirei, desconfortável – ...uma mina aí, não sei se cê lembra dela, a Clara?
Na mesma hora que o seu nome saiu da minha boca, os olhos da Mia se
voltaram a mim. Mas logo abaixou a cabeça e não falou nada. Fingiu não prestar
atenção. O Fer riu, me zombando –que lembrava dela por causa de todo o
escândalo que eu fiz, enfatizou, no dia que a peguei com outra no Vegas e saí
chutando as coisas pela sala. Depois desembestou a falar sobre a festa no
apartamento que demos para “curar a minha fossa” – a mesma em que eu me
tranquei no banheiro com a Mia e demos uns amassos pela primeira vez.
Mas desse detalhe ele não sabia.
_Não, tô de boa. Acabei de tatuar, meu, nem posso comer chocolate...
_Ah tá, e cerveja pode?!
_Ah, sei lá, né... – ri.
_Nada a ver, mano! Não dá nada! Eu nunca faço essas merdas aí e todas as minhas tão de boa, meu...
_Nada, tô pensando só... – tomei mais um gole da minha segunda cerveja – ...rolou uma parada hoje, sei lá.
_O quê?
_Ah, nada demais, encontrei uma... – suspirei, desconfortável – ...uma mina aí, não sei se cê lembra dela, a Clara?
5 comentários:
E essas recordações? Adorei *-*
As reações da Mia ainda me deixam muito em dúvida, são ciúmes contidos, ou coisa do tipo, não sei...
A Clara não apareceu por nada, apareceu pra dar mais uma extravasada hahaha e espero muuuuuuito por isso...
Mas eaí Mel, como vai ser a noite com a Patti? Ela vai passar no apê?
a Mia se fazendo de desinteressada agr.. quero só ver no decorrer da história quando ela perceber q perdeu o posto pra Patti.. queria poder ver a cara dela! rs
Tá na cara que a Mia tá se segurando pra esconder o ciúme né? Mas quando a Mia der de cara com a Patti, vai rolar B.O. pra FM, certeza! hohoho
Muita nostalgia pra um post só, adorei!
Uhuuuuuuuu!! A Mia volta pra cena!!
\o/ Tava com muita saudade!!
O negócio é que a MIa é covarde! Ela não tem coragem de assumir que o que ela sente pela FM é real. E ela não quer admitir que o que ela sente pelo Fer é só carinho, pq o cara é mt foda!
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