Tá. Olha, eu já ia agir daquele jeito de qualquer
forma. Aquela era a minha noite
e eu tava com um fogo desgraçado na raba. Então, não, não é como se todos
os vai-e-vens de sem vergonhice lésbica na pista fossem mero capricho. Eu
estava feliz pra caralho, porra, e queria beijar todo mundo mesmo – fosse
a garota que estava dançando entre eu e a Thaís ou a amiga da Lê que saiu para
fumar comigo lá pelas tantas. Que se dane. Vou pegar quem eu quiser.
Contudo – e este é apenas um
mínimo detalhe –, o fato de a Mia estar lá, digamos, a tão poucos metros de
mim e com aquela cara de merda, tornava cada má decisão um tanto mais divertida.
E eu estava, acreditem, fazendo com que ela visse e reprovasse cada uma
delas.
_Cara, nem a pau que cê superou essa mina...
_Ah, não enche, Lê! – ordenei, resmungando, conforme pegava dois shots de tequila do balcão.
Pois é. Decidi que
aquela noite merecia um passe livre – mas depois duns 4 meses sem beber,
bastaram dois shots para eu já estar falando alto e abraçando todo mundo que
cruzava meu caminho. Lá pelas duas da manhã, quando o Gui chegou, atrasado e cercado
dos seus amigos do teatro, pulei em cima dele com tanta empolgação que caímos
os dois no chão. Entre a multidão de pés e a sujeira do Vegas. E quanto mais
barulhenta e sem noção eu ficava, mais a Mia se incomodava.
Q u e s e f o d a. A real é que, naquela noite, tinha uma
hétera muito mais interessante do que a Mia vinha sendo, com suas viradas de
olho e cortes categóricos às minhas tentativas de integrá-la nas minhas
conversas com o Fer. Era amiga de um amigo nosso. Uma ilustradora duns vinte e
poucos anos em quem eu, após me perder por diversas vezes na boca de outras
garotas na pista, tinha encanado de uma maneira que só é possível quando se tem
mais tequila do que sangue correndo pelas veias e tudo parece ser uma grande epifania.
Como se o nosso encontro fosse coisa do destino.
Porém, apesar dos meus nada modestos esforços, ainda não tinha
conseguido a beijar.
Com ambas as tequilas em mãos, retornei para o seu lado num
círculo de pessoas a poucos metros de onde o meu círculo de pessoas estava. Dei
um dos copos para ela e viramos tudo de uma só vez. O álcool desceu queimando
pela minha garganta, enquanto uma música qualquer do Billy Idol ressoava nos
amplificadores da balada. Eu a olhava, insistentemente. E ela se aproximou do
meu rosto, apoiando-se no meu ombro – para me provocar, brincando se eu a estava
querendo embebedar.
_Olha, o que eu quero com você... – respondi em seu ouvido, já um
tanto insolente – ...eu quero fazer sóbria, que é pra lembrar de cada segundo.
Ela se enroscou em mim, se aproximando ainda mais, e a sua boca
relou de raspão no meu pescoço. Aí sorriu e se afastou do meu rosto, desgraçada,
me negando com a cabeça. É – esse era o nível de flerte que a gente
estava. Mas eu gostava, puta que pariu, como gostava. “Cê tá se achando”,
ela disse. E eu dei de ombros, começamos a rir. Volta e meia, todavia, os meus
olhos cruzavam com os da Mia, acidentalmente. A poucos metros de nós e cada vez
mais desconfortável. Qual é, garota?!
Na rodinha ao lado, a Lê trocava ideia com o Fer e a Thaís já tinha sumido, correndo atrás duma butch recentemente descomprometida – que mais estava interessada em fazer ceninha para a ex-namorada do que em genuinamente ficar com a minha amiga. Drama sapatão. Enquanto isso, eu e o meu probleminha da vez nos encontrávamos em mais uma rodada irresponsável, com duas cervejas em mãos.
Ela se chamava Patti. Tinha um piercing no septo, o cabelo preto jogado
para o lado, um sotaque mineiro e umas tatuagens old school que estavam me tirando do sério. Sorria na minha
direção, rindo de qualquer coisa que eu tinha falado. E eu me perdia por um
segundo no jeito da sua boca. Com uma vontade desgraçada de roubar um beijo.
Tomei um gole, já ultrapassando a metade da garrafa, numa tentativa fracassada
de esfriar a cabeça. Mas não rolou. Então fiz graça para ela, arqueando
brevemente as sobrancelhas:
_Vamos dar uma volta comigo?
E ela riu, balançando a cabeça.
_Não dá, eu sou hétero... – repetiu, como se eu não a tivesse
ouvido nas últimas dez vezes que se antecederam.
_Todo mundo é... – retruquei – ...até não ser mais.
E mais uma vez, ela riu, me olhando. Começava a ganhar certo apreço
por mim – acho. E eu, certa confiança. Ela deu um gole na sua cerveja e
olhou para o outro lado. Me aproximei do seu ouvido e fiz graça – “é pra eu ir
embora, então?”. “Não”. “Não?”. “Fica aqui”, respondeu, esbarrando a mão na
minha e eu entrelacei os meus dedos nos seus. “Então vem comigo, vai?”.
“Onde?”. “Dar uma volta”. E ela balançou a cabeça, de novo. “Quero te mostrar
uma coisa”, insisti. “Que coisa?”. “Vem comigo que eu te mostro”, ri e ela riu
também, ainda de mãos dadas comigo.
Me observou por um instante, hesitante. E aí deixou escapar um
sorriso – “tá”.
_Ah, não enche, Lê! – ordenei, resmungando, conforme pegava dois shots de tequila do balcão.
Na rodinha ao lado, a Lê trocava ideia com o Fer e a Thaís já tinha sumido, correndo atrás duma butch recentemente descomprometida – que mais estava interessada em fazer ceninha para a ex-namorada do que em genuinamente ficar com a minha amiga. Drama sapatão. Enquanto isso, eu e o meu probleminha da vez nos encontrávamos em mais uma rodada irresponsável, com duas cervejas em mãos.
_Todo mundo é... – retruquei – ...até não ser mais.
14 comentários:
"Todas vocês são até não serem mais" É BEM ISSO MESMO.
Ai, FM, esperta. Tô precisando demais de uma dessa na minha vida. Cadê?
Quero mais!
=*
até eu com dó da menina Mia assistindo esse ritual de acasalamento HAHAHHAA
go ahead!
A FM é areia demais pro meu caminhãozinho. A Mel também. Meu deus do céu, garotaaaas... apaixono!! Post baphonico!
Iiiiiiiiiiiih 'Meu primeiro amor - Parte 2'
AAAAAAAAAH continua, por favooorrrrrrrr!
Muito bom! Muito bommmm! Mais mais mais mais maiiiiieeeessss!
Mel, parabéns. Você escreve lindamente beem!
Uau!
Bem que a FM podia dar uma ajudinha pra todas as minas que estão indecisas e vão se descobrir agora, pra que professora melhor que a Fm?
Parabeeeeeeeeens Mel
show!
oh my fuckiiiiiiiiiing! tou ansiosa :)
Pelo menos dessa vez, Mel, faz a FM quebrar a cara, pls!?! :)
Aiiiiiii meldels!! comofaz pra aguentar até amanha!!? vc é muito má viu dona Mel!
A entrada já foi apreciada, agora falta o prato principal...hehe
Patrícia: está querendo
FM: vai conseguir
Eu: quero ver
Mel: não demore! =D
ah nao meu, num faz a pobrezinha quebrar a cara!! ela so sofre nesse blog pelo menos nessas ela tem que se dar bem kkkkk
Logo Patricia? u.u
Aiaiai
Uma substituta da Mia u_u
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