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setembro 02, 2011

Tortilleras

Cadê, mano? Me afundei na pilha de roupas que cultivei durante meses no armário, o bagunçando ainda mais. Ironicamente eu tinha dois biquínis no fundo de uma das gavetas, ambos dados pela minha mãe numa tentativa de abafar a minha caminhoneirice, mas não conseguia achar por nada a porra da bermuda de nadar que eu queria. É de foder o cu do palhaço, resmunguei para mim mesma, jogando peça por peça do armário para o chão. Sem encontrar aquela desgraça. Argh.
 
Eu não usava biquíni desde os 12 anos de idade e não pretendia voltar em momento algum. Me recuso, prefiro nadar pelada. E claro, eu podia ter arrumado a minha mochila na noite anterior – mas resolvi passar na casa da Thaís depois do trabalho para fumar um, pela terceira vez naquela semana, e acabamos acordadas até tarde cozinhando larica atrás de larica. Agora já era sábado de manhã e o relógio se aproximava da hora que eu tinha combinado com a Marina. Inferno. Não achava de jeito nenhum aquela droga de... Achei! Isso! Isso! Resgatei os shorts do meio das roupas amontoadas, vitoriosa. E então o enfiei de qualquer jeito na minha mochila.
 
_Eita! – me surpreendi ao abrir a porta da frente, minutos depois – Cadê a embuste? Não vem?
_Não chama ela de... – a Marina revirou os olhos, bufando, sem completar a frase – ...ela não tá pronta ainda.
_Mas cê não ia passar lá antes de vir pra cá?
_Ia. Olha, nem vamos falar sobre isso que já me estressei com a Bia e não quero mais passar nervoso – resmungou, entrando no meu apartamento – Ela vai mandar mensagem quando tiver pronta.
 
Aparentemente, o azar da Marina nessa vida era namorar minas descompromissadas com pontualidade. É. Eu inclusa. Marchou para dentro do apartamento, irritada, com os seus shortinhos de linho marinho e uma blusa soltinha branca enfiada para dentro na cintura. Alertado pela campainha, o Fer entrou na sala e se espantou ao ver minha ex ali. Abriu um sorriso. Atrás dele vinha a Mia, claro, com as pernas de fora num camisetão do Discharge, o cabelo preso sobre a cabeça num coque despenteado e uma cara de quem tinha acabado de acordar. Esfregou as costas da mão no rosto, meio sonolenta, e observou o namorado cumprimentar aquela garota de óculos pretinhos que ela nunca tinha visto na vida.
 
_Nossa, faz mó cara que num te vejo... Cês madrugaram hoje, hein?! – o Fer comentou e se virou para a Mia – Cê já conheceu a Marina, amor?
 
Imediatamente todo sono sumiu da cara dela.
 
Eita. Olhou para a minha ex ali e depois para mim, bem rapidamente, abaixando o olhar em seguida para disfarçar. A Marina sorriu para ela. E a Mia deu alguns passos, a cumprimentando mais adiante na sala. Assim que afastou o rosto, seu olhar escapou mais uma vez na minha direção. Num reflexo – do qual provavelmente se arrependeu na mesma hora. Perdeu alguma coisa na minha cara, porra?
 
O Fer e a Marina puxaram o maior papo, apoiados contra o encosto do sofá. E a Mia ficou ali, meio deslocada, enquanto os dois tagarelavam sobre o nosso feriado. A Lê tinha nos convidado para passar uns dias no Guarujá, na casa de praia de sei-lá-quem que ela conhecia. A ideia era juntar as sapatonas e comemorar o seu aniversário em qualquer lugar que fosse longe de São Paulo. E perto do mar. Dividimos o comboio de caminhões entre o carro dela  – que ia com a Paula e a Jéssica – e o da Marina – onde íamos eu, a Thaís e lamentavelmente a idiota da Bia.
 
De repente, o interfone tocou.
 
Corri até a cozinha para atender e olhei para o relógio de parede sobre a minha cabeça – já eram 9:30. Droga. A aquela altura, a outra metade do comboio já devia estar saindo da casa da Lê na Barra Funda. A gente tem que se apressar, pensei, desligando o interfone. Me virei para voltar para a sala, apressada, e trombei com a Marina. Sem ver direito. Estava com cara de animada, entrando na cozinha. A olhei sem entender o que estava fazendo ali e ela me segurou pelo braço, sem conseguir se conter, como quem está prestes a fofocar em segredo.
 
_Uau! – cochichou, sorrindo e dando uma olhada por cima do ombro para garantir que ninguém estava nos ouvindo – Então essa é a Mia?!
_É.
_Cacete!
_Qual é, Marina...
 
Que tal não fazermos isso agora?
 
Lancei um olhar de reprovação na sua direção e ela riu, conforme eu me soltava das suas mãos fuxiqueiras. “Você sabe que não vai escapar dessa conversa, né?”. “Aqui não, meu”. Revirou os olhos, se dando por vencida, e resmungou um “tá” insatisfeita. Era só o que me faltava. Voltamos juntas para a sala e mal deu tempo da Mia fingir que não estava nos olhando, saindo juntas do corredor, quando a campainha tocou. Pois é.
 
Como se faltasse lésbica nesse apartamento, não é mesmo? Abri a porta e lá estava a Thaís, com o melhor visual caminhão-praieira que alguém podia querer – bermudão, papete, óculos escuros, boné para trás, risca na sobrancelha, regata e uma camisa com folhas de palmeira aberta por cima.
 
_Caralho, hein... – sorri na mesma hora – Cê tá gata, puta merda!
_Gostou? – me zombou, piscando na minha direção – Me arrumei só pra você...
_Idiota.
 
Eu ri e ela sorriu de volta – é, com aquele sorriso desgraçado.
 
_Quanto tempo, né? – brincou, colocando o braço sobre meus ombros – Que a gente não se vê...
_Pois é – ri, entrando com ela no apartamento – Umas 10 horas?
_Ficou com saudade, meu?
_Ô!
 
Entramos na sala rindo. E a única ali que prestava atenção nos nossos flertes era a Mia. O seu olhar insistente – encostada contra a parede, com os pés descalços no chão – começou a me incomodar. A Marina e o Fer conversavam entre si, entretidos, como se fosse 2006. A Thaís largou sua mochila no chão e nos vimos obrigadas a interagir com o meu erro duns meses antes.
 
_Essa é a Mia – as apresentei, com certa indisposição – Não sei se cês já se conheceram.
_Acho que eu te vi numa das festas aqui, mas não nos falamos – a Thaís a encarou e sorriu – E aí?
_Oi! – ela sorriu de volta.
_E essa é a...
_...Thaís – a Mia me interrompeu, completando a frase, e a olhamos surpresas.
 
Como diabos cê sabe disso?
 
_E-eu... – a Mia emendou uma explicação, com os braços cruzados em frente ao corpo, olhando para a Thaís – ...eu seguia seu trampo no Fotolog.
_Nossa, sério?! Faz muito tempo que nem mexo naquilo...
_É – a Mia riu – Faz uns anos já isso. Cê é muito boa, meu, eu curtia pra caralho suas tatuagens.
_Porra, valeu – a Thaís se alegrou, ainda surpresa – Mano, aparece lá no estúdio qualquer dia pra tatuar. Ia ser massa...
 
Não exagera, né, Thaís, me irritei com aquela interação.

14 comentários:

Pathy disse...

a FM gostando da Carol?????? nãããããoo.. heheh

Tô até "vendo", consegue o emprego e pega a mina que a contratou.. UAHUHAUAHUAHUA


Marina <3

Gabriela disse...

Como me faz falta ler isso aqui. Já faz parte do meu cotidiano .

Anônimo disse...

Acho q a Marina implica demais! Deixa a mina comer, ops, viver a vida dela! ;)

Anônimo disse...

Hahahaha
Definitivamente a Marina faz valer o dia.

Raianny disse...

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

FM tão séria, parece mais madura, apesar de estar pegando as menininhas e sendo a velha FM de sempre, sinto um ar diferente nela...

Marina, uma linda S2


Mel, a ideia da trilogia mto me agrada, pensaa, uma saga de Fucking Mia? UAU

=*

Anônimo disse...

Nuuh, li num tapa esse post. Esse efeito vicioso que esse trem causa é violento...=D

Estou na espera(tortura) por mais...
;p

Anônimo disse...

aaaaaai Mariiiiiiiiiina ♥

c' disse...

marina linda linda linda.

qero mais posts. Fuckin' mia vicia. icia.

'duuda disse...

chegar em casa depois de um final de semana na praia com post aqui *-* final de final de semana excelente! hahaha
e sobre o post, aaaii marina <3

mari disse...

já estava com saudade dessa história foda viu, a Marina é uma linda mesmo...

Anônimo disse...

Af, quero a Marina pra mim ♥
HAHAHAHAHA.

cris f santana disse...

Marina é muito amiga parceira! =D
Eu gosto disse nela..

Anônimo disse...

MA-RI-NA!!!

Babaloodeuva disse...

kkkkkkk
A Marina tem um jeito todo particular de dar uma força kkkkk Adoro!!
me lembra um amigo meu.