Caralho. A Mia mal encostou em mim e eu já sabia que
não ia aguentar. Não ia aguentar porra nenhuma. Podia sentir intenção em cada
movimento seu. E talvez ela não soubesse tudo o que estava fazendo – mas
que se dane, às vezes, importa mais o tamanho da fome do que como se
come. E cada vez que a sua língua deslizava pela minha pele encharcada,
agarrando as minhas coxas na sua direção, eu perdia a cabeça. Ela também se
contorcia, quase como se aproveitasse tanto quanto eu, metida entre as minhas
pernas – e eu imaginava todo aquele tesão escorrendo pelas suas.
Puta que pariu.
Eu era capaz de gozar sem que aquela garota tocasse um só dedo em
mim. E ela encostou bem mais. Perdi o ar muito antes de ir para o chão com
ela. O meu coração também nunca foi lá de bater direito perto daquela mulher, pulava
umas batidas – parava, então voltava; e acelerava. Agora então, no breu do seu
quarto, disparava mais do que nunca. E eu me forçava a ficar presente, queria lembrar
de cada segundo daquele momento. Mas a sua boca em mim ia me tirando do sério dum
jeito que os segundos se esticavam e o meu corpo tensionava e arrepiava e ia perdendo
a sanidade o coração o ar até sentir cada extremidade do
meu corpo formigar, num orgasmo intenso, esquecendo completamente onde sequer
estava. Só me importava com quem.
Quando terminou, senti a Mia beijar a minha coxa. Eu ainda tinha os
meus olhos fechados. Então ela subiu, deitando-se ao meu lado. E eu me forcei a
recuperar rapidamente o fôlego. A sair daquele estado inebriado. Precisava de um
segundo e não mais do que isso – não com aquela mulher ali. Numa vontade
de foder até o sol nascer e se pôr e nascer de novo. Depois começar mais uma
vez, puta que pariu. Abri os olhos e eles se perderam por um instante na
boca da Mia, entreaberta, deitada ao meu lado.
_ISSO FOI TÃO... – ela passou as mãos no rosto, ofegante, como se
não acreditasse.
O suor fazia com que alguns fios do seu cabelo grudassem na sua
testa. Eu ri, a observando encantada, seu olhar fascinado em mim. Estava extasiada.
Achei graça na forma como ela sorria, vitoriosa, depois de um orgasmo meu. Ainda
podia sentir as minhas bochechas quentes e a minha pele arrepiada. E a Mia me
olhava de volta, como se não conseguisse achar as palavras para descrever o que
sentia. Eu meio ria, meio sorria.
_Eu nunca... – ela continuou, desarticuladamente – ...e-eu...
juro, eu...
_Eu sei – ri.
_N-não, não, foi tipo... – ela tentava explicar com as mãos e eu
ria – ...f-foi tão...
_Hmm – sorri – Foi como?
_N-não sei... Eu, e-eu tava... – suspirou – ...digo, e-era em
você... mas eu senti quase como se... c-como se fosse...
_Em você?
_MEU, SIM!
Ela passou a mão no rosto mais uma vez e me encarou de volta, num
misto de curiosidade e tesão, empolgada. Eu ri.
_CARALHO, COMO É POSSÍVEL? E-eu... – ela apoiou o braço embaixo da
cabeça e se virou na minha direção, impressionada pela sincronicidade biológica
entre nossos corpo – ...nunca senti nada assim! É... genial!
_Hum. Cuidado, hein... – a adverti, brincando – ...esse
sentimento, essa coisa aí que cê sentiu, isso vicia.
_N-nossa, eu imagino, porque eu... e-eu nunca... – ela prosseguiu,
ainda tropeçando na própria ansiedade de falar, empolgada – ...é que... não
sei, caras são tão diferentes. Sei lá! Em tudo, não dá pra... sabe? Saber. M-mas
você... – me olhou, como se me descobrisse algo inédito – ...eu, e-eu sabia
exatamente o que tava acontecendo, o... o q-que o seu corpo tava sentindo, não
sei explicar. É como se reverberasse pra dentro de mim, sobe por dentro, dum
jeito visceral e, e tão gostoso... – suspirou – ...caralho, que intenso.
Eu a observava, achando mais graça ainda. Era como assistir alguém
contar sobre a primeira vez que, sei lá, andou de bicicleta. Eu ri. E a
Mia me deu um tapa no braço – como se soubesse que ria dela. Nossos olhos se
cruzaram por um instante e então coloquei a mão em seu rosto, num impulso de
estar perto dela de novo. Senti o meu coração pular outra batida. “É. É
intenso”, murmurei. E a Mia sorriu, se aproximando do meu corpo com intimidade.
A sua boca encostou na minha e nos abraçamos no chão do seu quarto, num beijo
perigosamente lento. Desses que fodem a sua cabeça, que mudam o rumo das coisas.
Caralho.
Desci as mãos até a sua cintura e a puxei para perto de mim. Mas a
Mia se desvencilhou, de repente, inclinando a cabeça e subindo os olhos como se
procurasse algo atrás de nós. Que cê tá fazendo? Olhei para a
mesma direção, sem entender, e então vi o maço dela largado sobre a sua cama. Ah,
isso. Ainda consideravelmente bêbada, a Mia escorregou para fora dos meus
braços e se virou, engatinhando no chão do seu quarto. É. Engatinhando,
sem uma porra duma roupa no corpo. Essa mulher quer me matar do coração.
Continuou até chegar na cama, onde apoiou os antebraços
desajeitadamente, ainda de joelhos no chão, tirando um baseado que estava
guardado no maço e acendendo-o ali. Os meus olhos acompanhavam cada movimento. Completamente
obcecada por aquela garota. Me virei no chão e me apoiei nas mãos para ir até
lá, dando-me imediatamente conta de que ainda estava consideravelmente sob o
efeito do tanto que bebemos no bar. A Mia deu um trago, apoiada contra a cama. Despida,
com os joelhos metidos no piso de taco e aquela raba que – só por Deus. Os
fios castanhos de cabelo desciam pelas suas costas em meio às flores de
cerejeira, na lateral do seu corpo. Me aproximei, a abraçando por trás, e
beijei o seu pescoço. A Mia colocou o baseado na boca e se ajeitou contra o meu
corpo ajoelhado atrás dela. Senti sua pele me aquecer.
_E aí... – ela fez graça – ...qual foi a nota?
_A nota?! – ri, sem entender.
_É. Fui boa aluna?
Roubei o baseado dos seus dedos e dei dois tragos, segurando a
fumaça antes de soltá-la para cima. “Foi” – respondi, rindo. Mas você não
precisa que eu te diga, garota, revirei os olhos. Você já sabe. A
minha outra mão a segurava pela cintura. Hum. Inconscientemente, desci
os dedos pelo contorno do seu corpo, acompanhando a curva da sua bunda. Abaixei
os olhos por um instante e a observei entre meus dedos. Ali. Gostosa do
caralho, suspirei, numas quedas de pressão. A Mia então se inclinou
na cama, pressionando o quadril contra o meu corpo. Bem na sacanagem. Desgraçada.
Senti a sua pele esbarrar nos meus pelos e um calor subir dentro de mim. A
puxei, pressionando-a ainda mais contra meu corpo, e então encostei a boca em
seu ouvido:
_Agora que cê já sabe que gosto eu tenho... – eu disse, devolvendo
o baseado na sua mão – ...deixa eu te mostrar o que fazer com o resto do corpo.
A Mia tragou mais uma vez e fechou os olhos, inebriada, sentindo
cada toque sujo da minha boca. Beijei seu pescoço, mordendo a sua pele, e fui
descendo pelas suas costas, enquanto as minhas mãos subiam entre as suas coxas.
A Mia continuava molhada, inchada, cacete. Escorreguei os dedos para
dentro dela e então girei a mão. Encaixando a posição. Ela estremeceu e enfiou
o rosto no lençol da cama, com o baseado ainda aceso entre os dedos. Ouvi ela
gemer. E deslizei a boca pela sua bunda, depois a língua – chupando ela por
trás, enquanto a fodia.