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dezembro 19, 2009

Indesculpável

_Nossa, isso foi... intenso... – suspirou a Roberta, enquanto eu retomava o fôlego – Cê não costuma ser tão... Ahm...
 
Egoísta?
 
_...sei lá. Tão “intensa” – ela riu, se repetindo, sem achar outra palavra.
_Hum... – hesitei, olhando para ela do meu lado.
 
Sorri rapidamente de volta, sem conseguir disfarçar bem. A verdade é que aquilo não tinha adiantado de nada. Porra nenhuma. Eu tentei, tentei mesmo, tentei ao máximo tirar a Mia da minha cabeça. Tentei por horas seguidas arrancá-la, à força, de dentro de mim. À exaustão – mas ela simplesmente não foi embora. Alheia ao meu tormento, a Roberta se sentou no colchão e alcançou o dichavador que estava no chão do quarto, perto da cama.
 
_Ei... – me olhou de canto de olho e brincou, enquanto bolava um baseado – Até que a gente não é nada mal juntas, hein?
_É – forcei outro meio sorriso, com a cabeça cheia.
_Hum, e quando você vai me fazer sua namorada?
_E por que eu que tenho que fazer alguma coisa?
 
Me arrependi assim que falei.
 
Merda. A Roberta desviou o olhar, aborrecida – por aquela minha atitude estúpida de quem não tem nada a ver com o assunto. E eu me senti péssima. Deitada ali na sua cama, sem sequer conseguir a dignar com uma resposta melhor. O que diabos eu tô fazendo?, esfreguei a mão no rosto, arrependida. Talvez eu devesse ter percebido mesmo, talvez eu devesse ter me importado mais. E talvez não fôssemos só duas pessoas que se ligam para transar. Mas que merda. É.  No fim das contas, fingir amor com boas intenções é mais íntegro do que ser sinceramente filha-da-puta?
 
Não importa. A verdade é que eu tinha que aprender a deixar as pessoas em paz. Longe da minha confusão. Da minha grosseria. Beijei-a carinhosamente no rosto. E suspirei, sentindo o meu amor por outra entalado na garganta. Então deitei de novo no travesseiro, encarando o teto. Mas, de repente, não conseguia mais ficar ao seu lado. Eu tinha feito tudo errado. Tudo aquilo – cada movimento, cada palavra. E a culpa era minha. Inteira minha. Droga.
 
_Desculpa. E-eu... – me inquietei, subitamente – Isso tá errado, e-eu... – levantei da cama, me vestindo – ...eu não devia ter vindo aqui hoje, m-me... desculpa, Rô.

5 comentários:

Juliana Freitas Toque de SPA disse...

Noites lendo.........

Está perfeito!

Bju

Noelly Castro disse...

Já viciei..
ansiosa por maissss..

;)

Noelly Castro disse...

To ficando viciada..

;)

Lari disse...

ADORANDO!

AmyLy Love disse...

To viciando também *--*