Não sabia por que estava tão irritada, de repente, mas sentia que
havia feito uma besteira muito grande. Acendi um cigarro e tentei não me
preocupar. Em vão. A minha
cabeça estava cheia de pensamentos sobre a porra da Mia e como tínhamos ficado próximas
nos últimos meses. E como pude interpretar as coisas de forma tão equivocada. Mas...
Estou tão errada assim? Nunca
tinha me enganado antes, não desse jeito. O que porra a Mia tinha que me
confundia tanto?
Não
interessa, me forcei a esquecer aquilo e meti os fones no ouvido. Chega.
Não importava se eu estava certa ou
errada sobre ela, era uma péssima ideia. Péssima. Eu sabia que não podia dar em cima da mina que namorava o
Fernando – o que me perturbava era o quanto eu não conseguia evitar. Liguei a
primeira música que surgiu e desci a rua impaciente, nervosa, judiando dos meus
lábios, que eu mordia compulsivamente entre uma tragada e outra do cigarro. Estou exagerando, pensei, tentando me
acalmar, é só uma garota. Não foi
nada. Vai passar.
“Só uma garota” – argh.
Por que diabos eu tinha que gostar dela assim? Inferno. Ah, Mia. Mia. Mia. Mia. Mia. Era tudo o
que vinha na minha cabeça enquanto eu descia a Frei Caneca. Ela namora, eu insistia mentalmente, com
meu melhor amigo, cacete. Mas quanto mais eu tentava não pensar em mulher nenhuma,
mais a minha cabeça se enchia com cada pedacinho da droga da Mia – a forma como
sua boca movia quando ela falava ou como deitava ao meu lado na cama,
descascando o esmalte preto das unhas enquanto a gente ouvia música juntas; o
jeito como as suas pernas esbarravam nas minhas, as suas mãos e o seu sorriso e
o seu cheiro e o jeito como o seu cabelo escorregava pelo seu ombro quando ela
se abaixava, tudo. Tudo naquela porra de garota. “And I want you now! I want
you nooow!”, o Muse gritava no meu iPod, piorando ainda mais a angústia no
meu coração, “I feel my heart implooode!”. Eu estava prestes a
enlouquecer.
Parei de repente de andar e respirei fundo, tirando os fones do
ouvido. Estava em uma esquina e a senhora ao meu lado me olhava esquisito, como
se eu fosse uma descontrolada. Ótimo, revirei os olhos, tô assustando velhinhas agora. Olhei em
volta e vi que havia descido mais do que imaginava, já quase no buraco sujo da
Rua Augusta que segue o final da Frei Caneca. O sol indicava impiedosamente que
já passava de meio dia.
Merda. Vou
ter que subir tudo de novo nesse calor insuportável.
O pessimismo e um desânimo preguiçoso – resultante da minha vida
como uma paulistana sedentária, cujo esforço físico se limitava a levantar copo
de cerveja e foder em banheiro de balada – afastaram meus pensamentos
inapropriados por um instante. Mas eles logo voltaram, empurrando mais um
cigarro para dentro da minha boca. Preciso
esquecer ela, concluí. E precisava esquecer naquele segundo. Analisei
rapidamente as minhas opções, peguei o celular e, após minha segunda ligação,
subi no primeiro táxi que parou.
_Perdizes, por favor.
Eu não tinha dinheiro para aquilo. Digo, não para o que eu estava
prestes a cometer – uma fuga desnecessária e custosa para o apartamento de um
casinho meu que não tinha culpa de nada naquela história. E a quem eu
provavelmente ia acabar machucando. É. Eu poderia pensar em um milhão de
maneiras de gastar melhor o meu restrito dinheirinho do que naquele táxi – mas
se enrolar nas pernas de uma garota era a melhor forma de tirar a boca e todo o
resto de outra da minha cabeça. Foda-se, contestou
o meu ego ferido, é uma emergência.
Perdizes, baby, aqui vou
eu.
10 comentários:
eu ADORO o jeito q vc escreve!! =)
AMEI O BLOG! escrve maisssssss! vou voltar amanhã pra ler, qru ver ação (6)hashasuahsa
lindo..
i just loooove everything that u write... can't wait to read more, babyy!
o que dizer?! uhnn.. escreve mais.. é uma ordem..
RrrRrrRRrr! ;*
MUITO bom!hahaha
Agora já era, quero ler mais!
Muito bem escrito, e ficção ou não, muito bem pensado.
Beijos
=*
Meu, vc eh ótima!
Sensacional! Quero ler mais. :)
Nossa muito bommmmm!!!Escreve maisss pq quero saber tudooo!!!Hhauahauha!!!
Vc é d+
Bjus
Apesar de odiar ficar assim por causa de mulheres, acho que sinto um prazer masoquista nesse desespero...
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