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dezembro 15, 2009

Merda, merda

Não sabia por que estava tão irritada. Sentia que tinha feito besteira, uma besteira grande. Maldição. Acendi um cigarro e tentei não me preocupar. Em vão. A minha cabeça estava cheia d-da, da Mia, da porra da Mia, e como tínhamos ficado próximas nos últimos meses e como, caralho, c-como pude interpretar as coisas de forma tão equivocada. Mas... m-mas estou mesmo tão errada assim? Nunca tinha me enganado antes, não desse jeito. Que diabos a Mia tem que me confunde tanto?
 
Não.
 
Não, não. Não. Não interessa, me forcei a esquecer aquilo. Não importa se tô certa ou errada, é uma péssima ideia. Eu sabia que não podia dar em cima da mina do Fernando – o que me perturbava era o quanto eu não conseguia evitar. Meti os fones do meu MP3 no ouvido e desci a rua nervosa, fumando compulsivamente e judiando dos meus lábios, que eu mordia entre uma tragada e outra. Eu tô exagerando, pensei, tentando me acalmar, é só uma garota.
 
“Só uma garota” – argh.
 
Era a pior garota. Inferno. Por que diabos fui gostar logo dela?, era tudo o que vinha na minha cabeça enquanto eu descia a Frei Caneca. Ela namora, insisti mentalmente, com meu melhor amigo, cacete. Mas quanto mais eu tentava não pensar em mulher nenhuma, mais a minha cabeça se enchia com cada pedacinho da única que eu realmente queria – a sua boca, o seu cheiro, o jeito como se movia quando falava ou como deitava ao meu lado na cama, descascando o esmalte preto das unhas enquanto a gente ouvia música, as suas pernas esbarrando nas minhas, numa vontade inexplicável de estarmos juntas, caralho. “And I want you now, I want you nooow”, o Muse gritava no meu ouvido, agravando o aperto no meu coração, “I feel my heart implooode”. Estava prestes a enlouquecer.
 
Parei de repente de andar e respirei fundo, tirando os fones. Estava em uma esquina e a senhora ao meu lado me olhava esquisito, como se eu fosse descontrolada. Ótimo, revirei os olhos, tô assustando velhinhas agora. Olhei em volta e vi que havia descido mais do que imaginava, já quase no buraco sujo da Rua Augusta que segue o final da Frei Caneca. O sol indicava impiedosamente que já passava de meio dia. Merda. Vou ter que subir tudo de novo nesse calor insuportável.
 
O pessimismo e um desânimo preguiçoso, resultante da minha vida como uma paulistana sedentária cujo esforço físico se limitava a levantar copo de cerveja e foder em banheiro de balada, afastaram meus pensamentos inapropriados por um instante. Mas eles logo voltaram, empurrando mais um cigarro para dentro da minha boca. Preciso esquecer ela, concluí. E precisava esquecer naquele segundo. Analisei rapidamente as minhas opções, peguei o celular e, após minha segunda ligação, subi no primeiro táxi que parou.
 
_Perdizes, por favor.
 
Não, eu não tinha dinheiro para aquilo. Digo, não para o que eu estava prestes a cometer – uma fuga desnecessária para o apartamento de um casinho que não tinha culpa naquela história e a quem eu provavelmente ia acabar machucando. É. Eu poderia pensar em um milhão de maneiras de gastar melhor o meu restrito dinheirinho do que naquele táxi – mas me enrolar nas pernas de uma garota era a melhor forma de tirar a boca e todo o resto de outra da cabeça. Foda-se, contestou o meu ego ferido, é uma emergência.
 
Perdizes, baby, aqui vou eu.

10 comentários:

Bruna disse...

eu ADORO o jeito q vc escreve!! =)

giovanna disse...

AMEI O BLOG! escrve maisssssss! vou voltar amanhã pra ler, qru ver ação (6)hashasuahsa

A. disse...

lindo..

Marcella disse...

i just loooove everything that u write... can't wait to read more, babyy!

Noelly Castro disse...

o que dizer?! uhnn.. escreve mais.. é uma ordem..

RrrRrrRRrr! ;*

Isabela Kanupp disse...

MUITO bom!hahaha
Agora já era, quero ler mais!
Muito bem escrito, e ficção ou não, muito bem pensado.
Beijos
=*

Lari disse...

Meu, vc eh ótima!

Mikaylla disse...

Sensacional! Quero ler mais. :)

Juliana Freitas Toque de SPA disse...

Nossa muito bommmmm!!!Escreve maisss pq quero saber tudooo!!!Hhauahauha!!!
Vc é d+

Bjus

Gehh Santos disse...

Apesar de odiar ficar assim por causa de mulheres, acho que sinto um prazer masoquista nesse desespero...