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dezembro 26, 2009

El Infierno

Desci a Augusta, enfrentando todo o caos degradante de sábado à noite. Em direção ao Inferno. Vestia um All Star surrado, uma calça skinny e uma regata preta; sentia o frio arrepiar a pele sob as minhas tatuagens no braço. O vento bagunçava ainda mais o meu cabelo – uns fios meio curtos, repicados por mim mesma e descoloridos de qualquer jeito, como eu usava desde a adolescência, quando ouvia Alice in Chains no último volume no fundo da casa dos meus pais.
 
Agora tentava ultrapassar os tarados e todos aqueles malditos hipsters que lotavam a calçada rua abaixo. Argh. Homens são definitivamente piores bêbados e em bando. Descer a Augusta era sempre uma odisseia. Entrei no Inferno e o lugar estava tão cheio quanto o lado de fora. Mal dava para andar. A primeira coisa que meus olhos encontraram foi a Mia, em pé ao lado do Fernando – ambos encostados no bar. Me aproximei, cumprimentando todo mundo na roda, e tentei não olhar muito para ela. O Fer agia normalmente, discutindo qualquer coisa com o cara ao seu lado enquanto a Mia ria da conversa. Talvez esteja tudo bem, afinal?
 
Tratei logo de virar uns shots, num ritmo bem pouco saudável. E logo estava fritando na pista, completamente chapada. Numa inconsciência coletiva ensurdecedora que rapidamente me distraiu dos acontecimentos daquele dia. Graças a Deus pelo Inferno. As horas se foram voando e todo o nosso juízo também. Numas gritarias descompensadas, aos risos. Encontrando meio mundo no rolê, dançando, tomando fora duma mina atrás da outra, enchendo a cara, trocando ideia, a cabeça rodando. Lá pelas tantas da madrugada, vi o Fer acendendo um cigarro disfarçadamente em um canto da balada. E com certa dificuldade, cortei caminho até ele e a Mia.
 
_Mano, cê VAI SER EXPULSO!
 
Gritei, competindo com o som ridiculamente alto.
 
_Cala a boca, vou nada... Conheço todo mundo nessa porra! – se gabou, bêbado, e eu revirei os olhos – Quer?!
 
Eu ri e peguei o cigarro da mão dele, tragando duas vezes, o máximo que pude, e então soltei a fumaça para baixo na tentativa de encobrir nosso pequeno delito. Levantei a cabeça de novo e aí olhei para a Mia, encostada ali no canto. Me desgraçando a vida inteira sem o menor esforço. Mano, não. Não dá, porra.
 
_Vem dançar comigo... – pedi, bêbada, colocando minhas mãos em volta dela – ...vai ficar parada com esse idiota a noite toda?
_Vai se foder! – o Fer me empurrou.
 
 
E riu, colocando o cigarro de novo na boca. O ignorei.
 
_Vem... – sorri para a Mia, insistindo – Vem se divertir um pouco!
 
A Mia sorriu de volta, levemente constrangida. E negou o pedido. Estava mais quieta do que o normal, mal falou comigo a noite toda – e eu sabia bem por quê. Argh. Nem mesmo vai-saber-lá-quantas doses eram capazes de apagar a vergonha da minha memória. Fiquei olhando para ela por uns segundos, apaixonada e sutilmente rejeitada. Então puxei o Fer grosseiramente de lado e sugeri que ele fosse dançar com a sua namorada.
 
_Ela tá entediada, meu! – argumentei, numa tentativa de disfarçar minha falta de inibição alcóolica.
 
Aí saí.
 
Voltei para a pista, trocando uns olhares com a Mia por alguns instantes. Era mais forte do que eu e a bebida juntas – acreditem. Ela me observava de volta, com aquele seu jeito impossível de decifrar. Qual é a sua, garota? Até que o Fer colocou o braço ao redor dos seus ombros e ela sorriu para ele, distraída e... que se dane, virei o rosto. Decidi me distrair também. Deliberadamente. E foi quando os meus olhos encontraram alguém muito mais interessante com quem se ocupar – uma mina meio argentina e meio boliviana, me explicou com sotaque no meio da pista, falando alto no meu ouvido. Chamava Clara.
 
Ah, é você mesmo.
 
E olha, em minha defesa, eu estava totalmente bêbada. Mas não é como se fosse a única com dificuldade de ficar em pé ali – então nos empurramos, as duas, aos trancos e tropeços, contra a parede. Muy interessadas. Minhas mãos puxaram a Clara para perto e o jeito que aquela mina me beijava me fazia querer agradecer de joelhos naquele chão imundo pela sorte de não ter nascido hétero. No maior amasso que o Inferno já viu. Como eu amo ser sapatão. Pelo resto da noite não consegui mais tirar a boca, nem os olhos dela. Sem perceber que outra pessoa também não conseguia desviar o olhar.

11 comentários:

giovanna disse...

eu amooo o jeitoq vc escreve, essa mia ai vai da oq fala huahsushusa

maravilhoso o bloog :]

Mikaylla disse...

É, você é genial! Tô adorando isso aqui. :)

Noelly Castro disse...

Enfim "genial"..

estou com medo da abstinência..

;*

Juliana Freitas Toque de SPA disse...

Nossa senhora..... posta maaaaaissss!!!
Vc volta quando!!?!?!?!?

Esta mto bommm isso aki!!!
To no trabalho e me pego falando sozinha qdo leio seus posts!
Devem achar q sou louka!
Haaaaa se eles soubessem..........!rs

Bjus linda!

Tinha. disse...

Bom, viciei.

Posta logo rs.

(Melhor elogio de minha parte impossível...é difícil achar um blog com o qual eu não me entedie.)

Aprovadérrima.

Seremos os beatniks versão 2.1 háháhá

=*

AmyLy Love disse...

Puth's Blog perfeito nem sei o que dizer, você escreve muito bem mesmo...
Puth's e outra coisa,mulher tá fácil pra você em eu me matando pra arrumar uma mina gata e você pegando todas no inferno.
kkkkkkkkkkkkkkk'

Gehh Santos disse...

Genial é o caralho, você não presta... hsuaishuiahsuihuihsuiauhisa

Lu disse...

Tinha me esqucido como a FM era modesta e "malvada"!!! :)

Monnik disse...

Amo como a FM é malvada!!!

Annah disse...

Ah, o Inferno!
Fui lá uma vez! XD Adoro esse clima paulista da tua história. Muito linda e gostosa de ler! Parabéns!

@livia_skw disse...

"Cara, eu sou genial." HAHAHA