Desci a Augusta, enfrentando todo o caos degradante de sábado à
noite. Em direção ao Inferno. Vestia um All Star surrado, uma calça skinny e uma regata preta; sentia o frio
arrepiar a pele sob as minhas tatuagens no braço. O vento bagunçava ainda mais o
meu cabelo – uns fios meio curtos, repicados por mim mesma e descoloridos de qualquer
jeito, como eu usava desde a adolescência, quando ouvia Alice in Chains no
último volume no fundo da casa dos meus pais.
Agora tentava ultrapassar os tarados e todos aqueles malditos hipsters que lotavam a calçada rua abaixo. Argh. Homens são definitivamente piores bêbados e em bando. Descer a Augusta era sempre uma odisseia. Entrei no Inferno e o lugar estava tão cheio quanto o lado de fora. Mal dava para andar. A primeira coisa que meus olhos encontraram foi a Mia, em pé ao lado do Fernando – ambos encostados no bar. Me aproximei, cumprimentando todo mundo na roda, e tentei não olhar muito para ela. O Fer agia normalmente, discutindo qualquer coisa com o cara ao seu lado enquanto a Mia ria da conversa. Talvez esteja tudo bem, afinal?
Tratei logo de virar uns shots, num ritmo bem pouco saudável. E
logo estava fritando na pista, completamente chapada. Numa inconsciência
coletiva ensurdecedora que rapidamente me distraiu dos acontecimentos daquele
dia. Graças a Deus pelo Inferno. As
horas se foram voando e todo o nosso juízo também. Numas gritarias
descompensadas, aos risos. Encontrando meio mundo no rolê, dançando, tomando fora
duma mina atrás da outra, enchendo a cara, trocando ideia, a cabeça rodando. Lá
pelas tantas da madrugada, vi o Fer acendendo um cigarro disfarçadamente em um
canto da balada. E com certa dificuldade, cortei caminho até ele e a Mia.
_Mano, cê VAI SER EXPULSO!
Gritei, competindo com o som ridiculamente alto.
_Cala a boca, vou nada... Conheço todo mundo nessa porra! – se
gabou, bêbado, e eu revirei os olhos – Quer?!
Eu ri e peguei o cigarro da mão dele, tragando duas vezes, o
máximo que pude, e então soltei a fumaça para baixo na tentativa de encobrir
nosso pequeno delito. Levantei a cabeça de novo e aí olhei para a Mia,
encostada ali no canto. Me desgraçando a vida inteira sem o menor esforço. Mano, não. Não dá, porra.
_Vem dançar comigo... – pedi, bêbada, colocando minhas mãos em
volta dela – ...vai ficar parada com esse idiota a noite toda?
_Vai se foder! – o Fer me empurrou.
E riu, colocando o cigarro de novo na boca. O ignorei.
_Vem... – sorri para a Mia, insistindo – Vem se divertir um pouco!
A Mia sorriu de volta, levemente constrangida. E negou o pedido.
Estava mais quieta do que o normal, mal falou comigo a noite toda – e eu sabia
bem por quê. Argh. Nem mesmo vai-saber-lá-quantas doses eram
capazes de apagar a vergonha da minha memória. Fiquei olhando para ela por uns
segundos, apaixonada e sutilmente rejeitada. Então puxei o Fer grosseiramente de
lado e sugeri que ele fosse dançar com a sua namorada.
_Ela tá entediada, meu! – argumentei, numa tentativa de disfarçar
minha falta de inibição alcóolica.
Aí saí.
Voltei para a pista, trocando uns olhares com a Mia por alguns
instantes. Era mais forte do que eu e a bebida juntas – acreditem. Ela me observava de volta, com aquele seu jeito impossível
de decifrar. Qual é a sua, garota? Até
que o Fer colocou o braço ao redor dos seus ombros e ela sorriu para ele,
distraída e... que se dane, virei o rosto. Decidi me distrair também. Deliberadamente.
E foi quando os meus olhos encontraram alguém muito mais interessante com quem se
ocupar – uma mina meio argentina e meio boliviana, me explicou com sotaque no
meio da pista, falando alto no meu ouvido. Chamava Clara.
Ah, é você
mesmo.
E olha, em minha defesa, eu estava totalmente bêbada. Mas não
é como se fosse a única com dificuldade de ficar em pé ali – então nos
empurramos, as duas, aos trancos e tropeços, contra a parede. Muy interessadas.
Minhas mãos puxaram a Clara para perto e o jeito que aquela mina me beijava me fazia
querer agradecer de joelhos naquele chão imundo pela sorte de não ter nascido
hétero. No maior amasso que o Inferno já viu. Como eu amo ser sapatão. Pelo
resto da noite não consegui mais tirar a boca, nem os olhos dela. Sem perceber que
outra pessoa também não conseguia desviar o olhar.
Agora tentava ultrapassar os tarados e todos aqueles malditos hipsters que lotavam a calçada rua abaixo. Argh. Homens são definitivamente piores bêbados e em bando. Descer a Augusta era sempre uma odisseia. Entrei no Inferno e o lugar estava tão cheio quanto o lado de fora. Mal dava para andar. A primeira coisa que meus olhos encontraram foi a Mia, em pé ao lado do Fernando – ambos encostados no bar. Me aproximei, cumprimentando todo mundo na roda, e tentei não olhar muito para ela. O Fer agia normalmente, discutindo qualquer coisa com o cara ao seu lado enquanto a Mia ria da conversa. Talvez esteja tudo bem, afinal?
_Vai se foder! – o Fer me empurrou.
11 comentários:
eu amooo o jeitoq vc escreve, essa mia ai vai da oq fala huahsushusa
maravilhoso o bloog :]
É, você é genial! Tô adorando isso aqui. :)
Enfim "genial"..
estou com medo da abstinência..
;*
Nossa senhora..... posta maaaaaissss!!!
Vc volta quando!!?!?!?!?
Esta mto bommm isso aki!!!
To no trabalho e me pego falando sozinha qdo leio seus posts!
Devem achar q sou louka!
Haaaaa se eles soubessem..........!rs
Bjus linda!
Bom, viciei.
Posta logo rs.
(Melhor elogio de minha parte impossível...é difícil achar um blog com o qual eu não me entedie.)
Aprovadérrima.
Seremos os beatniks versão 2.1 háháhá
=*
Puth's Blog perfeito nem sei o que dizer, você escreve muito bem mesmo...
Puth's e outra coisa,mulher tá fácil pra você em eu me matando pra arrumar uma mina gata e você pegando todas no inferno.
kkkkkkkkkkkkkkk'
Genial é o caralho, você não presta... hsuaishuiahsuihuihsuiauhisa
Tinha me esqucido como a FM era modesta e "malvada"!!! :)
Amo como a FM é malvada!!!
Ah, o Inferno!
Fui lá uma vez! XD Adoro esse clima paulista da tua história. Muito linda e gostosa de ler! Parabéns!
"Cara, eu sou genial." HAHAHA
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