Melhor
assim, tentei me convencer.
Sentei em frente ao computador e, por algumas horas, procurei me
distrair com as mesmas coisas de sempre. Os mesmos sites, as mesmas conversas, as
mesmas pessoas. Uma amiga tentava insistentemente me convencer a sair, afinal,
segundo ela, era “sábado à noite”. E a possibilidade de eu ficar em casa
sozinha parecia um absurdo – pelo menos para a Thaís e as pessoas que surgiam no
meu MSN, perguntando o que raios eu estava fazendo online àquela hora.
“Contenção de danos”, pensava em escrever e logo desistia,
zombando da minha própria capacidade de fazer merda dada a mínima oportunidade.
Argh. Quando eu já estava prestes a ceder ao convite da minha amiga, o
de acompanhá-la numa festa dumas sapatonas da USP, no Butantã, o meu celular
tocou. É a Roberta, pensei. E
ignorei. O telefone continuou tocando até cair. Na segunda vez que começou, tirei
a bunda da cadeira, já levemente irritada, e fui procurá-lo na sala. A-há.
Lá estava o infeliz, largado no sofá. Mas a tela não indicava mais nenhuma
chamada da Rô e, sim, duas perdidas do Fernando.
Droga.
Minha cabeça foi a mil. O
que ele quer? Não sabia o que
pensar. Meu pessimismo incorrigível concluiu que ele provavelmente tinha
se embebedado e já estava disposto a me xingar pelo telefone. Nisso, o meu
celular começou a chamar de novo. Era ele. Merda.
Atendo ou não atendo? Comecei a andar de um lado pro outro, nervosa,
enquanto o celular gritava na minha mão. Sem saber o que fazer. Merda, merda, merda. Mil vezes merda. Não
posso atender. Não posso. Seja lá o que ele for falar, eu não quero ouvir. Só para
de tocar, por favor. Para de tocar, para de tocar... Para de... Argh. Mas que droga!
_A-alô?
_PORRA, MANO! Cê tava dormindo?!
_Não! Quer dizer... M-mais ou menos – me enrolei, um pouco nervosa – Quase. Eu tava aqui na... Na, na sala. Digo, na Roberta! Eu tô na casa da Roberta, na sala dela. Tava quase dormindo aqui no, n-no sofá. Sabe como é... E-eu vim... ficar com ela e...
_Cê tá bem, meu? – estranhou.
_Claro! – forcei um tom indignado – Por quê?
Ele riu, me chamando de doida. E perguntou se eu não queria
encontrá-lo na balada, umas quadras para baixo da nossa casa, na Augusta. Como é? E precisa ligar três vezes pra isso,
seu estúpido? O meu coração quase infartado começou finalmente a se
acalmar. Estava quase recusando, o que talvez fosse a decisão mais sensata do
dia inteiro, quando o Fer mencionou que estava lá com alguns dos nossos amigos e...
claro, a Mia. Aceitei na hora. Ignorando qualquer instinto de
autopreservação.
_Massa. Cola aí, tamo no Inferno! – ele respondeu.
Que
apropriado.
_PORRA, MANO! Cê tava dormindo?!
_Não! Quer dizer... M-mais ou menos – me enrolei, um pouco nervosa – Quase. Eu tava aqui na... Na, na sala. Digo, na Roberta! Eu tô na casa da Roberta, na sala dela. Tava quase dormindo aqui no, n-no sofá. Sabe como é... E-eu vim... ficar com ela e...
_Cê tá bem, meu? – estranhou.
_Claro! – forcei um tom indignado – Por quê?
2 comentários:
Muito curiosa.. para saber o que vai acontecer..
Bem apropiado!kk
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