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agosto 10, 2010

A la Marquês de Sade

Sabe aqueles testes bem ruins no estilo “Descubra qual o seu tipo de homem”? Pois bem. Vez ou outra, movida pelo absoluto tédio numa sala de espera, eu pegava umas revistas femininas e me divertia respondendo qualquer quiz idiota desses só para discordar do resultado ao final. Não. O meu tipo de homem não é loiro e musculoso, credo.
 
O meu tipo de homem era o que não falava comigo – e de preferência, que me deixava em paz na rua. No melhor dos casos, o meu tipo de homem eram as bichas afrontosas da Augusta ou o Fer. E ainda assim, bem longe da minha cama.
 
A revista nunca acertava. E o erro não era só por presumir que todas as mulheres gostam de homens – ou pelas respostas incrivelmente superficiais. A verdade é que, mesmo se existisse uma versão sapatona, provavelmente o teste fracassaria. Eu não tinha um “tipo”. Nenhum. Zero. Sempre achei meio babaca esse lance de ter “tipo”.
 
O mais específica que eu podia ser sobre o que me atraía fisicamente em garotas era, por exemplo, um joelho ralado – isto é, de tanto tropeçar bêbada na Augusta. Eu gostava de mina sem noção. Qualquer mina. Sabe aquelas porraloucas que saem pela rua fazendo amizade às 5 da manhã, equilibrando a cerveja numa mão e a dignidade na outra? Pois esse era o meu tipo. E até isso era relativo, né, bastava olhar para a Marina. A minha regra geral era não ter regras.
 
Mas p u t a q u e p a r i u como eu perdia a cabeça com mina tatuada.
 
E não estou me referindo àquelas três estrelinhas escondidas atrás da orelha, nem àqueles erros em forma de golfinho – resultado lamentável de um devaneio pós-insolação num feriado prolongado no Guarujá. Não. Para mim e toda a água na minha boca, existia uma grande diferença entre “ter” uma tatuagem e “ser” tatuada. E lá estava a Mia, sentada na minha frente, com o corpo inteiro rabiscado e seminua, sem a menor inibição. Puta tesão.
 
Juro – eu podia passar duas, três, dez horas que fosse ali, apenas observando enquanto a Mia era dolorosamente desenhada por aquela maquininha. Os minutos se desdobravam lenta e deliciosamente. Era quase melhor do que sexo. Quase. De tempos em tempos, eu e a Mia engatávamos uma conversa qualquer descontraída com a tatuadora gente boa. Isso me animava consideravelmente. Aquela intimidade que fluía bem, aqueles momentos espontâneos de proximidade, tudo isso me fazia sorrir mais do que o normal. Ainda assim, sempre havia aqueles instantes de silêncio, em que só se ouvia o barulho do motorzinho e ninguém falava nada por minutos a fio.
 
E esses, sim, eram complicados.
 
Conforme a máquina percorria o corpo da Mia, pouco a pouco as flores iam se colorindo de tons amarelados, então a tatuadora limpava a sua pele e ia descendo pela sua costela. E eu me obrigava a sentar ali, perto dela, assistindo-a morder os lábios, milímetro por milímetro, ao passo que a agulha preenchia o contorno, franzindo a sobrancelha e se mexendo sutilmente; reposicionando o quadril para frente e para trás na cadeira; movendo a cintura, com metade do corpo descoberto bem na minha frente, assim que a máquina pausava. E a cada recomeço, os olhos da Mia apertavam. Já os meus não desviavam dela – observando-a esmagar a camiseta com suas mãos, afundando os dedos no tecido, para depois ir soltando o ar lentamente pela boca.
 
Pelo amor de Deus, me dava uma saudade desgraçada de beijá-la, não faz assim, mulher.
 
Eu a observava ininterruptamente, numa fissura tão absurda que logo começou a me dar calor. Uma quentura, sabe? Aquela febre interna filha-da-puta. E aí ficar parada naquela cadeira começou a se tornar uma tarefa realmente difícil. Bastava olhar para a Mia ali e a minha mente ia sendo tomada por todo tipo de pensamento sujo. E eu me torturava – já estava cozinhando debaixo daquela roupa toda e, ainda assim, não tirava os olhos dela.
 
Respirei fundo e arranquei o lenço do pescoço. A Mia continuava lá, maravilhosa, se concentrando na dor, com a tatuadora já na parte de baixo da sua costela. E toda a minha atenção continuava na sua pele. Merda. O calor não tinha ido embora. O jeito foi tirar a jaqueta também. Daqui a pouco eu fico pelada aqui, pensei e quis rir. Mas a intensidade daquele metro e pouco entre a Mia e eu, inebriadas pela porra daquele zunido da maquininha, não me permitiram. A única coisa que eu conseguia fazer era me inquietar naquela cadeira, morrendo de tanto tesão calor.
 
_Que aconteceu? – a Mia me olhou e perguntou, de repente.
_O quê? – reagi, assustada, imediatamente arrependida de toda a bandeira que eu estava dando ali – Como assim?
_Aí... – ela riu, me encarando.
_Onde?! – repeti, dando uma de desentendida.
_Na sua blusa – ela sinalizou rapidamente com os olhos e riu, de novo – Tá toda suja, meu.
 
Ah, isso.
 
_E-eu... derramei café, lá no trampo – respirei aliviada, puxando a minha camiseta com as mãos para ver melhor a mancha – Que merda, esqueci que isso tava aí...
_Tá bonito, hein...
_É. Faz parte do meu estilo funcionária-do-mês.
_Toma, veste essa! – a Mia jogou a blusa que estava na sua mão na minha direção – Eu trouxe um moletom largo para usar depois que terminar aqui.
_Mas cê não...?
_Não, pode usar – sorriu.
 
Então tá. Levantei, empurrando a cadeira levemente para trás, e tirei a camiseta num só movimento. Depois a dobrei, tomando o meu tempo para ficar só de top na frente da Mia, e abaixei para colocá-la junto da minha jaqueta e do lenço no chão. A tatuadora sequer olhou na minha direção. A Mia me encarava com os seus olhos castanhos e, por algum motivo, eu me senti vingada por toda a sessão de tortura que tinha aguentado até então. Puxei a sua blusa do meu ombro e comecei a vestir. O seu olhar parou numa palavra que eu tinha tatuada no canto da cintura, depois subiu até os meus braços descobertos.
 
_E aí? Ficou bom? – perguntei, ainda de pé, terminando de pôr sua camiseta.
 
E a Mia sorriu, deixando escapar uma malícia discreta com o canto da boca. Aí, sim.

12 comentários:

Marina disse...

FM tem seios fartos?
tem cara q não =/

Gica disse...

"malícia discreta com o canto da boca"....... ai meu deus.. AGUEM ME DESGRUDA DO TETOOOOO!!

Ainda bem que eu tô em cs, longe de "pessoas"........]
Melzita....... vou correr pra um estudio de tatto, vem comigo ajudar a escolher??
HUAHUAHUA

giulia disse...

D-E-L-I-C-I-A!

*_________________*

Rebecca Bittencourt disse...

Aí sim!!!!!!

carol disse...

mel,vc entende a cabeça das garotas de hoje!!! tatto é um TESÃO!!!!! amei!!post perfeito como sempre.

já disse...

uuuuh, oq será que vai acontecer depois? *-*

@giiturioni disse...

AÍ SIM HEIN? ASIUDHAIUSHDIHAS

Marina disse...

primeiro post... q orgulho =D
lembrando q a Mel namora huashuashuas

Anônimo disse...

Esse foi o primeiro post que me deixou um tantooo...EXCITADÍSSIMA!

Muito booom msm, parabéns!
Entro aqui todo dia no desespero, para ver se tem posts novos =]

Glaucia disse...

Entrei no desespero agora...

FM vamos ali fazer umas flores de cerejera???

Anônimo disse...

Aiii...Continua!
Pelo amor de deus!
heueheueuheueh

i... disse...

é a vida...