Por que
você me pergunta o que já sabe, garota? Não é óbvio?! Porra, faz meses. Meses!
Que tudo o que eu quero é você, cacete, meses que a minha cabeça e toda a porra
da minha vida giram em torno de você. E só você. Você e cada segundo que
consigo ao seu lado, você e os nossos beijos escondidos, você e essa merda
desse rolo. E agora você, v-você fica aí, me olhando como se não soubesse, como
se fosse novidade. Sério mesmo, Mia?! Você precisa que eu fale? Você vai mesmo me
fazer sentar aqui, olhar para a sua cara e dizer, de novo, o que você já percebeu?
Narcisos, não é? Narcisos, caralho.
_Sim – respondi, a contragosto, e a encarei de volta – Conheci.
Sentia o meu coração sair pela minha boca. Inferno. Eu
odiava ter que admitir meus sentimentos – ainda mais sóbria e vestida. Aí é
pior ainda. Tão na lata. Sentada assim na sua frente, inquieta, numa
cadeira dobrável dum restaurante sujo e apertado das redondezas da Augusta, com
o prato vazio e um resto de cerveja na minha frente, o cabelo bagunçado pelo
vento e a olhando ali, sem conseguir esconder o quão ridiculamente apaixonada por
ela eu estava. Para piorar, assim que aquelas duas palavras deixaram a minha
boca, os lábios da Mia se entreabriram, num impulso, como se fosse dizer algo,
mas imediatamente se conteve. Argh. Ficamos
em silêncio então, por alguns segundos, até que finalmente criei coragem:
_E você, conheceu?
Encarava o prato como se fugisse de mim.
_Não me faz pergunta difícil, meu... – murmurou.
Era como andar sobre cascas de ovos, o tempo todo – um movimento
em falso e eu podia colocar tudo a perder. Qualquer pergunta ou confissão mais sincera,
qualquer sentimento mais real, e ela podia escapar entre os meus dedos. Como
eu odeio isso. Me pegava, então, calculando cada palavra que dizia. Com
medo de arruinar o que quer que era aquilo que nós tínhamos. Me censurando. E
entre os nossos silêncios e incertezas e meias-palavras, cochichadas pelos
cantos, o meu amor por ela não encontrava passagem. Ficava preso dentro de mim,
irrealizado, latejando, arranhando as paredes do coração. Sempre abafado.
Impedido de sair, espremido num conta-gotas – e é, era exaustivo.
Inferno.
_Posso perguntar só uma coisa? – arrisquei, a observando.
A Mia subiu os olhos de novo e me encarou, hesitante. Aí deslizei
a minha mão sobre a mesa, encostando sutilmente a ponta dos meus dedos nos seus
– respirei fundo. Caralho. Tentava me lembrar da última vez em
que gostara assim de alguém e fracassava. Como eu queria poder te dizer a
verdade, o quanto te amo, garota.
_Por que v-você... – pausei, me sentindo uma tonta, ali – Por que você
foi no meu quarto aquele dia?
_Que dia?
_Que cê bateu na minha porta de madrugada... – respondi e os seus olhos tornaram a fugir para a mesa – ...a primeira vez que a gente se beijou.
_E-eu não...
Ela interrompeu a frase no meio, sem concluir.
_Você...? – retomei.
_E-eu, eu não sei...
_Não sabe?
_O que cê quer que eu responda, meu?! – se inquietou com a minha insistência.
_O que você achar que tem que responder, Mia...– continuei – Eu só queria entender o que tava se passando na sua cabeça.
_E-eu... eu... – a Mia abaixou o olhar, de novo, falando pausadamente enquanto encarava a sua mão ali, tocando um milímetro da minha – ...não sei, eu... e-eu não conseguia dormir... fiquei acordada na cama do lado do Fê s-sem... sem... – tirou a mão da mesa, de repente, e a esfregou no rosto – ...isso não é fácil.
Eu sei.
_E-eu... – suspirou, angustiada – ...sei lá, porra, eu só não
conseguia dormir, tá bom?!
_Tá. Mas por quê?!
_Porque não. Porque, sei lá, porque a g-gente... meio que discutiu e... e... – ela se irritou – ...e cê também passou o dia com a droga da Clara no... no apartamento e...
_...e?
_E nada, e-eu só... – cruzou os braços, se afundando na cadeira – ...não sei, porra.
_Mia...
_É que você... sabe, você é... é assim tão... – se frustrou – ...não sei, eu... e-eu, eu sempre meio que... q-que gostei de, de você... e...– ela encarava a mesa, se enrolando nas próprias palavras – ...e... e quer dizer, eu... eu nunca conheci uma menina que nem você... sabe... que me fizesse... s-sentir vontade de... não sei, você... você é tão segura de quem cê é e... e aí cê começou com essas coisas, essas brincadeiras... quando a gente ficava sozinha, sabe, e... e toda vez que eu ia lá, eu n-não via a hora de você... da gente... da gente ficar juntas... eu, e-eu gostava de ficar perto de você, eu não sei por quê, eu... e-eu só gostava. E aí veio a, a... a Clara... e eu... não sei... é só que... ver vocês juntas foi... estranho... eu... e-eu via como, como você era c-com ela... e... e... acho que... que foi quando eu percebi que eu me importava mais do que... do que eu achava... – respirou fundo, com o olhar consternado – ...aí quando a... a gente acabou discutindo lá na cozinha... não sei... e-eu fui dormir e tava... tava incomodada... não conseguia ficar ali... eu não... n-não conseguia tirar você da cabeça... e... e... e parecia que n-não, não tinha ar suficiente, sabe? No meu peito, eu... – podia ouvir a sua voz carregada – ...e-eu não conseguia dormir... não conseguia parar de... de pensar que... que cê tava no quarto do lado e... não sei... teve... teve uma hora que eu simplesmente levantei e... e sei lá, eu... e-eu não pensei direito na hora, eu só... eu... – suspirou – ...e-eu, eu sei que é meio idiota.
_Não é nem um pouco idiota – sorri para ela.
_Que dia?
_Que cê bateu na minha porta de madrugada... – respondi e os seus olhos tornaram a fugir para a mesa – ...a primeira vez que a gente se beijou.
_E-eu não...
_E-eu, eu não sei...
_Não sabe?
_O que cê quer que eu responda, meu?! – se inquietou com a minha insistência.
_O que você achar que tem que responder, Mia...– continuei – Eu só queria entender o que tava se passando na sua cabeça.
_E-eu... eu... – a Mia abaixou o olhar, de novo, falando pausadamente enquanto encarava a sua mão ali, tocando um milímetro da minha – ...não sei, eu... e-eu não conseguia dormir... fiquei acordada na cama do lado do Fê s-sem... sem... – tirou a mão da mesa, de repente, e a esfregou no rosto – ...isso não é fácil.
_Tá. Mas por quê?!
_Porque não. Porque, sei lá, porque a g-gente... meio que discutiu e... e... – ela se irritou – ...e cê também passou o dia com a droga da Clara no... no apartamento e...
_...e?
_E nada, e-eu só... – cruzou os braços, se afundando na cadeira – ...não sei, porra.
_Mia...
_É que você... sabe, você é... é assim tão... – se frustrou – ...não sei, eu... e-eu, eu sempre meio que... q-que gostei de, de você... e...– ela encarava a mesa, se enrolando nas próprias palavras – ...e... e quer dizer, eu... eu nunca conheci uma menina que nem você... sabe... que me fizesse... s-sentir vontade de... não sei, você... você é tão segura de quem cê é e... e aí cê começou com essas coisas, essas brincadeiras... quando a gente ficava sozinha, sabe, e... e toda vez que eu ia lá, eu n-não via a hora de você... da gente... da gente ficar juntas... eu, e-eu gostava de ficar perto de você, eu não sei por quê, eu... e-eu só gostava. E aí veio a, a... a Clara... e eu... não sei... é só que... ver vocês juntas foi... estranho... eu... e-eu via como, como você era c-com ela... e... e... acho que... que foi quando eu percebi que eu me importava mais do que... do que eu achava... – respirou fundo, com o olhar consternado – ...aí quando a... a gente acabou discutindo lá na cozinha... não sei... e-eu fui dormir e tava... tava incomodada... não conseguia ficar ali... eu não... n-não conseguia tirar você da cabeça... e... e... e parecia que n-não, não tinha ar suficiente, sabe? No meu peito, eu... – podia ouvir a sua voz carregada – ...e-eu não conseguia dormir... não conseguia parar de... de pensar que... que cê tava no quarto do lado e... não sei... teve... teve uma hora que eu simplesmente levantei e... e sei lá, eu... e-eu não pensei direito na hora, eu só... eu... – suspirou – ...e-eu, eu sei que é meio idiota.
_Não é nem um pouco idiota – sorri para ela.
26 comentários:
grande merda. a clara ¬¬'
aconteceu uma situação realmente parecida comigo, voce escreve muito bem, está de parabens adoro seu blog
esse início é sempre tão fenomenal. a gente se sente vivo de verdade, quando todos esses sentimentos transbordam da gente.
meeeel! *-* POR QUE?? PQ vc escreve tão bem??? ficou PERFEITOOOOOOOOOOOOOO! vi toda a cena na minha cabeça, as duas conversando, a mia se confessando... lINDO!!
eu ja tinha agarrado a Mia no meio de todo mundo, é u.u
quero o proximo post NOW!
ah nao, dá essa Mia pra mimmmmmmm <33 #quelinda
BEIJA! BEIJA! BEIJA!
ai cara, eu tô achando a mia um amorzinho .-.
AAAAAAAAAAAAAH, QUE LINDO! Finalmente uma conversa entre elas! Morri mil vezes e eu quero uma devassa pra mim pra sempre :(
Realmente a Mia está um amorzinho e liiiinda...
Mas tá na hora dela lutar um poukinho pela Devassa..
Tá na hora da Mia largar o Fê e o circo pegar fogo!
heuehueheuheueheheu
Acho que desde que comecei a ler fm esperei esse momento! Lindo, cara.
É, essa gagueira súbita, eu conheço bem. Conheço, também quando umas "Mias" por aí, entendem o recado de alguém dizendo que tá na hora de sair do armário e tudo mais.
POis é, tia Mel, voltou a escrever coisas que acontecem, exatamente iguais, na minha vida. Ai ai ai!
=*
afs cara, PORQUE VC ESCREVE TAAAO BEM ? e pq eu acho essa historia tao parecida com a minha porcaria de vida .-. pkosaopksokpopkapoksa
amo, amo, amo seu blog cara !
post novo agoora. rs
to chorando pelo fer. juro.
PUTA QUE PARIU................
Vá se foder Mel, alias vá escrever bem assim no inferno ( no Glória, no Vegas, aqui em casa, aonde você quiser, hehehe), meu, eu não só vi a cena todinha como eu senti TUDO o que a Mia sentia, \o/........
como eu disse, PURA QUE PARIU.
ps.:Alias, adorei o post novo do Oh Baby Coffee ;p
MUUUUUUUUUUITO BOM! Ai, acho que esse foi o post mais esperado de todos os tempos, hahah *-*
Nossaaa, eu... Me vi na cena! Sério! Adoro mesmo o jeito que você escreve.
Já me vi no lugar da Mia... Aiiin, posta mais! +_+
Adoreii!!!
Fuckin Mia salvando meu sabado \o/ hehehe uhuuuuuuuu
Tá de parabéns como sempre Mel!
=********
Aaaaahhhh meu Deus, me emocionei com o diálogo elas, a Mia tá cute d+, a FM completamente tomada pelo amor e tudo sempre tão real... Dna. Melissa como sempre mandaste mto bem, texto hipnotizante e viciante, esperamos por isso há meses e ficou tão, tão, tão lindo e romântico ;*
meu, eu me desliguei por algum momento, não entendi o post ou faltou alguma coisa? a Mia - linda, delícia, fofa - perguntou pra FM - safada, delícia, fofa - se ela encontrara a pessoa. a FM disse que "Sim". aí, de repente, a Mia fala pra ela "não fazer pergunta difícil". não entendi =( tou me sentindo boba...
mas todo o restante do post eu entendi muito e muito bem. foi tão lindoooooooooooo! vamos fazer um filme do Fucking Mia! =D
"parecia que não tinha ar suficiente..." ounn
que coisa mais linda!
ela tá se soltandooo
(:
Deeea... Antes da Mia dizer isso, a protagonista falou: "aí tomei coragem e lhe devolvi a questão". Ou seja, ela perguntou a mesma coisa para a Mia e entããão a Mia respondeu que não queria perguntas difíceis hahaha
Awnn, obrigada pelos comentários LINDOS nesse post, meninas! ♥
Claaaaaaaaaara T1t1t1
Tãão bom quando vc ta atrasada aqui e ai tem uma pah de posts e meu ainda falam da clara T1T1
Mia nunca te entendi TANTO baby çç' TeamMia *-*
E querida 1ª Anônima, com uma merda dessa eu nao saia da casa do pedrinho =)
ain ahuah Clara *-* #VoltaClara !!!
Caralho! Essa história é phodástica.
Uma pergunta: teve o post sobre o 1º beijo delas? Não lembro de ter lido algo que a Mia foi no quarto dela e tals. Se alguém puder me dizer em qual post está, agradeceria.
P.S: li de madrugada caindo de sono, talvez por isso tenha perdido essa parte, sei lá.
Teve, sim!! :)
O post é o "4 a.m.", está nos arquivos de janeiro!! E o segundo beijo vem na série da Festa... dá uma olhadinha!
Obrigaaada pelos elogios (L)
Um beijo!
;*
the girls fucking Mia
Obrigada! =D
Vou dar uma olhada. O sono me sabotou e perdi essa parte.
E continua a história, é demais! Só soube pq deixaram o link no blog da Morango e sinceramente, vale mesmo a pena ler. Mas desde que esteja realmente acordada p/ não perder nada claro. =p
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