A
Consolação estava absolutamente parada. Nenhum automóvel andava e o Fer começou
a ficar nervoso com aquele trânsito improvável num domingo à noite. Aí repetiu
mil vezes, paranoico, que devia ter uma droga de uma blitz imaginária mais para
frente ali na Av. Dr. Arnaldo e que ele ia, porque ia, perder a carteira. “Dá
pra você relaxar, porra?!”, eu me irritava com ele, bêbada, e nós dois
discutíamos amigavelmente, num tom mais alto do que o rádio barulhento
do carro.
Aí tentamos ir por dentro para fugir do trânsito e acabamos nos perdendo. Merda.
Quando finalmente notei que estávamos perto, guiei o Fer pelos últimos quarteirões,
tentando fazer o melhor que podia com a minha memória de pedestre. Após duas ou
três viravoltas, meio-perdidos, enfim acertamos a droga da rua. Desci do carro
e o Fer me desejou boa sorte com a Marina. Não
posso te desejar o mesmo, encarei-o com a porta ainda nas mãos e certo peso
no coração, em pé do lado de fora.
No fundo,
eu não queria que a Mia visse o Fer – não queria que ficasse tudo bem, não
queria que ela desse bola para o seu ato bêbado de ir lá acertar as contas com
ela. Não queria e me sentia um lixo por isso. Sou a pior amiga do mundo, pensei e revirei os olhos, conforme
batia a porta do carro, com raiva de mim mesma. Me virei e joguei a bituca do
cigarro no asfalto, caminhando até a porta do prédio onde ficava a redação na
qual a Marina trabalhava.
Salas de espera de prédio são sempre desconfortáveis – seja por culpa das
cadeiras ou do silêncio irritante que as habita. E lá estava eu, sozinha,
sentada há mais de vinte minutos numa. Me tornando progressivamente impaciente.
Domingos eram um inferno em São Paulo, aquele “nada” todo e aquela calmaria que
contaminavam os muros pichados e as paredes de concreto não combinavam em porra
nenhuma com a cidade. Ah, que se foda,
tirei o maço do bolso e acendi um cigarro, já inquieta, encarando
propositalmente o aviso de não fumar estampado na parede daquela recepção vazia
aporrinhadora do caralho.
E claro, logo no minuto seguinte a Marina saiu do elevador. Fez a cara mais
feia do mundo para mim ao me ver ali, desrespeitando a ordem pública, e eu apaguei
o cigarro imediatamente nas pedrinhas de um vaso ao meu lado. Com toda a boa intenção
do mundo, juro – mas tudo que conquistei foi mais um olhar reprovador à
distância. A Marina parecia melhor, mais calma, mas a sua expressão escondia um
cansaço angustiado por trás daqueles óculos pretinhos dela. Te conheço, garota, observei ela vir na
minha direção.
_Ei, como você tá? – perguntei baixinho no seu ouvido, conforme a abraçava e
ela me segurava de volta, demoradamente.
Não disse nada. Por segundos a fio só nos abraçamos, apertadas, de um jeito
reconfortante mesmo para mim – que não tinha nada além da possibilidade de um entendimento
entre o Fer e a garota que eu amava para ser reconfortado. Mas né. Nos
seguramos ali até ela se soltar de mim e murmurar um “vamos pra casa”, já pegando
as chaves numa sacola de pano, naquele piloto automático emocional pós-horas de
choro dela. A Marina sempre foi muito sensata, muito racional, e eu sabia que
ela não devia estar muito satisfeita consigo mesma por ter desmoronado ao
telefone.
Algumas
garotas fazem isso com a gente e tudo bem, eu queria lhe dizer. Mas só segurei
a sua mão e ela me olhou, por instante, abalada.
_É um
saco, né?! – suspirou.
_Sempre é – respondi – Mas sempre passa também, Má.
Ela
abaixou a cabeça, sem querer demonstrar o quão triste realmente estava. Aquele
era o seu jeito. Fomos o caminho todo até a sua casa em silêncio. Nada. Ela
não queria falar. Chegando no apartamento, jogou a bolsa no sofá e foi até a
cozinha “preparar um chá”. Perguntou se eu queria e disse que não, então ela se
dirigiu para lá, como se para ficar sozinha por uns minutos. Voltou pouco
depois. O cômodo permanecia em perfeito silêncio.
Sentou-se
ao meu lado, afundando-se contra o encosto e segurando a caneca cheia com ambas
as mãos. Respirou fundo. Ainda quieta, deixou o olhar e o pensamento irem
longe, encarando a fumaça que saía do chá, sem dizer nada. Coloquei os pés apoiados contra a sua
mesinha de centro, afundando-me também ao seu lado. E assim ficamos por uns
bons minutos. De tempos em tempos, a Marina levantava a caneca lentamente até a
sua boca, a assoprava e dava um gole. E eu observava-a se mover, ali, sem
vontade alguma de existir. Aquilo me partia o coração.
Os seus
olhos se enchiam de lágrimas, silenciosamente. Voltou a caneca sobre as pernas e
então deslizei a minha mão até a sua, entrelaçando os meus dedos nos seus. Que
merda, né.
24 comentários:
Putz... sempre passa. Mas dói =[
Ai gente, que vontade de dar colo pra Marina o.o
Ainda pouco eu disse no Twitter:
Ainda bem que bons amigos são a melhor coisa do mundo!
Criss Hush
Nhaa, espero q a FM se controle e mantenha seus pensamentos na mia e longe da marina, nessa noite ela nao pode ser nada mais do q um ombro amigo pra ela
*abraça marina*
Bjs mel:*
Ps: ca estou eu fazendo loucuras via blackberry de novo haha
Coitada da Marina
Mas cadê a Miaaaa ? :'(
Blog FAN-TÁS-TI-CO ! Parabéns :)
Acho linda também a amizade FM e Marina. Mais linda que a com o Fer, claro. Mas não acho que seja só amizade... Tem coisa que parece que nunca acaba de verdade, vai entender.
Mas acho que ela tem que se comportar, a FM. A Mia tá quietinha, eu espero, e a Marina já tá perturbada demais.
Quero mais!!
É tão bonitinho como ela se importa com a Marina, como mesmo sem palavra nenhuma elas com certeza sabem o que a outra ta pensando. A amizade delas é demais.
Saudades da Mia já hahah
Pots ótimos pra variar, adoro essa riqueza de detalhes! Beijos
Putz... sempre passa. Mas dói =[ +1
Eu não acho que a FM tem que se comportar coisa nenhuma. Acho que ela tem que ficar com a Marina e ver que ainda mexe com ela. AAAAAAAAAAH, sei lá. AUSDHIAUSDHAS. Sinto que ainda vai ter muita história dessas duas pra contar.
Amigo que é amigo não precisa dizer nada, ficar falando palavras de consolo e etc. A presença é o mais importante.
E a Devassa sempre infringindo as regulamentações de não fumar... Adoro! hahahaha
Pra que falar?
muitas vezes precisei só da presença de pessoas que amo pra me sentir melhor, me sentir segura.. *-*
Quero mais Mel poxinha ><, muito saudade da Mia nesses posts, muita saudade, ela tá doente é? vai ter que esplicar isso *rum
Queria muito que essa história fosse real! Queria vê (fisicamente) a marina nessas horas..
apesar de encontrar tantas outras por ai no dia-a-dia =D
Mel, quer me matar nessa espera looooooooonga?! :( Mas foi bom acordar cedo e, como rotina, vir aqui conferir e encontrar mais alguns posts! *-*
E que liiiiiiindo... >< adoro a Marina, e está me partindo o coração 'ver' ela assim, poxa :/ E a FM pelo menos dessa vez, tem que esquecer a Mia... Por uma noite! u.u
Como sempre, está maravilhoso o seu blog!
Fiquei o FDS sem net e hj venho aqui e o Blog já fez 1ano??!!
Parabéns.. suuperr Atrasado!! ^^
Voltando ao post.. Coitadinhaaa da Marinaaa!! Ainda bem que ela tem a FM pra consola-la.. =D
Eu só espero que a Devassa não ultrapasse o limite, Pq neh.. huahauhauh
P.S.: CadÊ a Mia Gostosa??!! *__*
quero que a FM pegue a Marina, só uma vezzzz, vai Mel :(
To chorando com esse "sempre passa". Não aguente. =~
Putz... sempre passa. Mas dói =[ +1
ai mel, essa semana inteira sem posts foi tipo desesperadora D: hahaha
mas by the way, parabéns pelo 1 aninho e que venham muitos ainda *-*
e eu posso ir junto com a FM bater na ex da marina? posso né? oba :D hahaha
beijo
Tá bom que a Marina é a maior gracinha mais Putz kd a Mia ...É tão tão aiii a FM e a Mia juntinhas tó c/ saudades.
Putz... sempre passa. Mas dói =[ +2
Own, espero que a Marina fique bem logo logo e que a FM a ajude de verdade, seja como for que ela vá fazer isso. hahahah
Blog lindo ♥
P.S. Sinto falta da Mia também. :(
FM linda né, nhaw. Eu aposto que elas vão se pegar. E isso seria bom. Eu acho, hm. AUHAUAHUUAH
meu... é foda isso neh??
eu me sinto mal sempre, quando eu sou a consoladora e quando eu sou a consolada...
tsc tsc
Psss todas contra a Bia? Então terei que defender a pobre, se ate os nardoni’s e o Bruno tiveram direito a defesa pq a Bia não teria?
Ou,super concordo com ela,o único erro dela foi terminar por MSN,mas vai? Por mais bizarro e insensível que isso pareça,já é uma coisa normal nessa era virtual,terminar por MSN,e-mail ate sms rs
Ta todo mundo vendo pelo lado da marina sofredora e Devassa “A” super amiga mimimi,mas ninguém ta vendo pelo lado da bia,poxa,marina seeeeeempre corria quando a amiga e EX namoradinha chamava.Vai?quem não teria ciúmes?E nem adianta falar que da ultima vez ela negou ir ao encontro da Devassa,pq uma recusa não justifica centenas de idas,e outra,a questão em si não é nem a devassa,é a disponibilidade da Marina pra atender a ex,mesmo que sejam só amigas agora,ainda assim. E tipo,ta nos sabíamos que não rola nada,mas ela não sabe,que nem a mia que ficou levemente enciumada,e a bia não sabia que ela a pediria em namoro e blabla, só digo que, Bia to com vc *-* se a Devassa te bater eu te levo pra dar DP humpf u_u
#TeamBia
#TeamMia
#TeamClara #VoltaClara
IPC: eu sei que escrevo muito,nao consigo eitar =[ damn!
esse é o momento em que eu falo o que não pode acontecer: a Marina não vai perceber que gosta mesmo da FM e elas não vão se pegar. entendido o recado? better now. qualquer dia eu te ligo sem querer de novo, mas espero ouvir uma voz mais saudável, tá?
beijinhos =*
uui
a marina é a minha favorita!
mas é MINHA! ahahhaha
a FM pode ficar com a mia.
Concordo com a Rayssa! Cara, a Bia não tava afim, pô! ;P
cadeiras são boas, o silencio e a espera q fazem das salas desconfortáveis ;D
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